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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA
INSTITUTO SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO
A Penetração do Gás Natural nos
Transportes Rodoviários
Isabel Maria Louçào
Dissertação de Mestrado em Economia e Política da Energia e Ambiente
Lisboa
1994
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Prof. Doutor Álvaro Martins (Instituto Superior de Economia e Gestão)
pela orientação e atenção dispensada durante a realização deste trabalho.
Agradeço, ainda, a colaboração prestada pela Eng* Marlene Marques, do CEEETA e do
Eng0 Jorge Nabais, da CARRIS.
Finalmente, um bem haja a todos os que, com a sua ajuda, amizade e compreensão, me
permitiram realizar este trabalho.
ÍNDICE
1 Introdução
2. Economia do gás natural
2.1 Introdução
2.2 Propriedades do gás natural
2.3 Reservas de gás natural
2.4 Cadeia de energia do combustível gás natural
2.6 Processamento do gás natural
2.7 Armazenamento do gás natural
2.8 Transporte e distribuição de gás natural
2.9 Vantagens da utilização do gás natural
2.10 Mercado do gás natural
1
3
3
3
8
13
15
17
17
19
19
3. Economia dos transportes
3.1 Introdução
3.2 Transportes de mercadorias
3.3 Transporte de passageiros
3.4 Transportes urbanos
3.5 A Política Europeia dos Transportes
3.6 Caracterização do mercado mundial de veículos a gás natural
3.7 Estudos de avaliação económica de NGV
3.8. Algumas experiências internacionais de utilização de NGV
4. Combustíveis alternativos
4.1 GNC (Gás Natural Comprimido)
4.2. GNL (Gás Natural Liquefeito)
4.3 Metanol
4.4 Etanol
4.5. GPL (Gases de Petróleo Liquefeitos)
4.6. Hidrogénio
4.7 Biogás
4.8 Óleo Vegetal
4.9 Gasolinas e gasóleos sintéticos produzidos a partir do gás natural
4.10 Comparação de combustíveis alternativos
22
22
22
23
24
29
31
36
44
53
53
63
64
67
68
71
73
77
77
79
5. Impacte ambiental no sector dos transportes
5.1 Introdução
5.2 Medidas de luta contra a poluição causada pelos transportes rodoviários
5.3 Impacte ambiental de uma transição dos combustíveis actuais para o gás
natural
85
85
86
6. A situação dos transportes rodoviários em Portugal
6.1 Introdução
6.2 Consumo de energia dos transportes rodoviários
6.3 Medidas de incentivo à utilização racional de energia
6.4 Insuficiência de informação
102
102
102
107
109
7. Avaliação económica aplicada a Portugal
7.1 Introdução
7.2 Metodologia utilizada
110
110
111
8. Análise dos Resultados
8.1 Introdução
8.2 Veículo Ligeiro de Passageiros
8.3 Veículo Pesado de Passageiros
116
116
116
119
9. Conclusões
Anexos
122
88
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1 Introdução
Nos últimos anos o número de veículos em circulação tem aumentado. Mas, se
por um lado o aumento de veículos ajuda a melhorar o bem estar e encurta as
distâncias, estimulando as trocas comerciais e culturais, por outro lado ele gera um
grande consumo de energia na forma de combustíveis, particularmente gasolina e
gasóleo.
Em larga medida, este sector é também responsável pelo problema da poluição
atmosférica urbana. O contínuo aumento global do consumo de energia, especialmente
de combustíveis, tem avivado a preocupação pública e governamental sobre a
degradação ambiental. Laboratórios em todo o mundo estão envolvidos na
investigação de soluções para inverter o avanço da poluição devida, entre outras
razões, ao tráfego público e privado.
Num esforço para chegar a alternativas para os combustíveis derivados do
petróleo, outros combustíveis estão a ser estudados em muitos países; gás natural,
metanol, etanol, biogás, gasolinas e gasóleos sintéticos, hidrogénio, etc. Contudo, em
muitos casos existem dificuldades económicas, técnicas e ambientais em usar esses
combustíveis nos transportes.
O metano constitui um dos combustíveis alternativos mais atractivo para o
sector dos transportes devido à sua grande disponibilidade no mundo, à sua parcial
capacidade de renovação (biogás), às boas "performances" de motor e a vantagens em
termos ambientais. Apesar de ter sido usado durante muitos anos em alguns países,
está-se agora a reconsiderar de novo este combustível. A difusão dos veículos a gás
natural tem aumentado, em certos países, devido a razões estratégicas, económicas e
ecológicas.
Para além das grandes reservas provadas e recursos de gás natural
potencialmente enormes, o longo prazo mantém a promessa de produção de gás a
partir de combustíveis fósseis tais como carvão, areias asfálticas, xistos betuminosos e
a partir de resíduos orgânicos, podendo dizer-se que o NGV1 (veículo a gás natural)
usa o combustível do futuro.
Os factores económicos permanecem dominantes em muitos países mas os
ganhos nesta área não se limitam, como se referiu, aos económicos, existindo potencial
para grandes melhorias nas emissões de poluentes. De facto, não há dúvidas quanto ao
valor dos NGV na melhoria do ambiente local, particularmente quando usado em
frotas de veículos de transporte público. Uma actividade intensa cerca o uso do gás
natural como combustível, envolvendo sectores industriais, tais como as indústrias de
gás e
automóveis.
i NGV-Naiural Gas Vehicle (IEA. 1992).
1
Décadas de experiência no uso de gás natural como combustível têm trazido a
tecnologia relacionada para um nível de grande confiança em termos de segurança
fornecendo, ao mesmo tempo, um nível de resultados satisfatório.
Os níveis de segurança têm mostrado serem suficientemente bons para o gás
natural ser sugerido por muitos especialistas como um combustível potencial até para
barcos e aviões.
O estudo trata dos transportes rodoviários de passageiros, em especial, por se
tratar de uma das principais componentes do sector dos transportes.
O objectivo deste trabalho é o de estudar as alternativas ao gasóleo e gasolina
como com"' istível de transporte rodoviário, em Portugal, com especial destaque para
o combustível gás natural, procurando estimar as suas consequências económicas e
ambientais.
No capítulo 2 é feita uma apresentação do gás natural em termos económicos,
evidenciando os aspectos ligados à oferta, procura e mercado. São referidas as
características principais do combustível e o percurso desde a sua extracção até ao
mercado.
No capítulo 3, são tratadas as características da economia dos transportes,
salientando os principais problemas do transporte urbano e as possíveis medidas para
os solucionar. É efectuada também uma caracterização do mercado dos veículos a gás
natural e de alguns estudos realizados sobre a viabilidade económica do uso de gás
natural como combustível. Por fim é feita uma descrição de algumas experiências
internacionais da utilização de gás natural como combustível.
No capítulo 4 é feita uma identificação dos vários combustíveis alternativos à
gasolina e ao gasóleo, sublinhando os obstáculos ao seu uso, as suas vantagens e as
suas desvantagens.
No capítulo 5 é apresentada a situação dos transportes rodoviários em
Portugal, referindo os seus principais problemas e as soluções propostas para os
solucionar.
No capítulo 6 é abordado o impacte ambiental provocado pelos transportes
rodoviários, em geral, e o impacte decorrente da transição para o gás natural como
combustível, em particular.
No capítulo 7 dá-se início a um estudo de viabilidade económica da utilização
de gás natural comprimido, em Portugal, num veículo ligeiro de passageiros e num
veículo pesado de passageiros, apresentando a respectiva metodologia e pressupostos.
No capítulo 8 são apresentados e discutidos os resultados obtidos a partir no
estudo apresentado no capítulo anterior.
Finalmente, no capítulo 9 são apresentadas as conclusões gerais de todo o
trabalho.
2
2. ECONOMIA DO GÁS NATURAL
2.1 Introdução
O gás natural é uma fonte de energia que disfruta de um forte crescimento,
satisfazendo uma significativa parte das necessidades mundiais de energia e com bom
potencial para uma maior expansão no futuro. Os principais factores que têm
contribuido para este sucesso podem ser resumidos de acordo com as seguintes ideias:
disponibilidade, versatilidade de uso e compatibilidade ambiental (BRANDA, 1992).
2.2 Propriedades do gás natural
O gás natural é encontrado no subsolo onde foi formado há milhões de anos
como matéria orgânica. A grande pressão da rocha combinada com o calor da terra,
converteu a matéria em combustíveis fósseis, incluindo carvão, petróleo e gás natural
(EQUITABLE GAS, 1994).
Este último é uma mistura de vários gases, sendo o seu principal constituinte o
metano (CH4), que representa tipicamente entre 85 % e 95 % do volume total. Os
outros componentes incluem hidrocarbonetos mais pesados tais como etano (C2H5),
propano (C3H8) e butano (C4H10) e alguns gases inertes, tais como o azoto (N2) e o
dióxido de carbono (CO2). A composição exacta varia largamente numa escala
internacional, podendo variar até de poço para poço no mesmo campo (IEA,1992).
QUADRO 2.1 Variações na composição e Características
do Gás Natural - Canadá e fontes Europeias seleccionadas
ALEMANHA
DINAMARCA
NORUEGA
COMPONENTE
CANADA
(MAR)
VOL. %
88.7
95.4
91.6
91.1
Metano (CH4)
4.7
3.6
5.3
Etano (C2H6)
0.2
0.4
0.2
1.6
Propano (C3H8)
2.4
1.4
0.5
Butano (C4H10) + HCs
mais pesados
2.4
0.6
0.4
0.5
Dióxido de Carbono (C02)
0.6
1.1
1.9
0.6
Azoto (N2)
2.6
1.3
1.9
Outros
42
41
43
Poder calorífico superior
■
(PCS) MI/m3
37
37
39
38
Poder calorífico inferior
ÍPCI) MJ/m3
0.62
0.62
0.63
Densidade
Fonte: IEA, 1992
EX-URSS
98.9
0.2
0.0
0.0
0.0
0.9
37
44
0.56
Os fornecedores de gás dos Estados Unidos da América definiram um sistema
de classificação do gás natural de acordo com o critério que se apresenta no quadro
seguinte.
3
QUADRO 2.2 - Classificação do Gás Natural
(Estados Unidos da América)
Gravidade
Metano
Azoto
Grupo
%
específica
%
6.3-16.2
0.66-0.708
71.9-83.2
I- Inerte elevado
0.59-0.614
87.6-95.7
II - Metano
0.1-7.39
elevado
1.2-7.5
0.62-0.719
85.0-90.1
III - Btu elevado
Fonte: IEA, 1992.
GJ/m3
32-35
34-36
36-38
As propriedades do gás com interesse do ponto de vista do combustível de
veículo incluem:
- Conteúdo energético ou Poder Calorífico;
- Teor de humidade;
- Teor de enxofre;
- Gravidade específica ^
- Rácio de mistura estequiométrica^ .
Quaisquer variações nestas propriedades serão originadas pelo equilíbrio dos
vários gases individuais que ocorrem na amostra de gás natural. É desejável que os
hidrocarbonetos mais pesados sejam mínimos num gás combustível de veículo. O seu
conteúdo energético por unidade de volume é maior que o metano, o que à primeira
vista poderia parecer uma vantagem, mas na prática fazem baixar o rácio de octanas
do gás combustível, conduzindo à detonação do motor. Também se condensam a
temperaturas mais elevadas, o que pode conduzir a bloqueamentos nos equipamentos
de fornecimento de gás e de medição, particularmente válvulas de redução de pressão.
A Associação Internacional para Veículos a Gás Natural (IANGV) sugeriu um
limite de 8 % para o conteúdo total de fracções de etano, butano e propano
(IEA, 1992).
Existem importantes problemas em definir uma composição padrão do gás
natural e em assumir a sua disponibilidade em todo o mundo. O quadro seguinte
representa a composição de gás natural recomendada pela "Natural Gas Vehicles
Coalition" (Estados Unidos da América), para o teste certificado de emissão.
- A gravidade específica expressa a densidade do gás em relação ao ar (IANGV, 1990).
É a relação ar/gás ideal para uma combustão completa.
4
QUADRO 2.3 • Composição de gás natural recomendada
pelaMNGV Coalition"(Estados Unidos da América)
Metano
88 % + 0.5 % (*)
Etano
8 % + 0.3 %
4 % + 0.2 %
C3 + HCs mais
complexos
0.5 % max.
C5 + HCs mais
complexos
Total de HC não saturado
0.5 % max.
Hidrogénio
0.1 % max.
0.1 % max.
Monóxido de Carbono
(*) Expresso como percentagem do total de
carbono orgânico presente.
Fonte: BASSI, 1993.
Os níveis de água e enxofre influenciam fortemente a corrosão dos cilindros de
armazenamento, válvulas e misturadores. A IANGV considera que um dos obstáculos
à obtenção de padronização internacional dos cilindros de armazenamento de gás
natural é a falta de uma correspondente especificação de um gás padrão.
É muito difícil ou inviável obter disponibilidade de uma composição padrão de
gás natural. Talvez a solução possa ser encontrada mais facilmente na sofisticada
gestão electrónica do motor, que pode ter em consideração a diferente composição do
gás injectado dentro do motor e consequentemente ajustar os parâmetros de regulação,
devendo o gás natural ser considerado um combustível flexível. No entanto, poderão
ser feitos importantes esforços de I&D neste campo pelos fabricantes de motores.
O gás natural tem uma elevada temperatura de ignição, mais elevada que a
gasolina, o que pode ser considerado um aspecto positivo como característica de
resistência à detonação para a eficiência total do motor, mas pode também ser
considerado como inconveniente, porque é muito difícil inflamar a mistura ar/metano
(BASSI,1993).
As propriedades da gasolina e do gasóleo permanecem geralmente dentro de
uma estreita variação, mas podem existir variações bastante grandes na composição e
conteúdo energético do gás natural e biogás.
QUADRO 2.4 - Conteúdo energético dos combustíveis
Poder Calorífico
Densidade
Poder Calorífico
Combustível
Superior (PCS)
Inferior (PCD
Gasolina
Gasóleo
Gás natural
Fonte: IEA, 1992.
MJ/L
7.3
36
MJ/m3
36
MJ/Kg
45
43
MJ/Kp
44
MJ/L
44
43
MJ/m3
40
MJ/Kp
60
51
MJ/Kp
47
Kp/L
0.73
0 84
Kp/m3
0 75
Está estabelecido em muitos contextos usar o megajoule (MJ) como a unidade
de conteúdo energético para combustíveis. Tem-se tornado prático usar o kilowatthora (kwh). A taxa de conversão entre estas duas unidades é 3.6 MJ por kwh
(ECCOTRAFIC AB, 1992).
5
Com base nos poderes caloríficos inferiores, 1 Kg de gás natural é equivalente
a cerca de 1.33 L de gasolina ou 1.22 L de gasóleo e 1 m3 de gás natural é equivalente
a cerca de 1.10 L de gasolina ou 1.00 L de gasóleo.
No quadro seguinte são apresentados o poder calorífico inferior (PCI), o
volume de ar necessário para combustão estequiométrica, o conteúdo energético da
mistura resultante para gases constituintes individuais e uma mistura típica de gás
natural.
QUADRO 2.5 - Propriedades de Combustão dos Gases
Poder calorífico Necessidade de ar
Gás Combustível
Conteúdo Energia
inferior
m3 ar/ m3 gás
(esteq.)
MJ/m3
MJ/m3
Metano
9,671
35.88
3.362
3.564
Etano
64,35
17.056
Propano
3.634
93.21
24 625
Gás Natural
8.527
31.68
3.325
Biopás
21.53
5.803
3.165
Hidrogénio
10.78
2.410
3.161
Monóxido de Carbono
12 63
2,413
3.701
Fonte: IEA, 1992
Em geral, os motores de combustão interna têm uma tolerância
supreendentemente elevada a variações nos componentes do gás natural. Se for
considerada uma mistura estequiométrica de ar e gás, verifica-se que o conteúdo de
energia específica para uma gama muito variada de gases altera-se apenas em
pequenas quantidades (IANGV, 1990).
Enquanto que os valores de PCI para os principais constituintes do gás natural
diferem largamente, os conteúdos energéticos das suas respectivas misturas
estequiométricas assumem valores muito próximos. Isto significa que a composição
do gás combustível pode variar bastante, mas o conteúdo energético da mistura
estequiométrica varia pouco. O biogás contém 40 % de CO2 e o conteúdo energético
estequiométrico da mistura biogás/ar está apenas 5.7 % abaixo de uma mistura típica
gás natural/ar (DBA, 1992).
Para uma dada velocidade fixa do motor e eficiência volumétrica, a potência
actual produzida dependerá de diversas propriedades físicas, da combustão e dos
respectivos produtos de combustão (IANGV, 1990).
A potência do motor depende do volume da mistura gás/ar que pode ser
consumida por unidade de tempo. Deste modo, para fins de "design" de motor as
propriedades da mistura gás/ar são mais importantes que as propriedades do gás,
sendo a força do motor menos influenciada pela composição do gás combustível
usado do que se poderia supor. No entanto, poder-se-á esperar uma alteração na
"performance", se o sistema de controle de combustível do motor não incorporar
alguma forma de compensar as variações na composição do gás.
Várias companhias de gás natural mantêm o conteúdo energético do seu gás
dentro de limites específicos de acordo com o conceito de índice de Wobbe, para
6
assegurar que não hajam variações incontroladas no funcionamento de equipamento a
partir da sua oferta de gás.
O índice de Wobbe é um indicador da energia química disponível na mistura
ar/gás para um processo de combustão, baseando-se em três quantidades
fundamentais:
- Poder calorífico inferior do gás combustível (PCIg);
- Densidade do gás combustível (Dg);
- Densidade do ar (Da).
O índice de Wobbe é definido por:
Wo = (PCIg) x (Da/Dg)0.5,
à pressão de 101.325 KPa e temperatura de 275.15
0
K.
QUADRO 2.6 - índice de Wobbe
para constituintes do Gás Natural
índice de Wobbe
Gás Combustível
baseado no Poder
Calorífico Inferior
MJ/m3
48.17
Metano
62.86
Etano
74.75
Propano
39.47
Gás Natural
Biogás
22.19
Hidrogénio
40.89
12.84
Monóxido de
Carbono
Fonte: IEA, 1992.
A resistência à detonação de combustíveis gasosos é classificada em termos de
número de metano (MN). Ao metano, que é altamente resistente à detonação é dado
um rácio de 100, sendo atribuído ao hidrogénio um MN de zero.
O MN de qualquer combustível gasoso pode ser determinado abastecendo com
ele um motor sob condições controladas e aumentando o rácio de compressão até que
a detonação ocorra (IANGV,1990).
QUADRO 2.7 - Número de Metano
de alguns gases combustíveis
MN
Gás Combustível
100
Metano
0
Hidrogénio
44
Etano
32
Propano
8
Butano
62
Monóxido de Carbono
140
Biogás (40 Vc de C02)
25
GPL (40 Vr dc Butano)
89
Gás Natural (Gnoningen)
Fonte: IANGV,1990.
7
2.3 Reservas de gás natural
Desconhece-se a quantidade exacta de gás natural existente na terra. Os
geólogos e cientistas desenvolvem projecções baseadas no seu conhecimento das
formações geológicas que contêm este combustível fóssil. Alguns cientistas
consideram que a quantidade de gás natural que ainda não foi descoberta pode ser dez
vezes maior do que a que já foi encontrada (EQUITABLE GAS, 1994).
As reservas mundiais de gás natural são vastas e bastante suficientes para
satisfazer qualquer crescimento previsível no uso de veículos durante os próximos 25
anos (IEA,1992).
As estimativas correntes das reservas provadas mundiais, em cerca de 132000
biliões de metros cúbicos, são similares em termos energéticos às do petróleo, que são
de cerca de 135000 toneladas (BRANDA, 1992).
As reservas mundiais provadas totais não são muito diferentes, mas o ritmo de
consumo do petróleo é correntemente cerca de 80 % superior ao do gás.
QUADRO 2.8 - Reserva^ Globais de Energia
Petróleo Gás Natural
Reservas provadas mundiais
137,251
107,471
1,707
Consumo anual corrente
3,097
(Mtep")
(reservas provadas)
44 anos
60 anos
* Mtep= milhões de toneladas equivalentes de petróleo
Fonte: HEATON, D.; VAN DER WEITE, J. , 1993.
A dispersão geopolítica das reservas de gás é mais equilibrada que para as de
petróleo. De facto, um aspecto fortemente influente é o facto da distribuição mundial
das reservas de gás natural ser mais diversa, o que conduz a mercados mais estáveis,
factor de importância estratégica para os principais países utilizadores de energia.
As previsões mostram que teremos de deixar o uso de petróleo como fonte de
energia primária num período de cerca de 30 a 40 anos e o gás natural tomar-se-á
dominante por algum tempo (HEATON, D.; VAN DER WEITE, J., 1993).
8
lVávcis
rv-aofe"0
Procura Total
: eTra^ortC
-proeur^ d
Gas
Petróleo
1940
1960
1980
2000
2020
2040
natural
2060
2080
2100
A ^
A-.<
Figura 2.1. Recursos mundiais de energia previstos e procura.
Fonte: HEATON, D.; VAN DER WEITE, J. 1993.
No presente, são consumidos um total de cerca de 2000 biliões de metros
cúbicos/ano de gás natural. A este ritmo de crescimento existe uma oferta suficiente
para 60/65 anos: exactamente o tempo que os cientistas estimam ser necessário para
desenvolver completamente a tecnologia da fusão nuclear.
Porém, com os novos sistemas de prospecção a maiores profundidades, no mar
e em novas áreas de exploração, mais reservas serão provavelmente descobertas num
futuro próximo. O período de disponibilidade deste precioso combustível será, assim,
maior que o presentemente estimado.
O gás natural é encontrado em muitas das regiões do mundo que contêm
depósitos de petróleo bruto, xistos betuminosos, areias asfálticas ou carvão. A oferta
mundial de gás natural pode ser dividida em três categorias, de acordo com o tipo de
depósito em que é encontrado.
1) O gás não associado é aquele que é encontrado em depósitos que não
contém petróleo bruto, podendo ser deixado no solo até que seja necessário para a
produção de combustível. É também a matéria-pnma preferida para transferência por
gasoduto.
2^ O gás associado é aquele que é encontrado na mesma formação ou depósito
que o petróleo bruto, podendo estar separado como uma capa sobre o petróleo ou
estar dissolvido nele.
9
3) O gás condensado é uma forma muito leve de petróleo bruto, contendo
apenas uma fracção da gama de hidrocarbonetos normalmente encontrados no
petróleo bruto (IEA,1992).
O tipo de recurso terá um efeito marcado sobre as propriedades do gás à saída
do poço. Assim, o gás associado contém quantidades significativas de hidrocarbonetos
mais pesados (C2 até C4) juntamente com líquidos mais leves (C5 e para cima)
designados por líquidos de gás natural ou gasolina natural.
Em termos de planeamento, os recursos dos campos de gás não associado
apresentam menos problemas que os recursos dos campos de gás associado, que são
produzidos quase como um subproduto do petróleo bruto. Os depósitos condensados
são intermédios aos outros dois tanto no que diz respeito a problemas de planeamento
como em relação à composição (IANGV, 1990).
A proximidade de áreas tais como a Rússia, norte de África e o Médio Oriente,
que juntas possuem cerca de 80 % das reservas mundiais de gás natural e o elevado
nível de tecnologia de transporte, têm sido factores determinantes para a decisão de
desenvolver indústrias de gás em países europeus.
Uma grande proporção das reservas globais totais de gás localiza-se em
regiões remotas ou inacessíveis. Porém, o gás natural dessas regiões poderá ser
transportado para o mercado através de gasodutos ou sistemas de transporte de gás
natural liquefeito se a procura o justificar.
Algumas reservas mundiais provadas de gás natural estão localizadas em áreas
onde não existem mercados para elas como combustível, devido às inadequadas infraestruturas de transporte ou preços não económicos. Por consequência, tende a ser
limitado o incentivo para explorar mais reservas.
O gás natural conta com cerca de 44 % de energia das reservas provadas de
hidrocarbonetos mundiais, mas conta apenas com 35 % do consumo total de
hidrocarbonetos. Os dois factores chave para explicar esta divergência são os muito
elevados custos para transportar o gás natural quando comparado com o petróleo bruto
e o facto de que muitas reservas de gás foram descobertas como um subproduto da
exploração do petróleo bruto, mais do que procura pelo gás natural. Apenas 13 % da
produção mundial de gás natural deixa o seu país de origem, contando este
combustível apenas com 14 % do comércio internacional em hidrocarbonetos.
A maior parte do crescimento em reservas está a ocorrer em localizações tais
como Sibéria e Médio Oriente, que estão isolados dos principais mercados de gás e
podem ser inacessíveis às potenciais rotas de camiões de GNL4 ou estar longe das
infra-esiruturas de gasoduto existentes.
Os excedenic> exportáveis aumentam quando são feitas novas descobertas de
gás ou quando o preço da tecnologia se altera, tornando a produção viável.
4
GNL - Gás Natural Liquefeito.
10
f
I
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2
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O
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100
90
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70
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50
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100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
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Médio
Oriente
Ex
URSS
Asia
e Autrália
Gás Natural
América América
do Norte Latina
Europa
Africa
Médio
Oriente
Ex
Asia
URSS e Autrália
Figura 2.2. Reservas provadas mundiais de petróleo e gás natural.
Fonte: HEATON, D.; VAN DER WEITE, J. 1993.
2.3.1 Reservas da Europa e ex-URSS
Esta região contém cerca de 43 % das reservas provadas mundiais de gás
natural. Só a ex-União Soviética contém cerca de 37 % das reservas mundiais. As
reservas soviéticas contam também com cerca de 48 % do excedente exportável de
gás natural. Estas reservas são suficientes para justificar as infra-estruturas de GNL
para exportação.
O transporte por terra através de gasoduto é também uma possibilidade para as
exportações soviéticas para a Europa. A Noruega e a Holanda contêm também
significativas reserva provadas. Considera-se que a Noruega é o único país da Europa
que possui reservas suficientes para justificar o desenvolvimento de infra-estruturas de
GNL.
2.3.2 Reservas do Médio Oriente
O Médio Oriente conta com cerca de 30 % das reservas provadas mundiais. O
Irão, o Abu Dhabi e o Qatar detêm cerca de 71 % do total e cerca de 96 % das reservas
exportáveis nesta região. Esta discrepância levanta-se porque grande parte do gás de
11
outros países da região está contido em reservas associadas, que não podem ser
desenvolvidas para produção até que os depósitos de petróleo bruto associados sejam
comercializados. A exploração continua e espera-se que as reservas totais de gás da
região continuem a aumentar. Os três países referidos têm todos reservas suficientes
para justificar o desenvolvimento de projectos de exportação de GNL.
2.3.3 Reservas da América do Norte
Os Estados Unidos e o Canadá têm cerca de 7 % das reservas provadas
mundiais. As reservas provadas n-: América do Norte estão a aumentar
aproximadamente à taxa à qual o gás está a ser consumido. As reservas adicionais de
fontes não convencionais, tais como areias asfálticas e carvão podem aumentar
significativamente as reservas totais disponíveis no Canadá se os aumentos de preço
tomarem a recuperação financeiramente viável.
Os recursos totais de VHOs5 (incluindo areias asfálticas e xistos betuminosos)
são estimados em pelo menos iguais aos dos petróleos brutos convencionais, mas são
muito menos conhecidos. Uma grande proporção de VHOs descobertos estão
localizados no Canadá (EEA, 1990).
O Departamento de Energia dos Estados Unidos estimou que a quantidade
total de gás natural, recuperável a partir de todas as fontes, usando tecnologias
existentes, corresponde a um excedente de oferta de 70 anos (LEA, 1992).
2.3.4 Reservas da Ásia-Pacífico
Esta região detém cerca de 7 % das reservas mundiais provadas. A Austrália, a
Malásia e a Indonésia contam com cerca de 70 % das reservas da região,
considerando-se que dispõem de reservas adequadas para suportar o desenvolvimento
de uma infra-estrutura de GNL para exportação de gás natural. Nos últimos anos a
tendência destes três países tem sido a de aumentar as suas reservas totais e
exportáveis (IEA, 1992).
2.3.5 Reservas do México e América Latina
O México, a Venezuela, a Argentina e Trindade contam com cerca de 90 %
das reservas provadas da América Latina. As reservas provadas da Venezuela têm
estado a crescer rapidamente na última década, enquanto que as da maior parte dos
outros países da região têm permanecido relativamente constantes ou declinado.
Muitas das reservas do México encontram-se em depósitos associados.
Considera-se que as reservas da Venezuela e Trindade são suficientemente
grandes para justificar projectos de exportação de GNL (IEA, 1992).
5
VHOs - Very Heavy Oils (IEA, 1990).
12
*
2.3.6 Reservas da Africa
A África detém cerca de 6 % das reservas mundiais provadas de gás natural. A
Argélia e a Nigéria contêm juntas cerca de 76 % das reservas provadas do continente
sendo outros 10 % detidos pela Líbia. Tanto as reservas totais como as exportáveis
têm flutuado na última década, apesar de terem estado geralmente sobre uma curva
crescente. Considera-se que a Argélia e a Nigéria têm reservas suficientes para
justificar o desenvolvimento de uma facilidade de exportação de GNL (IEA, 1992).
2.4 Cadeia de energia do combustível gás natural
A cadeia de energia do combustível do gás natural não é muito complicada. Os
processos que necessitam de energia e conduzem a emissões são principalmente a
extracção, o processamento, a distribuição e a fase de compressão do uso final.
A estimativa mais baixa para a necessidade será para uma produção onde o gás
flui de um poço com elevada pressão. Esta situação deve ser vista como um caso
especial e na maior parte dos locais de extracção é necessário fornecer energia para
preparar o gás para transferência por gasoduto para o terminal a fim de ser processado.
Segundo a Ecotraffic o valor mais usual será aproximadamente 3 % da energia
combustível produzida, incluindo perdas e fugas ligadas ao processo de extracção.
O próximo passo no ciclo do combustível é o processamento, onde a
necessidade de energia está altamente dependente da qualidade do gás extraído.
Considerando uma distribuição do gás natural através de gasodutos, o gás é
"movimentado" com a ajuda de compressores. Estes são normalmente movidos por
gás natural e a maior parte das fontes considera que é necessário 2 % da energia para
esta actividade. Contudo, isto depende do comprimento da linha de distribuição e
também da pressão obtida a partir do poço.
Na última parte da cadeia completa do combustível está a compressão de alta
pressão até 200 bar. Os compressores são geralmente eléctricos e necessitam de
electricidade correspondente a 3-4 % da energia do combustível produzido. A
necessidade de energia depende da pressão final. Se o gás natural for usado para
abastecimento lento de veículos será suficiente a mais baixa procura de energia, 3 %,
para atingir a pressão máxima de 200 bar usada nos cilindros do veículo.
Uma alternativa é usar uma solução "fast fill", o que significa que o gás
comprimido é armazenado num banco de alta pressão. Quando o veículo vai ser
abastecido é ligado ao banco, ocorrendo uma igualização de pressão. A fim de
minimizar a dimensão do banco a sua pressão tem de ser superior à pressão desejada
no reservatório do veículo. Um valor normal é 250 bar e o consumo de energia é
assim estimado em 4 % da energia do combustível produzido.
13
Se a electricidade necessária para o trabalho de compressão for gerada numa
instalação de energia a gás natural, a necessidade de energia primária será da ordem
dos 6.4 a 8.5 % dependendo do princípio "slow-fill" ou "fast-fiH".
A procura de energia de compressão pode ser reduzida se o gás natural for
tirado do gasoduto principal à mais elevada pressão, ou seja, o gás vem para o
compressor com uma pressão de 30-50 bar. Nesse caso a necessidade de energia pode
ser reduzida significativamente. Contudo, isto é muito raramente usado
(ECOTRAFFIC AB, 1992).
Ao longo de toda a cadeia existem também perdas de gás (CH4) devido a
fugas por exemplo em gasodutos. Algumas das fontes indicam que as fugas da
extracção e distribuição do gás natural são 2-3 % da produção na Europa e 3-4 %
numa média global e que a maior parte ocorre no fim da rede.
As fugas podem também ocorrer a partir dos compressores do gasoduto e
maquinaria da instalação. Estas perdas são estimadas em 0,7 % do combustível final.
Os valores recentes da indústria do gás natural mostram que as emissões totais não são
mais de 1 % da produção e para novos sistemas de oferta poderão ser obtidos níveis
de 0,05 % de fugas. O nível de fugas do sistema de oferta de gás natural para a Suécia
a partir do Mar do Norte é estimado em cerca de 0,1-0,5 %.
QUADRO 2.9 - Uso de energia na cadeia de
combustível do ;ás natural
Fase
Uso de Energia
MJ/MJ GNC
Extracção /Preparação
0.03
(
Processamento
0.02
0.02
Distribuição
0.07
Compressão Final
0.14
Total
Fonte: ECOTRAFFIC AB, 1992.
Estima-se que a eficiência total para o ciclo de combustível do gás natural se
situe entre 78 % e 89 % e varia dependendo, por exemplo, da necessidade de
purificação, capacidade compressora de distribuição e pressão para a compressão
final. Aproximadamente 11 % a 22 % do conteúdo energético do gás natural é gasto
antes que este possa ser distribuído a um utilizador final. Estas actividades darão lugar
a emissões. O quadro seguinte mostra da eficiência de energia em diferentes fases do
ciclo de combustível.
QUADRO 2.10 - Eficiência para um ciclo de
combustível de gás natural
Processo
Eficiência em 9t
Extracção
96-97.5
Preparação processamento
96.8
Armazenamento
99.6
Transporte
95-97
Distribuição
88.4-97.3
Total
78-89
Fonte: IEA, 1992
14
2.5 Exploração do gás natural
A exploração do gás natural não tem muito de diferente da exploração do
petróleo, efectuando-se através de um furo de perfuração. Normalmente, existem
instalações associadas que permitem tirar certos elementos que dificultam a
combustão do gás. Dado que as formações de gás natural estão sob uma enorme
pressão, não é necessário qualquer bomba para o extrair (EQUITABLE GAS, 1994).
No passado, costumava ser extraído como um inevitável subproduto da
extracção do petróleo, representando agora mais de 20% da totalidade da energia
primária consumida.
A extracção do gás natural e a indústria de processamento têm um
impressionante recorde de segurança (IEA,1992).
2.6 Processamento do gás natural
O gás natural é tratado de várias formas técnicas, sendo as principais o gás
natural de gasoduto, o GNL (gás natural liquefeito) e o GNC (gás natural comprimido)
(ECOTRAFFIC AB, 1992).
Os termos "gás de qualidade de gasoduto" e "gás natural liquefeito", referemse a produtos que já foram geralmente processados a fim de remover os
hidrocarbonetos mais pesados e os gases inertes. Os gases que não o metano poderão
ser reduzidos para níveis muito mais baixos, sendo necessário algum processamento
mesmo só para reduzir o conteúdo de água para valores mais baixos (IANGV,1990).
Todo o gás natural fornecido aos consumidores passou através de um processo
de limpeza inicial para remover os contaminantes tóxicos. O tratamento exacto de
purificação do gás saído do poço depende da sua qualidade.
Na maioria dos casos a extensão do processamento levado a cabo será prevista
pelas necessidades de produção e comerciais. As duas principais fases neste
processamento são por vezes referidas como de limpeza (a remoção de contaminantes)
e de concentração (ajustamento do conteúdo de energia). Os processos actuais usados
dependem da composição do fluxo de gás e do destino final do gás tratado, estando
disponíveis vários processos para estas operações.
O modo como o gás disponível para o utilizador do veículo é afectado pela sua
fonte dependerá da extensão do processamento. O hidrocarbonetos mais pesados que
o metano farão aumentar a energia armazenada a uma dada pressão e o conteúdo em
energia específica de uma mistura de gás/ar mas, em altas concentrações, pode causar
problemas no funcionamento do motor.
Pode ser que no longo prazo as necessidades especiais da indústria de NGV
sejam consideradas. Pequenos aumentos nos componentes C3 e C4 serão bem vindos
na medida em que farão aumentar a energia armazenada num dado volume. O limite
para estes gases é determinado pela necessidade de evitar que se tornem líquidos às
15
mais altas pressões e mais baixas temperaturas. As alterações no rácio de octanas
deverão ser também tomadas em consideração (IANGV, 1990).
2.6.1 Remoção de Contaminantes
Os chamados contaminantes primários são o vapor de água, o dióxido de
carbono, o azoto e o sulfito de hidrogénio, devendo todo o gás natural ser processado
para eliminar esses contaminantes antes de entrar no sistema de distribuição de
gasoduto (IEA, 1992).
Todos os países que usam gás natural têm estabelecido especificações no que
respeita à pureza e composição do gás processado distribuído aos consumidores. A
mistura de hidrocarbonetos, a proporção de gases inertes e a quantidade de água e
resíduo de enxofre afectam o valor calorífico do gás e a sua tendência para a corrosão
ou danificação dos sistemas de distribuição e armazenamento.
Deste modo, se o gás natural for para ser usado como um combustível de
veículo, a pureza e a composição terão de ser mais controladas devido aos seus efeitos
sobre os cilindros de combustível do veículo e sobre os processos de combustão em
motores de combustão interna. As grandes preocupações são com a corrosão em
cilindros de armazenamento, com os componentes do motor e com as emissões.
O H2S é altamente tóxico e uma das principais causas de corrosão devido à
sua propensão para formar ácido sulfúrico na presença de humidade, não tendo outro
valor económico senão como fonte de produção de enxofre.
O enxofre deve ser removido numa instalação apropriada, sendo o método
mais largamente usado para o efeito o processo Amine, também designado processo
Girdler, que utiliza soluções de amina (derivadas de amónia) para absorver o H2S. O
sulfito de hidrogénio removido pode ser usado para a produção de enxofre elementar,
que por sua vez poderá ser utilizado como matéria prima para certos produtos, tais
como fertilizantes.
O CO2 e o N2 são conhecidos como inertes porque não são combustíveis e
reduzem o valor calorífico do gás natural no qual estão presentes. O CO2 pode ser
rapidamente removido lavando o fluxo de gás com solventes, mas o N2 poderá ser
apenas removido através de liquefacção, um processo dispendioso (MORENO,R;
FALLEN BAILEY D.G., 1989).
A água causará quase sempre problemas se for encontrada num sistema de
gasoduto ou no processo de compressão final, sendo geralmente reduzida para níveis
muito baixos, na unidade de processamento.
O gás natural do Mar do Norte é geralmente de boa qualidade sem
processamento, ou seja o valor calorífico é elevado e a quantidade de componentes
indesejáveis, tais como o enxofre é baixa. O gás à saída do poço do Canadá é
frequentemente elevado em impurezas de enxofre que deverão ser removidas
(IEA,1992).
16
2.6.2 Recuperação de Elementos
As instalações de processamento de gás são também utilizadas para a
recuperação de constituintes liquidificáveis geralmente encontrados no gás natural,
tais como gasolina natural, butano e propano (IEA, 1992).
Os gases hidrocarbonetos etano, propano e butano têm um valor económico. O
etano é usado como matéria-prima petroquímica, mas quando apresentado apenas em
pequenas quantidades é habitualmente deixado no gás natural. O propano e o butano
são gases a temperaturas ambiente mas podem ser rapidamente reduzidos a líquidos
através de compressão ou refrigeração, sendo usados como combustíveis
separadamente ou, como acontece em geral, como uma mistura, sendo conhecidos
como gases de petróleo liquefeitos (GPL) (MORENO,R; FALLEN BAYLEY D.G.,
1989).
2.7 Armazenamento do gás natural
Armazenar um gás é sempre problemático devido ao grande volume que
ocupa. A maneira mais apropriada que se encontrou para armazenar gás natural foi
voltar a reinjectá-lo no subsolo, existindo para isso tecnologias apropriadas.
Uma outra maneira de armazenar o gás é na forma liquefeita, mas o choque
térmico deste armazenamento é muito grande. O reservatório pode ser instalado à
superfície, pode ser semi-enterrado ou completamente enterrado. Quando se instala
um reservatório há que ter em conta o subsolo e o fenómeno da liquefacção da areia,
pois esta comporta-se como um líquido, pelo que são necessários estudos
aprofundados sobre a composição do solo.
2.8 Transporte e distribuição de gás natural
2.8.1 Sistemas de Transporte
Os gasodutos são condutas por onde o gás passa, podendo este ser também
transportado na forma liquefeita. Uma das forma de transportar GNL é através de
camiões cisterna. As estatísticas mostram que o transporte do gás em gasoduto é
muito seguro (IEA, 1992).
Uma vez que os gasodutos estão localizados no subsolo, os sistemas de
transmissão e distribuição são construídos por forma a que estejam protegidos de
quaisquer perigos. Assim, as condições climáticas adversas lais como temporais de
gelo não afectam o sistema.
Os gasodutos são construídos e testados para funcionar a elevadas pressões,
sendo construídas estações compressoras de 50 a 100 milhas ao longo do gasoduto
para restaurar as perdas de pressão.
17
As companhias de transmissão transportam o gás natural dos poços produtores
para as companhias locais de distribuição, sendo o combustível depois distribuído aos
consumidores através de um sistema de gasoduto similar (EQUITABLE GAS, 1994).
2.8.2 Terminais de liquefacção e de regaseifícação
Um terminal de liquefacção é uma instalação de produção de frio. Quando o
gás passa por uma instalação de liquefacção, fica 600 vezes menos volumoso, na
forma liquefeita, podendo ser transportado num navio, a que se dá o nome de
metaneiro. Na última década poucos foram construídos no mundo, havendo uma
escassez cada vez maior de metaneiros.
No terminal metaneiro de regaseifícação há um sistema de vaporização,
podendo existir dois tipos de vaporizadores (sistemas que permitem passar do estado
liquefeito para gás): um deles utiliza uma permuta térmica da água do mar ou do rio
onde está instalado o terminal, sendo o tipo mais económico, o outro é o sistema de
combustão submersa. Neste último o gás natural entra num recipiente onde há uma
combustão submersa, tendo a desvantagem de consumir energia.
2.8.3 Sistemas de distribuição
Até aos pontos de consumo existem estações de compressão e estações de
regulação de modo a garantir que o gás chegue aos locais de consumo nas melhores
condições. O "big system" é um equipamento de controle das tubagens do gasoduto
funcionando como sistema de segurança. O ponto de consumo pode ser alcançado
através de gasoduto, através de GNL ou através de sistemas mistos.
O contínuo desenvolvimento do sistema de transmissão liga os países através
de redes extensivas. Aproximadamente 200 biliões de metros cúbicos por ano de gás
são vendidos e transmitidos internacionalmente via gasoduto.
Mais de 55 biliões de metros cúbicos por ano são transportados na forma de
gás natural liquefeito em metaneiros. Existem 17 países exportadores e 30 países
importadores envolvidos no comércio internacional de gás.
A tecnologia de transmissão do gás natural tem atingido níveis muito elevados,
como demostram as estações de liquefacção/regasificação, navios metaneiros e
gasodutos submersos na água. Igualmente, a tecnologia para usar gás natural em todos
os sectores tem sido consolidada em todo o mundo, existindo uma infra-estrutura rica
e sofisticada que faz o gás natural estar presente no mundo industrializado e nas áreas
em desenvolvimento dos cinco continentes.
Há, assim, uma infra-estrutura em que se pode confiar, que está integrada e por
consequência perfeitamente adequada para servir de suporte ao uso do gás natural no
sector dos transportes.
18
2.9 Vantagens da utilização do gás natural
De uma forma resumida podem apontar-se as seguintes vantagens: relativa
abundância, questões associadas a benefícios ambientais, comodidade e segurança de
utilização, a sua competitividade.
O gás natural não tem usos cativos, podendo competir nos vários sectores da
actividade económica. Está implantado em muitas actividades não só domésticas
como profissionais, podendo ser usado no sector industrial, no sector residencial e no
sector serviços.
Existe, neste momento, uma infinidade de aplicações de GNL que não são no
sector industrial mas que estão associadas. Outras aplicações estão ainda num estado
embrionário de aplicação: são os fuel cells.
A versatilidade do gás natural é sublinhada pela sua grande compatibilidade
ambiental que faz, sem dúvida, aumentar o seu potencial para um crescimento
considerável para além do que tem já sido obtido. As suas propriedades físicas e
químicas, tornam o gás natural um dos elementos mais eficientes nas políticas
energéticas visando a preservação do ambiente sem comprometer o desenvolvimento
económico (BRANDA, 1992).
O gás natural é um combustível mais limpo que os combustíveis fósseis
convencionais, porque produz menos poluentes, nomeadamente, os que contêm
enxofre. A produção de CO2 é substancialmente inferior à de qualquer dos
combustíveis seus concorrentes. A sua introdução fará reduzir drasticamente a
emissão de poluentes, tais como o CO2, o SO2 e o NOx, contribuindo para uma
melhoria dos padrões de qualidade do ambiente. O número de acidentes com o gás
natural é, estatisticamente, muito inferior ao que se verifica com a electricidade e o
seu transporte é muito mais seguro que o dos GPL.
A introdução de gás natural poderá constituir um motor de desenvolvimento
económico, não só através de melhorias que originará numa parte importante dos
processos produtivos do tecido industrial como também através de efeitos induzidos
na indústria de equipamento, nos serviços e no emprego. Porém, ao introduzir o gás
natural num país deverá existir um mercado potencial mínimo, suficiente para
viabilizar os investimentos necessários à construção das infra-estruturas de recepção,
transporte e distribuição e ser adoptada uma política tarifária qur permita rentabilizar
o investimento nas infra-estruturas, assegurando ao mesmo ..mpo co* '-ções de
competitividade do gás natural face aos combustíveis concorrentes.
2.10 Mercado do gás natural
Os vários métodos de processamento do gás natural, bem como a despesa de
embarque de um produto gasoso durante longas distâncias, significa que qualquer
discussão sobre a oferta deverá ser moderada com considerações de acesso aos
19
mercados. O gás natural é muito adequado para um sistema de distribuição
descentralizado numa escala local (por exemplo, através de aplicações de
reabastecimento doméstico). A um nível regional ou internacional, a distribuição é
económica apenas numa escala muito grande (por exemplo, gasodutos ou instalações
de gás natural liquefeito, GNL).
Com efeito, os pequenos movimentos inter-regionais ou internacionais de gás
natural não são geralmente viáveis, dado que as instalações de GNL e os camiões
cisterna e gasodutos envolvem substanciais custos fixos e requerem grandes volumes
de gás para o justificar (DBA, 1992).
Sempre que há uma crise energética há uma recessão a nível mundial. Para os
responsáveis dos diversos sectores, a fiabilidade dos sistemas energéticos é um
aspecto crucial. E necessário evitar ficar dependente de uma única fonte de
abastecimento, diversificando as fontes e maximizando a possibilidade de recorrer a
fontes endógenas. Porém, estas são muitas vezes desconhecidas senão mesmo
inexistentes.
Só a partir da década de 60 é que o gás natural começou a ser relevante. A
procura tem vindo a aumentar, fruto do reconhecimento dos méritos próprios das suas
características e da percepção do bem-estar das pessoas associada ao desenvolvimento
tecnológico. O gás natural veio, assim, ao encontro da preocupação das em
desenvolver uma noção nova de bem-estar.
No sector doméstico prevê-se que a procura continue a aumentar porque ainda
há uma cobertura pouco expressiva dos vários países que introduziram o gás natural,
estando alguns em fase incipiente e os factores de comodidade e bem-estar
continuarão a estar presentes. O próprio gás natural poderá induzir hábitos diferentes
na população.
No sector doméstico não será polémico dizer que a procura de gás natural
tenderá a crescer e a tendência dos responsáveis pelo planeamento energético é no
sentido de incentivar esse crescimento.
O raciocínio feito para o sector doméstico aplica-se ao sector dos serviços, mas
com maior incidência nos países em vias de desenvolvimento, existindo uma
apetência para um crescimento deste sector nos países do sul. Prevê-se que no sector
dos transportes se verifique um grande aumento do consumo de gás natural. Prevê-se
também que nos próximos tempos, o gás natural tenha uma penetração fortíssima no
sector eléctrico.
Os movimentos internacionais de gás natural em larga escala estão sujeitos a
contratos de longo prazo. Não há nenhuma companhia que negoceie directamente com
os compradores, existindo para isso consultores especializados. Estas negociações são
extremamente complicadas. Os contratos são, normalmente, de 20 anos, situação que
tem a ver com a segurança de abastecimento (contratos de longo prazo como caução
ou garantia de abastecimento) e com o facto de os investimentos numa estrutura de
gás serem muito grandes. São investimentos com períodos de retorno da ordem dos 15
anos.
20
Os preços do gás natural estão relacionados com os preços do petróleo bruto,
dado que ambos são fontes primárias de energia e concorrem entre si. A relação não é
directa porque o gás natural não é tão rapidamente comercializável numa base
instantânea como o petróleo bruto. Em 1992, o preço do gás natural na América do
Norte encontrava-se entre US$1.00 e US$1.50 por Gigajoule. Os preços do gás natural
estão indexados aos derivados do petróleo, com significado, e a outros combustíveis
como tendência.
II
II
'uadro 2.11 - Previsão dos preços do gás natural (Jensen)
Preço do petróleo
Preço do petróleo
constante
crescente
Japão
América do Norte
-Costa do Golfo dos E.U.A
-Alberta
Bacia Atlântica
-Noruega
Tromsoflaket
Frigg
Frigg Oriental
exURRS
-Sibéria Ocidental
Fonte: IEA, 1992.
||
1990
$/GJ
2000
$/GJ
2010
$/GJ
1990
$/GJ
2000 | 2010 ||
$/GJ | $/GJ ||
3.30
3.30
3.30
3.30
5.70
5.70
2.12
2.77
3.42
2.00
4.19
4.74
1.57
1.05
1.82
1.57
1.05
1.82
1.57
1.05
1.82
1.57
1.05
1.82
1.61
1.93
1.82
1.84
1.66
2.06
2.00
2.00
2.00
1.94
3.55
3.55
De acordo com as previsões efectuadas por JENSEN, com base num cenário
em que o preço do petróleo bruto se mantém constante entre 1990 e 2010 e outro em
que tem um comportamento crescente, os preços serão mais baixos na Europa que na
América do Norte (IEA, 1990).
21
3. ECONOMIA DOS TRANSPORTES
3.1 Introdução
Os transportes têm tido sempre um papel de relevo na vida económica e social
e têm sido um dos factores fundamentais para a evolução das civilizações. O
desenvolvimento económico está muito ligado à mobilidade dos indivíduos, dos bens e
de ideias e ideologias (comunicação). As próprias civilizações têm reconhecido a
importância que os transportes possuem.
Nas sociedades modernas têm havido um aumento da riqueza e do bem-estar
social, sendo a mobilidade dos indivíduos um dos elementos mais valorizados. Os
transportes têm evoluído a um ritmo crescente porque as pessoas têm cada vez maior
necessidade deles.
O estudo dos transportes começou a fazer-se muito recentemente. Os
indivíduos e as mercadorias deslocam-se porque há sempre razões específicas para
estarem num local e não noutro. Há sempre um motivo para a deslocação individual, o
mesmo se podendo dizer em relação às mercadorias.
Sem os transportes as regiões estariam limitadas aos seus recursos e mercados
locais. De facto, o que acontece é que há uma procura crescente por mercados
diferentes. A partir de uma localização poder-se-á deduzir quais são as suas
necessidades de transporte. Os volumes de tráfego reflectem a localização das
diferentes actividades.
Se por um lado os serviços de transporte dependem da localização, por outro,
há situações em que a localização das actividades depende da existência de serviços de
transporte.
No sector dos transportes existe uma relação entre a quantidade procurada e o
preço. Mas, procura neste sector é uma palavra que requer alguma reflexão. De facto,
existem vários factores que dão à procura de transpc e um carácter bastante variável.
3.2 Transportes de mercadorias
No caso do transporte de mercadorias, a velocidade pode ser mesmo mais
importante que o custo de transporte, podendo referir-se, a título de exemplo, o caso
de mercadorias deterioráveis ou a necessidade urgente de entrega de uma peça
sobressalente para uma unidade fabril (o que interessa aqui é a velocidade, pois a
produção está parada).
Um factor também importante é a manutenção dos horários. Uma política de
minimização dos "stocks" só poderá ser possível com uma garantia de manutenção dos
horários do transporte à entrada e à saída.
22
A continuidade dos serviços é um factor também importante. As pessoas
poderão pagar transportes mais caros, para terem a garantia de uma continuidade de
serviços. As empresas de serviços de transporte poderão ter mais volumes de carga
que as frotas próprias, com custos mais baixos.
Um outro factor é a segurança do transporte, que pode assumir dois aspectos:
a segurança de não danificação da mercadoria e a segurança em relação ao roubo da
mercadoria. A questão toma maior importância quando existem operações de
transbordo pois o risco é maior. Por tradição, os caminhos de ferro têm grandes
problemas no que se refere à segurança no transporte de mercadorias.
3.3 Transporte de passageiros
O primeiro factor referido para o transporte de mercadorias não deixa de ser
importante para o transporte de passageiros, os tempos de viagem. As poupanças de
tempo estão relacionadas com poupanças monetárias.
A qualidade do serviço é um outro aspecto importante no transporte de
passageiros. A segurança, o conforto, a conveniência, a flexibilidade são importantes
no transporte individual. O veículo privado é sempre mais flexível que outro meio de
transporte. A flexibilidade é a possibilidade de se mudar o trajecto quando se quer.
Estes vários factores são sempre desejáveis. O rendimento disponível dos
indivíduos é particularmente importante nas escolhas de transporte individual. O
rendimento afecta o valor dado à qualidade dos serviços mas também o valor dado ao
tempo. As pessoas de maiores rendimentos fazem normalmente um maior número de
viagens.
Efectivamente, os serviços de transporte têm alguma complexidade, não é
simplesmente transferir algo ou alguém de um lugar para outro com um determinado
custo. Aquele que tem necessidade de transporte vai fazer uma comparação entre o
custo de transporte e um conjunto de características de factores que lhe dão satisfação.
As decisões não são tomadas somente com base nos custos de transporte, o
que não quer dizer que estes não sejam importantes. Os transportes possuem
características específicas, existindo três elementos que vão contribuir para os custos;
o veículo propriamento dito (qualquer que seja o meio de transporte há sempre custos
que têm a ver com o veículo), a via onde se vai efectuar o transporte e a interligação
que tem de existir entre os outros dois elementos (terminais).
Normalmente, os transportes que têm menores custos com a via são os que têm
maiores custos com os terminais. Para além destes custos podemos considerar um
outro conjunto de custos, que têm a ver com os efeitos secundários
(congestionamento, ruído, poluição atmosférica), sendo aqueles que de uma forma
genérica se designam por custos sociais. Estes efeitos têm vindo a assumir uma
proporção maior e um reconhecimento cada vez maior por parte das autoridades,
sendo particularmente importantes no sector urbano.
23
3.4 Transportes urbanos
Os principais problemas que afectam os transportes urbanos s?^ a poluição e o
congestionamento urbano. Tanto um como o outro constituem o sob
onsumo de um
bem público. No entanto, enquanto que no congestionamento os efeitos causados
pelos utentes vão incidir sobre os próprios utentes, no caso da poluição, aqueles que
causam os efeitos não são necessariamente aqueles que têm de os suportar.
3.4.1 Congestionamento
\
No que respeita ao congestionamento, o número de utentes vai aumentando
progressivamente chegando-se a uma situação em que o simples facto de o número de
utentes ser demasiado elevado vai começar a influir no seu bem-estar.
Eventualmente, chegar-se-á a um ponto em que o beneficio usufruído por mais
um utilizador vai ser mais pequeno do que a perda de beneficio que esse utilizador está
a causar a todos os outros. A partir daqui o beneficio marginal é negativo mas ainda há
um beneficio em utilizar o lugar. Por isso, ainda há tendência para a sua utilização.
Cada vez existe uma maior dificuldade de movimentação, chegando-se a uma
situação em que os utentes deixam de ter beneficio por completo por se encontrarem
nesse local. Introduzindo regulamentação (sinalização luminosa, estradas com sentido
único, etc.) as autoridades podem evitar que se atinja esse ponto.
Para medir todos os custos e benefícios é necessário valorizar todos os efeitos,
podendo ser identificados dois conceitos de custo: o custo real e o custo perceptível. O
utilizador do transporte privado tem normalmente uma visão optimista. Os custos
perceptíveis são inferiores aos custos reais, sendo a procura superior àquela que
existiria se se houvesse outra consciência dos custos.
A medida que o número de veículos que utilizam a via aumenta, a velocidade
vai diminuir cada vez mais, chegando-se a uma situação em que essa diminuição vai ser
drástica, diminuindo mesmo o caudal (número de veículos por unidade de tempo). A
tendência é para que os custos médios sejam crescentes quando o caudal aumenta.
Podem ser identificadas três zonas; zona de caudal normal, zona de caudal
instável ou zona de instabilidade (a velocidade começa a diminuir muito drasticamente
para pequenos aumentos de caudal e a partir de certo ponto o caudal vai mesmo
diminuir), e zona de caudal forçado (o movimento processa-se muito lentamente).
Os métodos de controle do congestionamento são as portagens urbanas, as
taxas de estacionamento, os subsídios aos transportes públicos e a gestão de tráfego.
3.4.2 Poluição
Os principais tipos de poluição urbana são a poluição do ar, o ruído, a poluição
visual (introsão visual), existindo também outros efeitos como a perda de privacidade,
24
perda de luz, ou a vibração causada pelos transportes (que pode provocar danos nos
edifícios e pessoas). Por outro lado, as infra-estruturas de transporte causam
transtornos aos peões.
Os factores considerados mais importantes são o ruído e a poluição dos gases
de escape. O ruído urbano tem origem nos vários meios de transporte que são
predominantes numa zona urbana. Normalmente, o que causa mais prejuízo é o do
tráfego rodoviário. A inconveniência causada pelo som tem a ver com a duração, a
frequência e a maneira como este varia durante o seu tempo de existência. O ruído não
tem sempre a mesma intensidade durante o seu tempo de duração.
A intensidade do ruído também é função da distância a que é medido, tendo a
vantagem, em relação aos outros factores de poluição, de ser facilmente mensurável,
existindo instrumentos de medição relativamente baratos e simples de utilizar.
A poluição do ar está muito ligada aos gases de escape que são emitidos pelos
veículos. Em certas situações os veículos não podem manter níveis de aceleração
estabilizados. E normalmente nas rotações que correspondem à velocidade de cruzeiro
que os veículos têm uma maior eficiência.
Quanto maior for o número de intersecções maior será a contribuição para a
poluição. Um outro aspecto que afecta o nível de poluição é o declive das infraestruturas viárias nas cidades. Para além disso, as zonas urbanas têm características
que dificultam a dissipação dos gases de escape. A dispersão dos poluentes depende
do clima, das características topográficas e da estrutura urbana da área em estudo.
3.4.3 Gestão de transportes em meio urbano
Para melhorar a eficiência do tráfego em áreas urbanas, melhorando assim o
seu ambiente e fazendo baixar, ao mesmo tempo, o seu consumo de energia é
necessário obter uma repartição óptima entre os vários modos de transporte,
favorecendo os modos que consomem menos espaço e energia, assim como os menos
poluentes.
Os veículos individuais são o modo que consome mais espaço e energia e
também o mais poluente, devendo a procura de tráfego para este modo ser mantida
sob controle.
As estratégias disponíveis para obter esse objectivo incluem planos de tráfego
limitando o acesso às áreas centrais, corredores para autocarros, portagens aplicadas a
estradas e zonas específicas e também sistemas de "park and ride" (interfaces de
transferência modal).
Em termos globais, as orientações técnicas e políticas ao nível da comunidade
internacional para cumprir os objectivos de diversificação e eficiência energética
apontam para a introdução de medidas ao nível tecnológico que promovam a eficiência
energética de todos os modos de transporte, a introdução de medidas que induzam a
redução da procura de transportes sem contribuir para a perda de mobilidade (através
da redução das deslocações em consequência da aproximação da origem e do destino
25
dos passageiros com base no planeamento e ordenamento do território e da redução da
necessidade de transportes com base no aperfeiçoamento dos sistemas de
telecomunicações, registo e transmissão de informação), a introdução de medidas que
promovam as transferências modais para modos de transpor- de intensidades
energéticas mais baixas, a melhoria da qualidade do serviço dos transportes públicos,
aplicação de impostos, bem como a actuação ao nível da definição de tarifas.
É de referir a importância de uma gestão integrada e de uma coordenação do
sistema de transporte, no sentido de assegurar a satisfação das necessidades de
mobilidade com uma repartição modal do sistema baseada em modos de intensidade
energética baixa e da definição de uma política de investimentos em inffa-estruturas de
transporte sem penalizar o TP (Transporte Público) em benefício do TI (Transporte
Individual).
O TI tem uma eficiência energética inferior à do TP. Por exemplo, e no caso
português, as gramas de equivalente petróleo por passageiro - quilómetro (gep/pkm6)
são entre 3 e 4 vezes inferiores no TP de passageiros em relação aos consumos no TI.
O automóvel consome cerca de 51 gep (gramas equivalentes de petróleo) por
passageiro quilómetro, enquanto que o autocarro consome cerca de 13 gep. A energia
consumida, na União Europeia, pelo sector dos transportes tem crescido cerca de 4 %
ao ano (MENEZES, 1992).
As viagens diárias per capita estão sempre a crescer, especial: ,mte viagens
usando veículos privados. Apesar do consumo típico de gasolina de um veículo ligeiro
novo ter descido cerca de 23 % durante os últimos 15 anos, o consumo total de
gasolina permaneceu mais ou menos estável. Uma das razões é o aumento da dimensão
do veículo médio (de 1300 - 1400 cc para 1800 - 2000 cc na Comunidade Europeia) e
o aumento da frota (PEYREBONNE, 1992).
O tráfego rodoviário cresce correntemente mais depressa que a capacidade da
infra-estrutura rodoviária. Além disso, em áreas urbanas o tráfego está a crescer muito
mais rapidamente do que em áreas não urbanas.
Deve notar-se que existe ainda uma falta de informação sobre consumo de
energia e emissões poluentes em cidades de média dimensão na Europa, existindo
também uma falta de padronização para recolha de dados.
O estudo sobre utilização actual de carros privados empreendido na França
pelo INERTS (Instituto Nacional de Investigação sobre os Transportes e sua
Segurança) entre 1983 e 1986 mostrou que 25 % de viagens urbanas usando carros
privados tinha menos de um quilómetro, 52 % tinham menos de 3 km e 84 % menos
de 10 km (PEYREBONNE, 1992).
Alguns do fenómenos que estão na raiz do aumento do modo de transporte
privado relacionam-se com padrões de desenvolvimento urbano, sendo de salientar a
criação de áreas residenciais longe das áreas de trabalho, o desenvolvimento de
6
pkm - Corresponde ao número de passageiros transportados por quilómetro.
26
esquemas de casas de habitação nos arredores das cidades e a instalação de grandes
centros cohíferciais.
Considera-se que, para o longo prazo, a única solução viável é reforçar a parte
de transporte público, devendo o transporte público tornar-se competitivo em relação
ao modo de transporte individual, em termos de qualidade de serviço. Em algumas
cidades do norte da Itália, as acções para favorecer o uso de transporte público e
desencorajar o uso de veículos privados visam não só a melhoria do tráfego, mas
também a preservação de aspectos culturais e de arquitectura.
Para obter uma redução do uso de veículos privados nas cidades serão
necessárias medidas autoritárias difíceis de aplicar nas nossas democracias, ou uma
mudança de mentalidades através de campanhas de informação, que poderão não ser
eficientes se forem demasiado radicais. Várias medidas para controlar a procura de
tráfego foram já testadas em diversos países.
Uma das possíveis medidas são as horas de trabalho flexíveis para limitar os
picos de tráfego de manhã e de tarde e o congestionamento. As medidas autoritárias
através de decisões administrativas não têm provado ser muito eficientes e em alguns
casos, o efeito foi negativo. A flexibilidade em horas de trabalho tem sido encarada
como a melhor solução, mas em muitas cidades, os períodos de pico são já de tal
forma extensos que pouca melhoria pode ser esperada das horas de trabalho mais
flexíveis.
Uma outra medida testada foi a de proibir os veículos de circular em dias de
trabalho específicos dependendo do seu número de chapa da matrícula. Esta medida
foi aplicada em Atenas e Cidade do México. Porém, apesar das autoridades
considerarem que a medida teve sucesso, a análise dos dados disponíveis não tem
confirmado isso, pois na Cidade do México, a medida tem gerado uma explosão na
venda de veículos novos e usados, porque a população, com o objectivo de circular
todos os dias, usa veículos com diferentes placas.
No que respeita às portagens e restrições ao tráfego em secções rodoviárias e
áreas específicas, Singapura é a única cidade a ter aplicado uma portagem a toda a sua
área central. A necessidade de fornecer compartimentos para a portagem,
consumidores de espaço, torna muito difícil a aplicação de portagens em áreas
urbanas. No entanto, hoje em dia, os compartimentos capazes de ler cartões
magnéticos à distância sem a necessidade de parar o veículo, tornam possível a
aplicação de portagens em estradas urbanas. Tais dispositivos estão a ser testados em
auto-estradas em França e Itália.
Uma outra medida utilizada são as taxas e restrições de estacionamento perto
dos locais de trabalho. O melhor modo de induzir as pessoas a ir para o trabalho com o
seu veículo particular é fornecer-lhes um parque de estacionamento livre e protegido
perto do seu local de trabalho.
Uma das soluções que tem sido proposta é a criação de um parque de
estacionamento de transferência nos principais terminais periféricos de transporte
público, pois é quase impossível fornecer um seviço de transporte público satisfatório
27
em áreas residenciais individuais periféricas. Por consequência nestas áreas as pessoas
usarão o seu veículo sejam quais forem os desincentivos e custos. O que é possível,
contudo, é facilitar a transferência para as linhas de trânsito de massa antes de atingir a
área central, através da existência de parques de estacionamento nas principais
estações, nos subúrbios.
Estes parques de estacionamento deverão ser usados livremente ou a um baixo
custo, embora a segunda solução pareça a melhor, dado que permite manter e
assegurar protecção suficiente para veículos abandonados todo o dia.
O desenvolvimento das telecomunicações modernas (telefone móvel, facsimile,
televideo, teletransmissào de dados, etc.) poderá reduzir a necessidade de viagens
diárias. Os planos de gestão de tráfego poderão, por outro lado, fornecer melhorias na
capacidade e fluidez do tráfego.
Os sistemas de controle de tráfego computarizados são eficientes em termos de
melhorias de capacidade, tempo e poupanças de energia. Em Glasgow, foram
observadas poupanças de gás de 3 a 6 %. Em Caen, França, um estudo sobre 62
intersecções mostrou uma poupança de 22 tep (toneladas equivalentes de petróleo) por
ano por cruzamento. O programa FETSIM (Fuel Efficient Traffic Signal Management)
na Califórnia permitiu uma poupança de gás de 6 % ou 12 tep por ano por intersecção.
As rotundas permitem poupanças de tempo e de energia (0,5 % de acordo com um
estudo americano) (PEYREBONNE, 1992).
As estradas de penetração sofrem muitas vezes um desequilíbrio de tráfego
entre as duas direcções opostas. A solução é uma alteração de vias para equilibrar as
cargas de tráfego, dando mais vias durante o período de pico para a direcção mais
carregada, através de luzes específicas (geralmente setas verdes e cruzes vermelhas no
suporte). Esta medida tem sido muitas vezes aplicada em cidades americanas, podendo
permitir poupanças de energia de 10 %. Em Portugal existem algumas experiências na
área metropolitana de Lisboa.
Ao implantar uma estratégia, é importante que uma única autoridade seja capaz
de coordenar os estudos técnicos e o programa de investimentos para todos os
transportes públicos e tráfego na área metropolitana de uma cidade (PEYREBONNE,
1992).
O impacte ambiental existente em áreas urbanas com uma repartição muito
mais favorável ao transporte individual é preocupante. O automóvel emite mais óxidos
de azoto, monóxido de carbono e anidrito carbónico por km-passageiro que o
autocarro.
28
Quadro 3.1 - Emissões de diferentes modos de transporte
(gramas/km/passageiro)
Óxidos
Monóxido
Dióxido
de
de Azoto de Carbono
carbono
240
1.6
21
Automóvel
0.9
70
1
Autocarro
0.01
80
0.3
Comboio
Fonte: Menezes, 1992.
É produzido muito trabalho na Europa para recolher e processar dados sobre o
consumo de energia e emissões poluentes. Cada cidade aplica os seus próprios
métodos, devendo a Comunidade Europeia harmonizar as definições de dados a ser
recolhidos, os métodos de os recolher e processar.
A maior parte das pequenas e médias cidades não têm meios para recolher
informação precisa sobre poluição e até as maiores cidades não são capazes de
determinar precisamente o consumo de energia no sector dos transportes.
Encontram-se disponíveis poucos meios para estimar o impacto das medidas de
gestão de tráfego sobre o consumo de energia e poluição. Neste campo, a rede OPET
que opera no âmbito do Programa "Thermie" tem certamente um grande papel a
desempenhar (PEYREBONNE, 1992).
A informação acerca dos efeitos ambientais, tanto positivos como negativos, do
tráfego de autocarros não tem atingido toda a população (VOLVO, 1989).
3.5 A Política Europeia dos Transportes
Em 1989 na Comunidade Europeia o consumo de energia do sector dos
transportes atingiu pela primeira vez o da indústria, alcançando os 222.6 milhões de
tep (toneladas equivalelentes de petróleo), o que representa 31 % do consumo total de
energia. Segundo a Comissão das Comunidades Europeias, a energia consumida no
sector dos transportes é obtida a partir do petróleo em 99 % (PEYREBONNE, 1992).
De acordo com o Livro Branco da Comunidade, embora se tenham registado
alguns progressos nos últimos anos, estamos longe da Política Comum de Transportes,
prevista no Tratado de Roma.
Actualmente, verificam-se situações de grande desequilíbrio entre os vários
modos de transporte e no desenvolvimento do sector nas diferentes regiões
comunitárias, bem como grandes pressões sobre o ambiente, que são consequência do
grande crescimento da procura de transportes que se tem observado nos últimos vinte
anos.
29
Verifica-se que no espaço europeu, o transporte rodoviário de mercadorias
aumenta a sua quota de 50,6 % para 69,9 % enquanto que o transporte ferroviário
diminuiu de 27,8 % para 15,4 %, o transporte fluvial de 13,6 % para 9,2 % e o
transporte por oleoduto de 8,0 % para 5,5 %.
É de referir que o transporte marítmo de longa distância continua a ser bastante
importante em termos intra-comunitários de longa distância, correspondendo a mais de
30 % das mercadorias transportadas entre Estados-membros. Apesar de ter tido um
crescimento de cerca de 35 % entre 1975 e 1985, manteve-se praticamente estável a
partir dessa altura.
Em relação ao transporte de passageiros, houve um crescimento superior a
85% durante o mesmo período (1970-1990), tendo a quota relativa ao transporte
aéreo mais que duplicado (passou de 2,2 % para 5,6 %) e a quota relativa ao
transporte em veículos particulares aumentado de 76,1 % para 79,0 %. Por sua vez,
os transportes ferroviários efectuados em autocarro diminuiram a sua quota de
mercado para 6,6 % e 8,9 % respectivamente (SEQUEIRA, 1993).
Nesta altura, o principal desafio será o de delinear uma estratégia que permita
oferecer, da maneira mais eficaz os serviços necessários para o êxito do Mercado
Único, de modo a minimizar os desequilíbrios e as ineficiências.
Assim, deverão ser detectados os entraves à satisfação da procura de
transporte, as insuficiências da rede de infra-estruturas, os principais problemas que
impedem a conciliação entre o sector dos transportes e a protecção do ambiente, sendo
também necessário analisar a segurança dos transportes, em especial para os
transportes de mercadorias perigosas, assim como dificuldades encontradas ao nível da
política social.
Em termos de prioridades, foi definido um programa para o desenvolvimento
futuro da Política "omum de Transportes, englobando cinco eixos principais; o
desenvolvimento e a integração dos sistemas de transporte da Comunidade, a
segurança, a protecção do ambiente, a dimensão social e as acções externas, sendo
enunciado, para cada um destes temas um conjunto de acções prioritárias.
No que respeita ao transporte rodoviário, cabe referir que se prevê a execução
de um programa de segurança rodoviária, incluindo acções prioritárias no domínio da
educação e do comportamento dos condutores e da segurança dos veículos, directivas
técnicas relativas ao controlo técnico dos veículos em termos de compatibilidade
ambiental e também melhoria da qualidade do ambiente urbano pela promoção dos
transportes públicos (SEQUEIRA, 1993).
30
3.6 Caracterização do Mercado Mundial de veículos a gás natural
3.6.1 Introdução
Em 1990 o gás natural contava apenas com 0,25% das necessidades globais de
energia nos transportes, prevendo-se que por volta do ano 2000, ele não tivesse,
provavelmente, mais de 1% do mercado que poderia alcançar, por essa altura, 30
milhões de barris de petróleo por dia (WGI, 1990).
No entanto existem certas pressões (de natureza ambiental, económica e
técnica) que estào a fazer aumentar o valor do gás natural como combustível e a
estimular os progressos de I&D e a introdução do NGV.
O movimento no sentido de um maior uso de gás natural como combustível de
veículo está a ganhar impulso, com base em programas de investigação sofisticados em
todo o mundo, com o apoio de legislação, procurando-se alcançar limites de qualidade
de ar. Os veículos a gás natural estào a emergir como uma das soluções mais
prometedoras para alguns dos problemas dos gestores de frotas (BRITISH
GAS,1991a).
Pelo menos 40 países em todo o mundo têm veículos a gás natural em
operação ou fizeram declarações oficiais da sua intensào de empreender programas de
NGV.
Porém, para que este combustível consiga uma considerável penetração num
mercado considerado, durante muito tempo, de domínio exclusivo do petróleo,
necessitará de uma mudança na política por parte dos principais governantes mundiais.
Com efeito, os elevados custos de conversão, os baixos preços do petróleo, a falta de
forte apoio governamental e certos aspectos institucionais favorecem ainda a
tradicional oferta de petróleo (DBA, 1992).
3.6.2 Indústria de veículos a gás natural
A indústria de NGV encontra-se largamente dispersa, sendo constituída pelas
companhias de gás, fabricantes e instaladores de equipamentos e operadores de frotas
e apoiada pelas organizações de I&D e consultores. Os fornecedores de gás estiveram
entre as primeiras indústrias organizadas, estando a trabalhar com fabricantes de alguns
dos mais avançados motores para promover o NGV (IANGV,1990).
Apesar da sua diversidade e dispersão inicial, a indústria de NGV está agora a
caminhar rapidamente para uma forte coesão, o que é fundamental para entrar num
mercado fortemente dominado pelos combustíveis líquidos. Poderá apresentar uma
alternativa clara, quando a tecnologia necessária para fazer diminuir o impacto
ambiental dos combustíveis líquidos tradicionais for mais procurada e o preço desses
combustíveis aumentar.
31
3.6.3 Veiemos a gás natural
Os fabricantes de equipamento original (OEM^) nào têm até muito
recentemente produzido veículos unicamente destinados ao uso de gás natural; em vez
disso, os proprietários têm convertido os seus veículos depois da aquisição.
Existiam em 1992 cerca de 700000 veículos a gás natural em uso no mundo. A
maior parte eram veículos ligeiros a gasolina convertidos, sendo uma elevada
proporção conversões "bi-fuel"8.
QUADRO 3.2 - Principais populações mundiais de NGV (1991)
Estações de
Veículos a Veículos a
Pais
Abastecimento
gasolina
gasóleo
339
315000
ND
20
240
Itália
235000
125
100000
10
Argentina
350
65
Nova Zelândia
50000
328
ND
30000
Estados Unidos da
América
25
173
Canadá
26000
0
7
Malásia
1100
300
7
400
Brasil
10
Austrália
514
112
Nd - Nâo disponível.
Fonte: IEA,1992
O gás natural tem sido tradicionalmente usado como um substituto de baixo
preço para a gasolina ou gasóleo. Os países que procuram reduzir a dependência de
petróleo importado têm estado muito activos na promoção do metano como
combustível de veículo, particularmente os que têm as suas próprias reservas de gás
natural. Em muitos casos, o gás natural usado em veículos tem recebido um tratamento
fiscal favorável em comparação com a gasolina e gasóleo, a fim de encorajar o seu uso.
Os aspectos económicos continuam a ser a razão fundamental para as
conversões, mas a utilização de gás natural é cada vez mais encarada como um modo
de reduzir as emissões do veículo. Isto tem conduzido a um aumento da actividade de
investigação, tanto no que respeita a conversões de motores existentes como em
relação à produção de motores optimizados para funcionar exclusivamente com gás
natural.
3.6.3.1 Veículos a gasolina convertidos
Os equipamentos de conversão "bi-fuel" tradicionais nào permitem a
exploração completa de todas as vantagens que o gás natural pode oferecer, como
combustível de motor de combustão interna. As desvantagens incluem
7
OEM - Original equipmenl manufacturer (IEA. 1992).
Motores "bi-fijer - Motores que podem queimar um combustível alternativo (por exemplo, gás
natural) ou um combustível convencional (por exemplo gasolina ou gasóleo) mas não ambos
simullaneanenle (CANNON, 1993).
8
32
aproximadamente 10 % a 15 % de perda de potência máxima, reduzida eficiência do
combustível e resultados de emissão piores que os ideais.
Contudo, a tecnologia de converter motores existentes a gasolina para gás
natural tem-se desenvolvido bastante nos últimos anos. As conversões moderna- são
capazes de se adaptar a sistemas electrónicos de controle de motor. Os carburadores
de gás ou misturadores estão a ser abandonados em favor de sistemas de injecção,
similares aos utilizados em modernos motores a gasolina. Estes permitem um controle
mais preciso do combustível, conduzindo a um resultado melhorado, economia de
combustível e reduções nas emissões (IEA, 1992).
3.6.3.2 Veículos a gasóleo convertidos
Os motores a gasóleo convertidos para funcionar com gás natural são muito
menos comuns que os motores a gasolina convertidos, sendo o número mundial
estimado, em 1992, inferior a 1000. No entanto, espera-se que cresça substancialmente
no futuro. Quase todos os fabricantes de motores "Diesel" têm fabricado motores para
camião ou autocarro a gás natural.
A importância do uso de gás natural como substituição ou extensão do
combustível gasóleo é largamente reconhecida, estando muitos tipos de conversão a
ser testados em veículos ligeiros e pesados. Está também a ser empreendida a tarefa de
recolher dados de operação de longo prazo.
Algumas das instituições de investigação mundiais sobre motores estão
envolvidas em programas de larga escala investigando todos os aspectos de
"performance" do motor e redução de emissões (IEA, 1992).
3.6.3.3 Veículos desenhados para uso de gás natural
O crescente interesse dos fabricantes pelo fornecimento de motores a gás
natural como equipamento original faz aumentar a possibilidade de expansão do sector
NGV, pois a produção de veículos equipados originalmente para uso de gás natural é
mais atractiva para os compradores futuros.
Um motor que é desenhado especificamente para operar com gás natural pode
dar a mesma potência e "performance" que um motor a gasolina, com melhor
eficiência de combustível e vantagens em níveis das emissões de escape. A injecção de
gás de alta pressão, similar à injecção de gasóleo, tem sido testada com sucesso
(IEA, 1992).
Neste campo, os refinamentos tecnológicos têm dado fruto, com os motores
a GNC produzidos pelas empresas Caterpillar nos Estados Unidos, MAN e
Mercedes na Alemanha, Fiba Cunning Ontário Bus Industries e Cummins no Canadá
e Iveco na Itália.
33
3.6.3.4 Veículos a gás natural liquefeito
Muito pouco trabalho tem sido feito no desenvolvimento de veículos a gás
natural liquefeito (GNL), dado que a difusão geral do seu uso não é viável devido às
complicações envolvidas no fabrico, distribuição e armazenamento do GNL. Porém,
deverá ser encorajado mais trabalho sobre veículos pesados movidos a GNL (lEA,
1992).
3.6.4 Barreiras técnicas e institucionais
Apesar de existirem incentivos económicos, um conjunto de limitações tem
muitas vezes, evitado que o gás natural tenha grandes penetrações no mercado de
veículos.
De facto, existem barreiras técnicas e institucionais que podem actuar contra a
expansão do gás natural no sector dos transportes rodoviários. As principais barreiras
que impedem o desenvolvimento do gás natural como combustível de veículos incluem
a limitada autonomia de operação, a escassez de estações de abastecimento e apoios de
serviços, a falta de disponibilidade de veículos de linha de produção de fabricantes
reconhecidos, a variação na composição do gás e a inconsistência dos regulamentos
aplicáveis.
A introdução de aplicações individuais de reabastecimento de baixo custo que
podem ser ligadas a um fornecimento de gás doméstico está a ajudar a resolver o
problema da limitada disponibilidade de combustível.
A natureza e escala da alteração social e industrial requerida para trazer um
número significativo de veículos a gás natural para serviço significa que será essencial
a continuação do apoio e assistência do governo. Têm sido empregues, no passado,
várias formas de subsídio, incluindo benefícios fiscais, abatimentos nos custos de
conversão e aquisições de frotas de veículos pelo governo. A natureza exacta do apoio
requerido depende das circunstâncias nacionais.
O apoio para a expansão das redes de abastecimento de combustível é
particularmente necessário devido aos elevados níveis de investimento em capital
envolvidos (IEA, 1992).
De acordo com a Agência Internacional de Energia, será necessária uma
investigação no que respeita à tecnologia de motor e de veículo, sendo a principal
preocupação a de produzir motores e veículos que sejam especificamente desenhados
para operar com gás natural. Outros aspectos que deverão ser estudados são;
- Efeitos da composição do gás natural sobre a "performance" do motor e
emissões de escape;
- Uso de biogás como combustível de veículo;
- Sistemas de controle do motor e da mistura ar/combustível;
- Estratégias de combustão e "design" da câmara de combustão;
- Controle catalítico das emissões de escape,
- Cilindros de armazenamento de combustível mais leves.
34
Os fabricantes de equipamento original deverão ser encorajados no sentido do
desenvolvimento de veículos e motores optimizados, pois para além de serem os
especialistas e terem os recursos necessários para as tarefas que deverão ser
empreendidas, poderão fornecer um grau de credibilidade ao conceito de NGV que
não poderá nunca ser obtido através de conversões feitas em veículos depois de
adquiridos. Contudo, os fabricantes necessitam de ser convencidos de que existe um
mercado para novos produtos a fim de poderem investir os seus recursos.
Os governos poderão encorajar a actividade de NGV através da cooperação na
padronização de códigos de segurança e regulamentos de emissões, o que fará diminuir
o trabalho de ter de produzir motores e equipamentos de conversão para diferentes
especificações, com os consequentes aumentos no custo unitário. Uma actividade
fortemente relacionada é a criação de programas educacionais e de formação para o
serviço e manutenção do NGV.
Cada país ou região que pretenda introduzir um programa de NGV terá de
fazer a sua própria análise racional para saber se deverá usar um novo combustível de
veículo. Existe, porém, uma grande necessidade de discussão sobre este assunto,
esperando-se que a Associação Internacional para os Veículos a Gás Natural (IANGV)
tenha um papel importante na promoção dessa discussão e na divulgação de
informação.
Em cada situação, as consequências estratégicas, económicas, técnicas e
ambientais devem ser avaliadas antes que qualquer decisão seja tomada. Não se poderá
afirmar que os combustíveis gasosos dominarão o mercado dos combustíveis
alternativos, mas que com outras escolhas de combustíveis alternativos, o seu uso
aumentará em relação aos combustíveis convencionais.
Segundo BASSI(1993), a análise das vantagens e desvantagens do gás natural
como combustível de veículos a motor e das oportunidades e problemas leva a que se
devam considerar os seguintes aspectos:
- Determinação das vantagens económicas efectivas do gás natural como
combustível de veículo a motor para os utilizadores potenciais (de acordo
com a situação nacional particular);
- Aumento dos esforços técnicos feitos pelos fabricantes no sentido de
melhorar os benefícios ambientais do gás natural como combustível de
veículo;
- Difusão e desenvolvimento das estações de abastecimento e aumento da
procura dos compradores;
- Estabelecimento de padrões e certificação da composição e propriedades
do gás natural como combustível de motor;
- Estabelecimento de padrões e programas de certificação para os
equipamentos de NGV (como forma de garantir uma maior segurança).
3.6.5 Condições para o desenvolvimento
Existe uma oportunidade para o gás natural como combustível de veículo, mas
o seu desenvolvimento depende da satisfação de um conjunto de condições. Em
35
termos de procura, o utilizador final, seja público ou privado, requer padrões de
serviço respeitantes à acessibilidade, segurança e resultados que sejam comparáveis
aos dos outros combustíveis. A economia do uso do veículo a gás natural deve
também justificar o custo inicial de conversão e a construção de estações de
abastecimento bem como compensar quaisquer restrições que o sistema ainda imponha
aos utilizadores.
Para satisfazer pelo menos algumas destas condições, a indústria de gás tem um
importante papel a desempenhar, garantindo a disponibilidade do combustível e a
acessibilidade às redes. Esta situação poderá ser alcançada em qualquer parte onde o
gás natural tenha atingido um nível de difusão suficientemente elevado, servindo os
mercados "tradicionais" dos sectores industrial, residencial e comercial.
A presença nestes sectores de procura ainda não saturada pode levar a indústria
do gás a não considerar prioritária a necessidade de acção numa grande escala num
sector fora da sua tradicional área de operações.
Os fabricantes de veículos e de componentes têm uma contribuição a dar na
satisfação das necessidades de consumo, com os necessários níveis de serviço
relacionados com o gás natural como combustível de veículo. Os produtores de
veículos, em particular, podem produzir NGV exclusivos para este combustível,
permitindo níveis de "performance" comparáveis aos dos veículos tradicionais, sem o
inconveniente de fazer conversões.
Não é provável que o utilizador final sinta a necessidade de combustíveis mais
limpos a não ser que estes permitam níveis de serviço e custos mais ou menos idênticos
aos outros combustíveis, mais poluentes.
A indústria de gás, tem sido tradicionalmente sensível às preocupações
ambientais e às oportunidades relacionadas com elas, investigando normalmente
tecnologias mais "limpas", mas as qualidades ambientais do gás natural não são
suficientes para encorajar intervenções de larga escala, devido ao quadro geral incerto
e às limitadas oportunidades comerciais que o sector oferece correntemente
(BRANDA, 1992).
3.7 Estudos de avaliação económica de NGV
3.7.1 Estudos Canadianos
Em 1991 o "Canadian Energy Research Institute" (CERI) preparou um
relatório examinando a viabilidade do gás natural num conjunto de tipos de aplicações.
Nessa altura, o diferencial de preço entre o gás natural e a gasolina variava
nacionalmente entre Cdn$0.29 na costa ocidental e Cdn$0.19 em Quebec, numa base
de energia equivalente por litro.Este diferencial incluía impostos sobre combustível
federais e provinciais entre CdnSO.ló e Cdn$0.20 por litro aplicados à gasolina. O
custo de estações de abastecimento e conversões de veiculo era, por outro lado.
36
geralmente o mesmo em todo o país. Por consequência, quanto maior fosse o
diferencial de preço mais atractiva se tomaria a opção gás natural.
O quadro seguinte resume o beneficio líquido para o conjunto de custos de
conversão considerados. O CERI utilizou cenários base, optimista e pessimista para os
custos de conversão e considerou um diferencial do preço do gás natural em relação à
gasolina de Cdn$0.25 por litro equivalente (Cdn$7.10/GJ). O diferencial de preço
considerado entre o gasóleo e o gás natural é mais baixo porque cada litro de gasóleo
tem mais conteúdo energético que a gasolina e é taxado a uma taxa mais baixa.
De acordo com o estudo efectuado, é muito difícil, no Canadá, justificar
economicamente a conversão de veículos ligeiros privados. Contudo, veículos
similares em operação de frota com um uso anual de combustível mais elevado
oferecem benefícios mais atractivos. Em veículos pesados tais como autocarros, a
viabilidade é conduzida pelos custos de conversão. Se um motor pesado for
substituído por um motor a gasolina convertido para uso de gás natural e os custos de
conversão forem relativamente baixos, os veículos de frota oferecem excelentes
períodos de retomo.
QUADRO 3.3 - Poupanças de combustível de veículos convertidos para gás natural
PM^UKII 4»
CMBtouUvtl
BcruHclo kqi44a
Owt»! ée Cwivmio
(CdnS)
(C«)
(CAiS)
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Baie
Optktdete
Baie
PeeMete
Vide
ivioo
Km
10%
ene
(anei)
Km
5
-715
3 200
2 41!
205
-715
2 200
2 >00
20 000
Vnculoi Lifelrot
12.S
PtllOlIl
7 na
4 511
4 111
3 200
9 310
2 200
2 «00
Veiculei Liftkei
75 000
5
12.5
d» Frei*
7 023
4 253
4 200
10 723
7 523
3 200
3 700
40 000
1
Veiculei Peacdei
35
(> 3.1^5.6 k|)
337
25 000
24 442
4 442
2 142
20 000
22 SOO
7
Veiculei Peiedoi
46
70 000
(eprex. 47000 k|)
12417
-17 313
32 417
- 2 313
50 000
20 000
35 000
50 000
U
53
Aulecerrei Urkenei
Fonte: IEA, 1992.
Quando os motores a gasóleo pesados são convertidos para gás natural e
quando devem ser armazenados grandes volumes de gás natural dentro dos veículos, o
custo de conversão é crítico.
No Canadá, verificou-se nos últimos anos, um grande interesse pelas aplicações
de autocarro para transporte urbano, tendo as contribuições económicas mais
detalhadas sido feitas pelo governo de Ontário para frotas em Toronto, Hamilton e
Mississuaga.
A análise do custo do ciclo de vida de autocarros para transporte urbano em
Ontário baseou-se na tecnologia corrente e nos preços de combustível de 1989 para o
gás natural e gasóleo. O estudo assumiu um custo de capital adicional de Cdn$35 000
para um autocarro , uma frota de 250 veículos com uma única estação compressora
"fast-fíir e custos de combustível de Cdn$0.135/m3 (CdnS3.70/GJ) para o gás natural,
Cdn$0.37/litro (Cdn$10.20/GJ) para o gasóleo corrente e Cdn$0.46/litro
(Cdn$12.70/GJ) para o futuro gasóleo sem enxofre. O combustível sem enxofre será
necessário no futuro para respeitar os novos regulamentos de emissões. Por outro
lado, os motores "Diesel" necessitarão provavelmente de usar armadilhas para
37
partículas e/ou catalisadores de oxidação. Assim, a futura tecnologia "limpa" de
gasóleo será mais dispendiosa.
O estudo concluiu que com a estmtura de impostos existente, custaria
Cdn$0.20/100 Km menos durante a vida do autocarro a operar com gás natural
quando comparado com o gasóleo. Previa-se que o autocarro a gasóleo "limpo"
custasse cerca de Cdn$7.60/100 Km mais para operar que os autocarros "Diesel"
correntes na altura. Se a estrutura de impostos fosse alterada para tratar os
combustíveis igualmente, o gás natural custaria cerca de Cdn$5.20/100 Km mais para
operar durante o ciclo de vida do veículo quando comparado com o autocarro "Diesel"
corrente. Segundo a estrutura de impostos revista, estimou-se que o autocarro
"Diesel" "limpo" custasse cerca de Cdn$7.10/100 Km mais que o autocarro "Diesel"
corrente para operar.
Os custos do ciclo de vida para o gás natural, não incluiram o impacto
potencial da redução da capacidade de transporte de passageiros dos autocarros NGV,
que é o resultado do significativo inconveniente de peso imposto pelos cilindros de
armazenamento de combustível. Com base nos autocarros urbanos típicos canadianos
e na carga de passageiros permitida por eixo, a capacidade de um autocarro a gás
natural seria reduzida em cerca de 16 % a 20 %, ou seja, 15 passageiros. Se os
autocarros estivessem a funcionar com a capacidade total, isto poderia representar um
significativo custo adicional para o gás natural dado que seriam necessários mais
autocarros ou um eixo adicional para a mesma carga total de passageiros.
3.7.2 Estados Unidos da América
Nos Estados Unidos da América, segundo a Associação Americana de Gás o
diferencial do preço do gás natural tem variado nos últimos anos entre $0.12 e $0.18
por litro equivalente de gasolina ($3.60-5.50/GJ). Com um diferencial de $0.18 por
litro ($5.50/GJ), é estimado um período de retomo para um veículo ligeiro de
equipamento original (OEM) em menos de um ano, enquanto para veículos
convertidos o período de retomo estimado se situa entre dois e quatro anos, sem os
custos de infra-estruturas.
A Agência para a Protecção do Ambiente (EPA9) dos Estados Unidos da
América efectuou uma análise dos efeitos económicos e ambientais do gás natural
comprimido (GNC) como combustível para veículos ligeiros e pesados.
No estudo da EPA é feita uma análise sobre o estabelecimento do preço do gás
natural para uso em veículos ligeiros, sendo analisados todos os factores que
determinam o preço de retalho do gás natural: produção e refinação, transporte e
distribuição, construção da estação de abastecimento e operações, mercado e
impostos.
Com base nestes factores a EPA calcula os preços de energia equivalente de
gasolina e gás natural de várias situações alternativas baseadas na quantidade de
combustível a ser distribuído por estação de abastecimento. São projectados dois
9
EPA - Environmenlal Proieclion Agcncy
38
preços de gás natural alternativos baseados na fonte de energia usada para fazer
funcionar o compressor da estação de reabastecimento.
O quadro que se segue apresenta valores que foram objecto de uma
generalização para adequar a situação global nos Estados Unidos da América e que
resultam num diferencial de preço de $0.08 por litro equivalente ($2.40/GJ), que é
substancialmente menor que o diferencial de $0.16 a $0.24 ($4.80 - $7.30/GJ)
existente no Canadá. No caso do pior cenário, o preço do gás natural é $0.05 por litro
($1.50/GJ) maior que o preço da gasolina.
QUADRO 3.4 - Comparaçfto do preço da gasolina e da energia equivalente de GNC
(SUS e litro equivalrntg de gasolina, EPA. Estados Unidos da América^)
(
Gás Natural Comprimido
Gasolina
Compressão eléctrica
Extracçáo e refinação
S0.184
Gás Natura] distríbuido
50.08/0.14/0.18*
á estação de serviço
Distribuição de longa
50.016
distância e local
Custo da estação de serviço
50.01-0.03
capitalizado
50.02
Despesas de operação
50.005-0.018
Despesas gerais
e de manutenção
50.02
50.02
Mercado da estação
de serviço
50.06
50.06
Impostos
50.20/0.28/0.33*
50.28
TOTAL
• Os três valores representam para as estações de bombear o equivalente a
aproximadamente 2.0, 2.5 e 2.8 milhões de litros de gasolina anualmente.
Fonte: IEA, 1992.
Compressão com GNC
50.08/0.14/0.18*
50.02-0.03
S0.005-0.01
50.008-0.021
50.02
50.06
50.20/0.28/0.33*
Assumindo o melhor caso de cenário, um carro de passageiros andando
20 000 km anualmente, com um consumo de combustível de 12 litros/100 Km
necessitará de 15 anos para recuperar os custos de conversão. O custo de conversão é
assumido ser a média das estimativas feitas pela EPA ($2600-$3300). No caso de um
veículo ligeiro de mercadorias numa operação de frota, o período de retomo ocorreria
em quatro anos, considerando um consumo de combustível de 12 1/100 Km, uma
quilometragem anual de 75 000 Km e os custos de conversão médios da EPA.
A EPA estimou também os custos de $1600 para veículos "dual fuel" e $900
para veículos ligeiros para uso exclusivo de gás natural, de fabrico original e produção
em massa. Se estes custos forem substituídos nos exemplos anteriores, os períodos de
retorno são reduzidos para oito e cinco anos respectivamente para o carro privado de
passageiros e para dois e um ano respectivamente o veículo ligeiro de mercadorias.
Estes resultados indicam que os NGV ligeiros podem ser economicamente
viáveis nos Estados Unidos da América em aplicações onde existem veículos com um
elevado consumo de combustível ou muito baixos custos de conversão ou de
aquisição. As conversões podem também ser economicamente viáveis em estados
específicos ou comunidades onde as reduções de impostos, legislação ambiental,
abatimentos e subsídios fazem aumentar a atractividade financeira do gás natural.
39
Na análise da EPA sobre veículos pesados, chegou-se à conclusão que um
motor a GNC de combustão estequiométrica oferece poupanças significativas de
custos de combustível em relação a um equivalente motor a gasolina. A economia de
combustível de substituir um motor "Diesel" por um motor para uso exclusivo de GNC
não é tão boa, especialmente com a tecnologia corrente de GNC. Isto já era de
esperar, pelo facto de que os motores "Diesel" já representam uma forma muito
eficiente de consumo de combustível e pelo custo relativamente baixo do gasóleo
comparado com a gasolina.
A comparação do custo de combustível da EPA incluiu o preço do gás natural,
bem como os custos de distribuição, capital de compressão e operação. A EPA conclui
também que a única área onde se espera aumentar o custo de veículos GNC pesados
para um grau significativo é a do armazenamento de combustível. O aumento de custo
líquido (custo dos cilindros de armazenamento de combustível menos o custo dos
reservatórios de gasóleo não necessários) é estimado estar entre $1990 e $9900,
dependendo do tipo de instalação e do número de cilindros. Os elevados custos finais
são definidos para um veículo, e representam um aumento no custo do veículo de
cerca de 5 %. A EPA menciona também que o inconveniente de peso e dimensão de
necessidades de grande armazenamento podem dificultar algumas aplicações, podendo
este inconveniente ser significativo.
Estas conclusões para veículos pesados diferem das dos estudos canadianos
ilustrando diferenças nos custos de combustível e estrutura de impostos. Deve notar-se
também que a EPA não apresenta qualquer aumento nos preços do gasóleo que são
previstos para gasóleos de baixo teor de enxofre necessários para respeitar novos
regulamentos de emissões.
QUADRO 3.5 - Comparação de custos
de combustível de veículos pesados
Custos de combustível do veiculo
(por litro equivalente de energia)
Comparação com a Gasolina
Corrente
S0.29
S0.18-S0.30
Gasolina:
GNC estaquiomctrico:
Optimizado (futuro)
S0.17-S0.29
Comparação com o Gasóleo
|Gasóleo
| Combustão pobre de GNC
Fonte: IEA, 1992.
S0.25
S0.32-S0.54
$0.28-S0.48
3.7.3 Estudos do Banco Mundial
O Banco Mundial está envolvido na procura da viabilidade económica de
combustíveis alternativos em países em desenvolvimento. A sua análise da viabilidade
económica do gás natural é de particular interesse dado que existe uma preocupação
com a economia numa escala mundial. Apesar do seu trabalho estar orientado para a
realidade do mundo em desenvolvimento, as suas considerações de custos e tecnologia
40
baseiam-se na experiência dos principais países industriais que têm frotas de NGV a
funcionar.
O Banco Mundial tem também tentado ultrapassar a complexidade que
caracteriza a contribuição económica das conversões de veículos a gás natural através
do desenvolvimento de um número limitado de cenários de frota baseados nos preços
do petróleo e do gás natural à entrada da cidade. Num documento apresentado na
"Gaseous Fuels Conference" realizada em Vancouver em 1986, o Banco introduziu um
modelo que examinava oito cenários de frota possíveis. Os oito cenários representam
aplicações desde automóveis ligeiros até camiões pesados e autocarros. A gama dos
cenários incluía também uma variedade de opções de reabastecimento adequadas às
particularidades da frota.
QUADRO 3.6 - Considerações do Modelo Económico do Banco Mundial
Custo de Conversáo
Uso anual de combustível
USS
em litros
1.010
1.474
Carro a gasolina privado
1.010
2.720
Carro a gasolina de frota
6.825
1.775
Táxi (a gasóleo)
1.620
4.808
Camioneta "pick up" (a gasóleo)
2.670
15.075
Camioneta de 20 Ton. (a gasóleo)
12.167
2.085
Mini-autocarro (a gasóleo)
22.344
2.265
Autocarro de cidade (a gasóleo)
3.150
24.083
Autocarro intercídades (a gasóleo)
Fonte: IEA, 1992.
O modelo considera também preços do petróleo bruto de US$10-US$25 por
barril e preços do gás natural de cerca de $1.25/GJ, excluindo todos os impostos. Este
valor, apesar de baseado em níveis de preços de 1986 estava ainda próximo do custo
do gás natural em 1991 nos Estados Unidos da América. Os custos de conversão
referidos no estudo eram baixos pelos padrões correntes e eram mais representativos
em 1992 do diferencial de preço esperado para um NGV de produção original.
Num estudo mais recente, o Banco Mundial analisou o preço do petróleo bruto
que seria necessário para tomar o gás natural um combustível economicamente
alternativo. Neste estudo, o Banco assume custos de conversão entre $1 000 e $4 500
dependendo do tipo de veículo. O Banco Mundial concluiu que em 1992 o GNC não
seria competitivo em carros com preços do petróleo bruto inferiores a $45 por barril,
com preços do gás à saída da poço de cerca de $1/GJ e pequenos gasodutos de
transmissão. As aplicações mais prometedoras são de transporte público (táxis e
autocarros) onde o gás está disponível localmente e são usados sistemas "slow-fiH".
QUADRO 3.7 - Análise do Banco Mundial: Preço do Petróleo Bruto
de Transição (USS/bbl) com um preço do gás de USS1/GJ
1
Transmissão "FastTransmissão "SlowFill"
Fill"
Veículos
Carros
Táxis
Camiões
Autocarros
Fonte: IEA, 1992.
Local
45
27
44
27
Distante
55
36
54
38
41
Local
36
18
35
18
Distante
46
28
45
29
Apesar destes resultados poderão existir situações individuais onde o gás
natural possa ser financeiramente viável. Variações regionais, tais como reduções nos
impostos, concessão de subsídios, regulamentos ambientais ou a disponibilidade de gás
natural de mais baixo custo podem ter um grande impacto sobre a viabilidade deste
combustível (IEA,1992).
3.7.4 Estudos da Ag ncía Internacional de Energia
A Agência Internacional de Energia preparou e utilizou, em 1992, um modelo
analítico para ilustrar a relação entre os principais factores na viabilidade económica e
financeira dos NGV. Estes principais factores de custo incluem;
- O diferencial de preço entre o gás natural e a gasolina, ou gasóleo,
quando distribuídos ao veículo;
- Os custos extra de conversões após aquisição, ou custos incrementais de
novos veículos equipados para operar com gás natural;
- A distância anual percorrida por veículo e, por consequência, o
combustível consumido;
- O tipo de estação de abastecimento que é usada;
- O impacto dos impostos sobre combustível.
As considerações foram simplificadas tanto quanto possível para mostrar a
relação entre estas variáveis. O modelo foi também utilizado para indicar aplicações de
veículo e regiões geográficas para os quais o gás natural seria economicamente viável.
O modelo utilizou uma análise de cash-flow actualizado, tendo sido usada uma
taxa de actualização de 5 %, para que os resultados fossem apresentados em termos
reais. A taxa de inflação era de 10 %. O modelo foi utilizado para determinar o preço
do gás natural que seria necessário para permitir um valor líquido actual superior a
zero, indicando, assim, viabilidade económica.
O preço do gás natural resultante foi depois comparado com os preços
previstos para a América do Norte, Japão e Europa. O preço do gás natural refere-se
ao preço do gás fornecido à estação de abastecimento antes do manuseamento e
compressão. Os factores de custo para a estação de abastecimento incluem custos de
compressão, manutenção, operação e financiamento. O governo de Ontário estimou,
em 1991, estes custos em $0.14 ($3.87/GJ) por metro cúbico de gás natural. Embora
tenham sido feitas outras projecções por outras entidades, nesta análise foram usados
estes custos, por questões de simplicidade.
Para os veículos ligeiros de passageiros, considerou-se que os veículos
percorreriam 20000 km por ano, um período de vida de 6 anos e o uso de estações de
abastecimento público. Foi admitido um cenário 1-a para a tecnologia de conversão
"bi-fúel" correntemente disponível e um cenário 1-b projectado para o uso de
tecnologia optimizada de equipamento original. Para os veículos ligeiros de frota,
foram considerados 60000 km por ano, um período de vida de 5 anos e outras
considerações, entre as quais os cenários 1-a e 1-b, como na situação anterior.
42
Em relação aos veículos ligeiros, concluiu-se que, em 1992, os NGV, usando a
tecnologia corrente "bi-íuel" não são atractivos como veículos de passageiros de baixa
quilometragem, a não ser que existam incentivos financeiros substanciais na forma de,
por exemplo, poupanças nos impostos sobre combustíveis. Os NGV, assumindo que a
tecnologia de equipamento original se encontra disponível, serão economicamente
atractivos para preços de gás natural de cerca de $0.12 por metro cúbico ($3.30/GJ)
distribuído à estação de abastecimento, mesmo excluindo os impostos sobre
combustíveis.
Este cenário parecia possível na maior parte dos países da Agência
Internacional de Energia, excepto, possivelmente, nos Estados Unidos da América, que
tinha preços de gasolina muito baixos.
A viabilidade financeira e económica dos NGV aumenta quando a distância
anual e o consumo de combustível aumenta, como no caso de aplicações de frota. Os
veículos de frota de elevada quilometragem, fabricados com equipamento original,
poderão ter resultados económicos positivos.
Para os veículos pesados, foi considerado um autocarro urbano em duas
situações distintas; uma com reabastecimento "Fast-Fill" e outra com reabastecimento
"Slow-FiH". No primeiro caso, são admitidos 60000 km por ano, 15 anos de vida,
custo adicional de $20000 por autocarro e $23000 por autocarro para a estação de
abastecimento "Fast-Fill". No segundo caso, são admitidos 60000 km por ano, 15 anos
de vida, um custo adicional de $20000 por autocarro e $1500 por autocarro para
custos da estação de abastecimento.
A Agência Internacional de Energia conclui, com base neste modelo, que a
viabilidade do uso de gás natural é fortemente influenciada pelo tipo de infra-estrutura
de investimento necessária. O gás natural para utilização em autocarros urbanos será
economicamente atractivo se os custos da estação de abastecimento poderem ser
minimizados. Se a tecnologia "Diesel" tiver de ser alterada, por forma a satisfazer os
novos regulamentos de emissão, o gás natural poderá ser uma alternativa competitiva
(IEA, 1992).
3.8. Algumas experiências internacionais de utilização de NGV
3.8.1 Introdução
O
gás
natural como combustível de
veículo
foi, inicialmente,
desenvolvido na Itália e tem-se espalhado por mais de 40 países onde fornece
energia a veículos ligeiros privados e a frotas de autocarros públicos. Porém, o
impulso mais recente na conversão para GNC tem sido dado, em especial, na Nova
Zelândia e Canadá e em certa medida nos Estados Unidos.
As maiores populações de NGV encontram-se em Itália e nos ex Estados
Soviéticos. A Nova Zelândia, a Argentina, o Canadá e os Estados Unidos da América
têm também, cada um, grandes quantidades de veículos a gás natural em operação.
43
Muitos países que possuem frotas relativamente pequenas têm, apesar disso,
anunciado programas de larga escala para o futuro desenvolvimento dos seus
próprios NGV, como por exemplo a Argentina (futuro programa para 135000 NGV),
Indonésia (100000), Tailândia (50000) e Paquistão (21000).
3.8.2 Itália
A Itália é o país que, neste campo, tem tido maior experiência. No início dos
anos 40, o período em que a SNAM10 foi fundada, os primeiros fornecimentos de gás
natural (alguns milhões de metros cúbicos) foram devotados quase inteiramente para
os NGV. A razào para isto foi a disponibilidade deste combustível em Itália numa
altura em que outros combustíveis eram difíceis de obter devido à guerra.
Graças às adaptações feitas aos veículos e à construção de estações de
compressão para os abastecer, o gás natural podia dar uma contribuição para as
modestas necessidades de transporte dessa altura. Contudo, a crescente disponibilidade
de produtos de petróleo do início dos anos 50 encorajou o uso de combustíveis
líquidos em veículos.
O choque petrolífero de 1973 criou uma nova razão para o uso de gás natural
no sector dos transportes, nomeadamente devido ao substancial benefício económico
que podia ser ganho pelo utilizador, dado que tinha uma vantagem de preço sobre
outros combustíveis. Como resultado, os fomecimentr- de gás natural para veículos
atingiram, em 1976, cerca de 350 milhões de metros cúbicos.
Os crescentes padrões de vida tiveram o efeito de reduzir o desejo das pessoas
de usar um combustível que, apesar de barato, tinha dificuldades em ser usado e
fornecido e esta foi, indubitavelmente, a principal razào pela qual a procura corrente
caiu para cerca de 250 milhões de metros cúbicos por ano, ou 0,6 % do total de
consumo de combustíveis de veículo em Itália. Em 1992, estavam na estrada cerca de
250000 veículos a gás natural (cerca de 1.1 % do número total de veículos), sendo
quase todos eles para uso privado.
Das iniciativas existentes em Itália, merecem referência as de Ravenna, Udine,
Florença e Trento, no campo dos transportes públicos, e as da SNAM em Milão, ASM
na Brescia , Italgas, Turin e Roma no que respeita a companhias de frotas de veículos
operando principalmente em áreas urbanas (BRANDA, 1992).
A SNAM é uma das companhias com uma experiência mais significativa no
campo das frotas de veículos ligeiros, tendo convertido mais de 500 veículos em pouco
mais de três anos, com uma distância percorrida de mais de 12 milhões de
quilómetros.
Em 1950, 6 % dos automóveis e 2 % dos camiões e autocarros funcionavam
em Itália a gás natural. Existiam cerca de 1500 estações de reabastecimento e
numerosos fornecedores de equipamento de conversão, compressão e armazenamento,
que se tornaram fabricantes mundiais de tecnologia de NGV. Nem todas as estações de
10
Indúslria automóvel.
44
abastecimento tinham compressores. Muitas eram apenas pontos de troca de cilindros,
já que um método popular de reabastecimento, nessa altura, era remover fisicamente o
cilindro vazio do veículo e trocá-lo por um cheio, tal como é hoje, por vezes, feito com
veículos e equipamento a GPL (Gases de petróleo liquefeitos).
3.8.3 Estados Unidos da América
Nos Estados Unidos da América, em sequência da utilização de combustíveis
tradicionais nos transportes, a crescente gravidade dos problemas de poluição
atmosférica em muitas cidades, combinada com necessidades de reduzir a dependência
do petróleo importado, têm conduzido a uma reavaliação das opções de combustível
de transporte.
O crescimento do tráfego rodoviário tem forçado a tomada de certas medidas
para contrariar a deterioração na qualidade do ar. E geralmente aceite que os padrões
de emissão de escape mais rigorosos são os dos Estados Unidos especialmente, os da
Califórnia.
Com uma longa história de legislação cada vez mais rigorosa muitas emissões
poluentes foram controladas em 90 a 95 % durante um período de 23 anos. Apesar
destes esforços, principalmente devido a aumentos inesperados no transporte
rodoviário verifíca-se ainda que mais de 50 % da população dos Estados Unidos vive
em regiões onde a qualidade do ar excede regularmente os padrões admitidos
(NAAQS1^). Considerou-se que o "Clean Air Act" de 1970 (uma lei ambiental
desenvolvida para melhorar a qualidade do ar nos Estados Unidos) era
insuficientemente eficiente e, como resultado, tiveram de ser tomadas medidas mais
rigorosas expressos no "Clean Air Act Amendment" de 1990.
O "Clean Air Act Amendment" impõe a introdução específica de veículos de
combustíveis alternativos (AFVs12) em frotas, como uma solução para a poluição
urbana.
Todos os anos a qualidade do ar em áreas metropolitanas é medida em todo o
país em comparação com os padrões nacionais de qualidade do ar (NAAQS). A
Agência para a Proteção do Ambiente (EPA) ordena as cidades de acordo com a
gravidade da sua poluição, sendo dois dos poluentes controlados o ozono e o
monóxido de carbono.
O "Clean Air Act" define como "combustíveis limpos" o gás natural, o etanol, o
metanol ou outros álcoois, misturas contendo 85 % ou mais de metanol, etanol e
outros álcoois, gasolina e gasóleo reformulados, propano, electricidade e hidrogénio.
Os Estados Unidos da América são agora um dos mercados mais activos
na conversão de veículos para GNC, estando um dos maiores programas a ser
empreendido em Denver, Colorado, uma área que espera ter mais de 20000 veículos
convertidos para GNC por volta de 1996. A companhia local de distribuição de
I! AFVs
ArvcQS
Al^rn^nal Fuel
p"íw"!.^
" S,andD.;
ardsVAN
(HEATON,
D.. VAN
12
- Alternanve
Veh.cles (HEATON,
DER WEITE.
J., DER
1993),WHITE. J.. 1993)
45
gás, Companhia de Serviço Público de Colorado, está a desenvolver o sistema de
reabastecimento necessário a fim de encorajar as conversões para GNC.
Existem dois factores cruciais que colocam o programa de GNC de Denver à
parte dos outros. O primeiro é a disponibilidade de abastecimento de gás a baixo
custo e o segundo é o facto de o estabelecimento do preço de GNC nào estar sob a
jurisdição das agências reguladoras locais. A área das Montanhas Rochosas, é uma
fonte de reservas significativas de gás, e uma vez que não existe grande mercado
local, os preços do gás estão entre os mais baixos dos Estados Unidos.
Mais de 30000 veículos a gás natural estavam, em 1992, a operar nos Estados
Unidos da América. A Ford, a Chrysler e a General Motors são as empresas mais
activas neste campo. Outros fabricantes que fornecem o mercado dos Estados Unidos
estão a desenvolver veículos, mas nào têm anunciado planos de produção nem de
"Marketing". As companhias de gás estão a promover a expansão do mercado
fornecendo facilidades aos fabricantes para desenvolver os NGV.
A maior parte dos camiões, são adquiridos por companhias de gás natural para
uso nas suas próprias frotas. Certos corpos do governo, tais como o "South Coast Air
Quality Management District" na Califórnia, ficam também com alguns deles para fins
de avaliação. Espera-se que com os "Clean Air Amendments" de 1990 contribuam para
o aumento, no futuro, das vendas no sector da frota comercial (IEA, 1992).
Estima-se que os cerca de 30000 veículos a gás natural a operar, actualmente,
nos Estados Unidos da América consumam três biliões de pés cúbicos de gás por ano
(EQU1TABLEGAS, 1994).
3.8.4 Canadá
Cerca de 26000 veículos canadianos tinham sido convertidos, até 1992, para
operar com gás natural. O quadro seguinte mostra a distribuição por provincia e o
número de estações de abastecimento disponíveis.
O Canadá possui grandes reservas de gás natural, tendo a "Consumers Gas"
começado a desenvolver NGV em 1983, convertendo correntemente mais de 100
veículos por mês. Existiam, em 1992, cerca de 4000 NGV na área de Toronto, 20
estações de abastecimento público para os servir, sendo também concedidas facilidades
aos consumidores no aluguer de utensílios/ferramentas para abastecimento doméstico.
Os programas de conversão no Canadá foram desacelarados em 1991, devido a
uma escassez de cilindros de armazenamento. Em 1992 apenas os cilindros de aço
eram aprovados para uso em veículos.
46
UADRO 3.8 - Veículos a gás natural no Canadá
Estações de
Estações de
Veículos
Província
Abastecimento
Abastecimento
Convertídos
Privadas
Públicas
6
46
10975
British Columbia
19
Alberta
656
1
16
0
1
Saskatchewan
0
2
Manitoba
69
17
43
Ontário
9675
4680
21
5
Quebec
26071
111
50
Total
Fonte: EEA, 1992.
A maior parte das comunidades canadianas de qualquer dimensão são servidas
por um gasoduto de gás natural, sendo uma elevada proporção de casas canadianas
aquecidas por gás natural. Esta situação permite uma grande oportunidade para a
promoção de aplicações de reabastecimento doméstico, que têm sido vendidas por
companhias regionais de gás.
Estas aplicações de reabastecimento são muito práticas para pequenas frotas
bem como para o consumidor doméstico, podendo também fornecer um excelente
modo para uma frota de qualquer dimensão testar alguns veículos a gás natural sem
efectuar a despesa em capital associada à estação compressora de larga escala (IEA,
1992).
3.8.5 Grã-Bretanha
A "British Gas" tem estado interessada nesta área há já algum tempo. Mas com
a sua recente aquisição da "Consumers Gas", uma companhia canadiada com mais de
oito anos de experiência em veículos a gás natural, está a intensificar a sua
investigação e a fazer mais trabalhos neste campo.
Vários veículos diferentes passam, correntemente, por experiências e trabalhos
de desenvolvimento e são usados para demonstrar as qualidades e potencial dos NGV,
estando três estações de investigação da "British Gas" a trabalhar em vários aspectos
da tecnologia de novos veículos, incluindo testes em cilindros de alta pressão, técnicas
de armazenamento a baixa pressão, facilidades de abastecimento, "performance" do
motor e níveis de emissão.
A "British Gas" está também a trabalhar com o Departamento de Transportes
para delinear os novos padrões e regulamentos para o uso alargado de NGV.
Correntemente, cada veículo está sujeito a uma autorização oficial individual, sendo
necessária uma infra-estrutura para produzir e instalar equipamento de conversão.
Estas considerações devem ser feitas antes que este novo combustível esteja
disponível para operadores de frotas comerciais e, subsequentemente, motoristas
privados. Ao mesmo tempo, estão a ser feitos esforços para convencer o governo
britânico e a Comunidade Económica a encorajar as pessoas a usar este combustível.
A "British Gas" começou a converter parte da sua frota de veículos para obter
experiência prática de uso de gás natural nos transportes. A primeira estação de
47
abastecimento para estes veículos abriu em Old Kent Road, em Londres, em Maio de
1991.
Estào a ser conduzidos estudos no sentido de converter o táxi tradicional de
Londres para GNC.
3.8.6 Holanda
A Holanda começou apenas uma investigação séria sobre veículos a gás natural
há cerca de dez anos atrás O país tem grandes reservas de gás natural e tem tido
durante muitos anos uma rede de oferta atingindo mais de 90 % dos seus habitantes. A
Holanda tem aproximadamente 700000 veículos a GPL em operação.
A GNC, a
de investigação
desenvolvimento
aproximadamente
principal companhia de gás e a TNO, uma importante organização
sobre motores, têm conjuntamente empreendido trabalho de
e de promoção do NGV. Em 1991 estavam em serviço
150 veículos ligeiros com motores convertidos "bi-fuel".
Em comum com outros países, a Holanda está a procurar veículos "monofuer
logo que exista uma rede adequada de estações de abastecimento para os servir (IEA,
1992).
Nos anos 50, o GPL foi introduzido na Holanda como combustível de veículo,
pois eram produzidas grandes quantidades de GPL como sub-produto nas refinarias de
Roterdão. Através de medidas de natureza fiscal, o governo tomou atractivo o uso de
GPL em automóveis, tendo a aplicação começado a ser realizada em frotas de veículos
que podiam funcionar apenas com GPL, mas depressa se verificou que, com uma
pobre infra-estrutura de estações de abastecimento, o crescimento da aplicação seria
muito limitado. A partir dessa altura, os veículos foram convertidos de tal maneira que
podiam usar também gasolina.
Ultimamente, a TNO alargou o trabalho a outros combustíveis alternativos, tais
como gás natural e combustíveis de álcool.
O envolvimento desta instituição prende-se principalmente com o
desenvolvimento de veículos de consumo óptimo de combustível e baixa emissão,
principalmente em cooperação com a indústria automóvel. Estes sistemas de
combustão gasosa poderão respeitar os muito rigorosos regulamentos futuros de
emissão.
Há cerca de cinco anos a TNO começou a desenvolver um sistema especial de
gestão do motor para motores a GPL e gás natural. Estes sistemas são agora
comercializados pela "Deltec Fuel Systems" (motores estacionários e pesados) e pela
"Necam" (motores ligeiros). O sistema de gestão de motor da TNO é principalmente
baseado nos componentes "General Motors" com equipamento e métodos de
calibração desenvolvidos pela própria TNO.
48
Quando a TNO começou a trabalhar com metanol foi aplicada a sua
experiência inicial com o veículo GPL. F ^ 1967, a TNO começou a desenvolver os
FFW3 (VAN DER WEEDE, J.; SEPPEN, J, 1992).
No âmbito da estabilização das emissões de C02 do tráfego até ao ano 2000,
foi realizada pela TNO uma previsão que aponta serem necessárias substanciais
reduções no consumo de combustível, acompanhadas de restrições ao crescimento do
parque de veículos (HEATON, D.; VAN DER WEITE, J., 1993). Em relação à
introdução do gás natural, a Holanda planeia ter 1000 NGV na estrada em 1995 (IEA,
1992).
3.8.7 Nova Zelândia
A Nova Zelândia tem um grande número de veículos a gás natural nas suas
estradas desde há 10 anos atrás. A cidade de Palmeston está a operar a maior parte da
sua frota municipal de aproximadamente 250 veículos ligeiros, camiões e autocarros
com gás natural desde 1980.
Na Nova Zelândia desenvolveu-se um considerável mercado para veículos a
gás natural privados, o que permite grandes vantagens no que respeita a impostos
sobre o combustível gás natural e conversões de veículos durante o período 1984 a
1986. Esta política foi dirigida para reduzir as importações de petróleo e aumentar o
uso de grandes depósitos de gás natural. Em 1985, cerca de 10 % de veículos da Ilha
do Norte estavam a funcionar com gás natural, e eram feitas 5000 conversões todos os
meses. O número de veículos convertidos atingiu aproximadamente 110000. Em 1986
o governo tirou bruscamente todo o apoio financeiro e promocional para o programa
de gás natural em resposta a uma necessidade urgente de reduzir as despesas públicas.
O movimento do NGV declinou rapidamente, enfraquecido ainda mais pelos estáveis
ou ligeiramente decrescentes preços da gasolina e crescentes preços do gás natural
resultantes da renegociação dos principais contratos de oferta.
Os veículos a gás natural perderam a sua atracção e uma percentagem
considerável do seu valor de revenda. Muitos proprietários removeram os
equipamentos de conversão e voltaram a usar apenas gasolina. Por volta de 1989 o
número de veículos convertidos tinha descido para cerca de 45000. A indústria de
NGV estava, em 1992, a tentar "lutar contra a maré" insistindo que o custo do
combustível gás natural estava ainda apenas em cerca de 65 % do da gasolina.
Contudo, os incentivos de capital para novas conversões de veículos e
expansão da rede de estação de combustível desapareceram e toda a situação de
mercado tem tido uma atmosfera de desconfiança e incerteza que não ajuda as
tentativas de reverter o declíneo e reestabelecer o crescimento do uso de NGV (IEA,
1992).
,3
FFV's - Flexible Fuel Vehicles (VAN DER WEIDE, J.; SEPPEN. J.. 1992).
49
3.8.8 Argentina
A Argentina tem prosseguido uma política de encorajamento dos NGV desde
1984. As conversões de 86000, em 1990, foram muito além do valor planeado
inicialmente, de 48500. O objectivo foi fixado em 134000 conversões e 270 estações
de combustível em operação em 1995. As indicações correntes são de que este valor
pode ser facilmente obtido.
O quadro seguinte mostra o crescimento da população de veículos a gás natural
na Argentina desde 1985.
QUADRO 3.9 - Veículos a gás natural na Argentina
Ano
1985
1986
1987
1988
1989
1990
2065
Veículos
5442
13313
27565
47434
86000
Fonte: IEA, 1992.
I
O principal objectivo do programa de NGV é reduzir o uso de derivados do
petróleo, mas o país está bem consciente dos potenciais benefícios de emissão e
anticipa consideráveis melhorias na qualidade do ar como resultado do número
crescente de veículos a gás natural.
A Argentina tem construído uma considerável indústria de fornecimento de
equipamento de NGV, sendo 75 % dos cilindros de veículo fornecidos fabricados
internamente. A maior parte das conversões efectuadas até 1992 são do tipo
convencional "bi-fuel".
Alguns dos principais fabricantes europeus, incluindo a Fiat-Peugeot e Renault,
fabricam grandes quantidades de veículos na Argentina. Ambas as empresas
manifestaram a sua intenção de fabricar veículos a gás natural com equipamento
original de fábrica num futuro próximo. Estes ainda serão "bi-fuel" (IEA, 1992).
3.8.9 Japão
Em 1990, existiam 29 veículos a gasolina convertidos no Japão, operados por
companhias de gás de Tokyo, Osaka e Toho. No final de 1991, esperava-se que
aproximadamente mais de 50 NGV estivessem em serviço, incluindo algumas
conversões "monofúel".
Quatro estações "quick fíll" e uma estação "slow-fill" estavam em uso, em
1992, e uma outra estava para ser construída em breve. Os regulamentos japoneses
para todos os tipos de estações de reabastecimento de veículos são excepcionalmente
rigorosos e a expansão da rede de abastecimento de gás natural em áreas urbanas é
mais difícil que em outros países. O Ministério do Comércio Internacional e Indústria
(MITI) e a Associação de Gás do Japão (JGA) começaram a elaborar, conjuntamente,
um projecto de três anos para promover o uso de NGV no Japão.
50
O combustível gás natural é visto como um modo de reduzir a poluição urbana
e existem planos de colocar, por volta do ano 2000, vários milhares de veículos em
serviço (EEA, 1992).
3.8.10 Malásia
A Malásia empreendeu recentemente um programa comercial em Kuala
Lumpur visando a conversão de 1100 veículos ligeiros principalmente táxis. O
programa está a ser conduzido pela PETRONAS, a companhia de gás e petróleo de
propriedade do Estado. Uma estação de reabastecimento principal e cinco estações
subsidiárias estão envolvidas no programa (LEA, 1992).
3.8.11 Rússia e Estados do ,,Commonwcalth,,
Os Estados independentes do "Commonwhealth" tinham, em 1992, cerca de
315000 NGV de todos os tipos em serviço. Os desenvolvimentos iniciais estiveram
concentrados no Ukraine e regiões Volga, onde cerca de 25000 veículos convertidos
estiveram em operação desde 1950. A população de NGV està-se a expandir a um
ritmo constante.
Considera-se que os recentes eventos políticos não afectarão o programa e os
planos correntes, de 1992, antecipavam perto de 2 milhões de veículos não muito
depois do ano 2000. A Rússia contém cerca de metade das reservas de gás natural
mundiais conhecidas e fornece grandes quantidades a vários países europeus através de
uma extensiva rede de gasoduto. Dentro das suas próprias fronteiras, o gás é
transportado para toda a Rússia Europeia e para grande parte dos Urais e Ásia Central.
Em 1990, existiam 339 estações de reabastecimento de NGV em 242 cidades.
Têm sido feitas investigações sobre o problema da oferta em áreas remotas,
que tem resultado num sistema de semi-reboques transportando gás com pressão até
300 bar. Estes são enchidos na estação compressora central e são depois transportados
por estrada ou comboio para comunidades não abastecidas através de gasoduto, sendo
também usados para nivelar os picos de procura e fornecer oferta de emergência,
evitando assim a necessidade de uma maior capacidade compressora.
Cada unidade consiste num reservatório de armazenamento e equipamento de
distribuição de gás. Podem ser usados individualmente ou ligados em cascata em
localizações onde são necessários grandes volumes de gás.
A elevada pressão da carga permite uma distribuição até 70 % do gás
armazenado dentro dos reservatórios do veículo, operando a 200 bar. Quando a
pressão se toma demasiado baixa para encher os veículos o restante gás é
frequentemente utilizado em sistemas domésticos ou industriais, que usam menores
pressões.
Todo o equipamento necessário, incluindo o equipamento de conversão do
veículo, compressores, distribuidores de combustível, cilindros e transportador é
fabricado localmente. O "design" do equipamento é geralmente baseado em protótipos
testados originalmente em Itália. A gama de equipamento de conversão cobre 13 tipos
51
de automóveis, três modelos de camiões e um "design" de autocarro. Todos sào
conversões "bi-fuel". O preço do gás natural estava, em 1992, entre 25 % e 50 % do
da gasolina (IEA, 1992).
3.8.12 Outros países
A maior parte dos outros paises que estão a experimentar os NGV estão
principalmente a procurar substitutos para o petróleo importado. Muitos deles, tais
como a índia, o Paquistão e a Tanzânia, têm grandes depósitos de gás natural que não
sào explorados. A perspectiva de usar NGV é, por consequência muito atractiva
economicamente. A Nova Zelândia e a Austrália estão a fazer um grande esforço para
exportar a sua experiência e tecnologia para estes países e vários deles têm agora um
grande número de veículos convertidos na estrada. Todos usavam, em 1992,
conversões convencionais "bi-fuel" (IEA, 1992).
52
4. COMBUSTÍVEIS ALTERNATIVOS
4.1 GNC (Gás Natural Comprimido)
O combustível gasoso mais significativo na campanha contra a poluição
atmosférica é o gás natural usado na forma de GNC (Gás Natural Comprimido).
O gás natural é um excelente combustível de motor. O seu principal
constituinte, o metano, tem propriedades físicas e termodinâmicas que fazem dele um
extraordinário combustível para motores de ignição de faísca. Assim, não é de
surpreender que tenha sido usado nesta operação durante muitos anos. O uso de gás
natural como suplemento e substituição do gasóleo tem sido largamente investigado,
estando também bem estabelecido na prática.
Tanto os motores de ignição de faísca a gasolina como os motores de ignição
de compressão a gasóleo podem ser convertidos para funcionar com gás natural
comprimido. Porém, os fabricantes de veículos estão já a começar a produzir motores
unicamente destinados ao uso de gás natural, os quais optimizam o consumo de
combustível, aumentando a potência e reduzindo ainda mais as emissões (BRITISH
GAS,1991a).
4.1.1 Conversão de veículos
Embora uma adaptação para GNC num veículo originalmente desenhado para
operar com um combustível diferente envolva, obviamente, uma despesa de capital
adicional e compromissos técnicos, a grande maioria de veículos a GNC, hoje em uso,
são adaptações de veículos originalmente desenhados para utilizar gasolina ou gasóleo
e têm estado a operar com sucesso e com suficientes poupanças nos custos de
combustível para justificar que os seus proprietários continuem a operar com eles.
QUADRO 4.1 - Estatística de conversão de veículos (1988)
Estações de
Veículos
Conversões
País
Reabastecimento
Convertidos
"diesel"
70
230
270000
Itália
450
50
110000
Nova Zelândia
■
250
70000
Ex-URSS
290
30000
50
Estados Unidos da America
10
130
15000
Canadá
43
10000
Argentina
2000
China
150
25
500
Austrália
Fonte: 1ANGV; 1990.
O combustível GNC não pode ser usado num veículo a gasolina ou gasóleo
sem modificações ao sistema de fornecimento de combustível.
53
4.1.1.1 Conversão de motores a gasolina
Uma adaptação (instalação do sistema de fornecimento de GNC depois de
fabrico) de um motor a gasolina, requer a instalação de cilindros de armazenamento
de gás, um misturador ar/gás para dar uma mistura correcta, sistema de canalização
de alta pressão, válvulas de regulação de pressão, válvula de abastecimento e uma
ligação ao carburador.
Esta adaptação do motor a gasolina é geralmente feita a fim de permitir um
sistema de combustível "bi-fuel" no qual o gás é usado como um combustível
alternativo e o condutor pode seleccionar o combustível que pretende.
O método "bi-fuel" é geralmente preferido pelos motoristas privados, porque
existe um menor risco de ficar sem combustível em viagens mais longas, embora isto
resulte numa situação sub-óptima de combustível GNC num sentido técnico.
O veículo pode ser mais extensivamente modificado para tirar total vantagem
das propriedades técnicas do GNC como combustível, obtendo uma maior eficiência
térmica do motor, o que requer um aumento do rácio de compressão do motor, de 8
num veículo a gasolina, para cerca de 12 para uso de GNC, caso em que não é mais
capaz de funcionar com gasolina.
O aumento do rácio de compressão (por forma a que apenas possa usar GNC)
de um veículo desenhado para funcionar a gasolina pode causar problemas, porque o
motor não foi concebido para lidar com as forças impostas por um mais elevado rácio
de compressão.
Os equipamentos de conversão de veículos de motor a gasolina com ignição de
faísca (muitas vezes conhecidos como motores do "Ciclo Otto") para GNC estão
facilmente disponíveis em vários fabricantes. A única parte que necessita de ser
especificamente desenhada para cada modelo de motor é o misturador de gás ligado
ao carburador.
Uma vez que a maior parte dos veículos a GNC a operar no presente são
conversões para uso de dois combustíveis, a diferença nas características dos
combustíveis requer que sejam feitos compromissos em termos de ajustamentos de
motor a fim de que o motor possa funcionar razoavelmente bem com os dois
combustíveis.
Contudo, os problemas técnicos envolvidos nas conversões de motores para
utilização de GNC têm sido resolvidos, estando a ser empreendidos programas de
conversão de larga-escala com a confiança de que serão mecanicamente viáveis.
4.1.1.2 Conversão de motores a gasóleo
No caso de motores a gasóleo (conhecidos como motores do "Ciclo Diesel"),
existem alguns equipamentos disponíveis em Itália, que foram desenhados para um
motor italiano a gasóleo e requerem uma substancial modificação antes que possam
ser usados com sucesso em outros modelos de motor.
54
Qualquer motor de "Ciclo Diesel" pode ser modificado para funcionar com
GNC, mas a modificação é específica para aquele tipo e modelo de motor, ou seja,
não existe universalmente disponível equipamento de modificação de motores de
"Ciclo Diesel".
A maior parte das conversões de veículos a gasóleo para utilização de GNC
são protótipos e o número total convertido é muito mais baixo que no caso de motores
a gasolina com ignição de faísca. Quase todas essas conversões são, no presente, do
tipo gás aspirado e usam gasóleo para a ignição.
A adaptação de um veículo com motor de "Ciclo Diesel" para funcionar com
GNC coloca alguns problemas, pois o GNC não se auto-inflamará num motor de
ignição de compressão como acontece com o gasóleo, sendo assim necessário fornecer
alguma forma de sistema de ignição. Isto pode ser feito retendo o sistema de injecção
de gasóleo original e usando cerca de 20 % a 30 % de gasóleo como uma carga de
ignição para o GNC (sistema "dual-fuel"14), ou substituindo a cabeça do cilindro por
uma desenhada para ignição de faísca.
Para eliminar os problemas existentes e tirar o máximo de vantagens do uso
de gás natural estão a ser tentadas soluções mais radicais que envolvem a
mudança de motores de ciclo "diesel" para motores de ciclo "otto" fabricados para
circular unicamente com gás natural, que começam agora a estar disponíveis
comercialmente.
4.1.2 Segurança i . veículos a GNC
O gás natural como combustível de veículo compara-se muito favoravelmente
com a gasolina e o gasóleo segundo o ponto de vista da segurança. Qualquer fuga
dispersa-se rapidamente na atmosfera, porque o metano é mais leve do que o ar.
Dado que se dispersa rapidamente, é improvável que o metano tenha níveis de
concentração suficientes para causar tontura ou asfixia. A maior preocupação em
relação ao uso do gás natural em veículos centra-se à volta da integridade do sistema
de armazenamento de alta pressão. Dado o número de veículos a gás natural em
serviço e as suas localizações, os dados detalhados sobre acidentes são limitados.
Contudo, não existe indicação de que os veículos a gás natural estejam mais sujeitos
que outros veículos a incêndios ou acidentes de qualquer natureza (IEA,1992).
Como a temperatura de ignição para o gás é de 600oC, cerca de 150oC mais
elevada que para a gasolina, é menos provável inflamar-se, sendo o risco de incêndio
mais reduzido. Na altura do reabastecimento não é libertado vapor do combustível
porque o bico do instrumento apropriado para encher está ligado ao veículo com um
selo positivo (BRITISH GAS,1991a).
14
Motores "dual-fuel" - Motores que podem queimar um combustível alternativo (por exemplo
o gás natural) e um combustível convencional (por exemplo, o gasóleo) simultaneamente (CANNON.
1993).
55
Extensivos e rigorosos programas de teste em laboratório sobre acidentes
envolvendo incêndio ou danos de colisão, indicam que a falha catastrófica do cilindro é
um possibilidade extremamente remota. Os padrões de segurança procuram cilindros
que permaneçam numa peça quando explodem como oposto à explosão em peças.
O cilindro de gás, desenhado para resistir a uma pressão extrema, é muito mais
forte, sendo menos provável que seja rompido num acidente que os convencionais
reservatórios de combustível.
O trabalho corrente no que respeita aos cilindros de armazenamento de gás
pode actuar como um precedente para a formulação de outros padrões no que respeita
à segurança do gás natural.
Os NGV são também populares para os condutores, que comentam que eles
são mais suaves e mais silenciosos que os veículos a gasolina o gasóleo (BRITISH
GAS,1992).
4.1.3 Armazenamento do gás dentro do veículo
Existem três métodos possíveis de armazenar o gás natural dentro de um
veículo: sob compressão em cilindros de alta pressão, como um líquido em
reservatórios criogénicos ou através de adsorpção em materiais especiais de elevada
porosidade contidos em reservatórios (IEA,1992).
As conversões de veículos a gasolina e de veículos a gasóleo usam os mesmos
cilindros de armazenamento de alta pressão. Estes são colocados dentro do
compartimento da bagagem de pequenos veículos ou, quando a liberdade do cilindro
no solo é suficiente, poderão ser montados no chassi de veículos maiores.
Os cilindros têm de ser robustos devido às elevadas pressões. Correntemente
são feitos de aço e um cilindro típico com a capacidade de 50 litros pesa
aproximadamente 45 Kg, contendo o equivalente a cerca de 14 litros de combustível
líquido. Para uma razoável autonomia, um veículo pequeno necessita de dois
reservatórios, enquanto um veículo maior terá mais (BRITISH GAS,1991a).
Nenhum dos métodos referidos pode fornecer a mesma densidade de energia
armazenada que para a gasolina e o gasóleo. De facto, um veículo usando gás natural
comprimido necessita de carregar entre três e quatro vezes o volume de combustível
para obter a mesma autonomia que um similar veículo a gasolina ou gasóleo. Muitos
veículos convertidos reduziram a autonomia de condução porque não foi possível
fornecer muito espaço extra para reservatórios de combustível.
O modo mais comum de armazenar o gás dentro dos veículos é em cilindros à
pressão de 200 bar. Este método tem sido padrão durante muitos anos, sendo provável
que continue como tal num futuro próximo. Os cilindros de aço são largamente
utilizados no presente mas estão a ser substituídos por novos tipos que são muito mais
leves (feitos de alumínio e materiais compósitos).
56
Se o volume requerido para armazenamento tiver de ser reduzido a pressão de
armazenamento deverá ser aumentada. A mais elevada pressão requer, no entanto,
cilindros mais fortes e por consequência mais pesados e mais dispendiosos,
originando também um aumento no trabalho de compressão, com os correspondentes
mais elevados custos de energia. Por estas razões a pressão padrão de armazenamento
permanecerá provavelmente em cerca de 200 bar na maioria dos países, apesar dos
fabricantes de equipamento original de veículos nos Estados Unidos da América
estarem a defender 240 bar como meio de aumentar a autonomia do veículo.
Os cilindros de composição compósita poderão permitir um uso mais eficiente
do espaço disponível de um veículo porque podem facilmente ser feitos numa
variedade de formas e dimensões. Alguns países ainda não aprovaram os novos
cilindros mais leves para uso em veículos. Foi estabelecido um grupo de trabalho com
o objectivo de produzir um padrão internacional no que respeita às necessidades de
segurança para cilindros de gás natural (IEA, 1992).
A investigação está a ser dirigida para a redução do peso dos cilindros e para o
armazenamento na forma adsorvida. Nesta forma de armazenamento, os adsorventes
comprimem as moléculas de metano dando uma maior capacidade de armazenamento
a mais baixas pressões (BRITISH GAS,1991a).
Os reservatórios de gás a funcionar segundo o princípio da adsorção
maximizarão a quantidade de gás armazenada a baixa pressão, podendo assim
evitar que se incorra em maiores custos de compressão e reabastecimento e na
necessidade de observar limites muito rigorosos relativos às maiores pressões
adoptadas para o carregamento do gás nos cilindros dos veículos.
O armazenamento na forma adsorvida, que usa pressões entre 30 e 60 bar, dá
uma densidade de energia entre a do gás comprimido e a do gás liquefeito. Vários
materiais e técnicas têm sido investigados durante os últimos anos, estando um
consórcio de companhias europeias e americanas correntemente empenhado nessa
investigação (IEA, 1992).
4.1.4 Sistemas de abastecimento de veículos
Os veículos a GNC são reabastecidos através de uma mangueira flexível de
alta pressão com uma extremidade que se ajusta dentro de um receptáculo no veículo.
A outra extremidade da mangueira está ligada a uma linha rígida de combustível de
alta pressão, que é alimentada por um compressor, por cilindros de alta pressão
contendo GNC, ou por uma combinação de ambos, sendo incorporados no sistema
numerosos dispositivos de segurança.
Sistema "fast-fiir
Existe um sistema que utiliza cilindros de armazenamento de gás a alta
pressão para operação de abastecimento rápido ("quick-fill" ou "fast-fill") e tem um
tempo de reabastecimento de veículo de 2 a 4 minutos. Este sistema é ideal quando se
pretende que o tempo de reabastecimento seja comparável aos habituais combustíves
57
líquidos, sendo necessários compressores de elevada capcidade e reservatórios
intermédios de armazenamento (IEA,1992).
Poderão existir estações de gasolina com facilidades de gás adicionais ou
apenas com operações de gás. O GNC é distribuído ao veículo através de uma
mangueira e o abastecimento pára automaticamente quando é atingida uma certa
pressão. Este sistema, também conhecido por "sistema de cascata" compreende um
compressor com uma capacidade de mais de 600 m3/h, cilindros de armazenamento e
um distribuidor com um instrumento para medir o volume do fluxo.
O gás é comprimido para 250 bar e armazenado, existindo, geralmente, três
bancos destes cilindros, que sequencialmente reabastecem o veículo. O primeiro, ou
banco de baixa pressão fornece a carga inicial. Depois, quando a pressão do cilindro
de armazenamento do veículo iguala a do banco de baixa pressão, o sistema muda
automaticamente para o segundo, ou banco de cilindros de média pressão. O fluxo
final é fornecido a partir do terceiro, ou banco de cilindros de baixa pressão. Um
controlador de pressão faz terminar o abastecimento quando os cilindros de
armazenamento do veículo estão cheios.
Quando a pressão nos cilindros de armazenamento da estação cai, o
compressor começa a funcionar e enche-os, começando pelo banco de alta pressão,
depois o banco de média pressão e finalmente o banco de baixa pressão. Esta
disposição maximiza as pressões de reabastecimento durante as horas de ponta,
proporcionando a máxima utilização do compressor.
Com este sistema, uma estação de abastecimento pode ter várias centenas de
veículos por dia porque o seu abastecimento e o recarregamento dos cilindros em
cascata é muito rápido (BRITISH GAS,1991a).
Sistema "slow-fiH"
Um sistema alternativo é usado geralmente para reabastecer os cilindros de gás
de frotas de veículos que voltam a um depósito central e não são utilizados de noite,
conhecidos como sistemas de abastecimento lento ("trickle-fill" ou "slow-fill"). Neste
caso, pode ser usado um compressor muito mais pequeno, sem a necessidade de
reservatórios intermédios, operando à pressão de 165 bar do cilindro do veículo, com
pouca ou nenhuma capacidade de armazenamento, ao qual todos os veículos estão
unidos simultaneamente. É, por consequência, menos dispendioso que a estação
"quick-fill", que é a principal fonte de despesas no sistema de GNC, mas tem a
desvantagem de os veículos estarem imobilizados durante um período de tempo
considerável enquanto estão a ser reabastecidos.
Sistema "satélite,,
O gás natural para veículos é também distribuído em semi-reboques com
reservatórios de alta pressão. Estes são enchidos numa grande estação compressora
central e conduzidos para onde o combustível é necessário. O semi-reboque pode
carregar um pequeno compressor para abastecer o veículo directamente ou estar
ligado a um sistema "slow-fill" permanente na estação de reabastecimento. Este
58
sistema pode distribuir combustível a qualquer localização, incluindo as que estão
longe de um gasoduto principal. Este processo tem-se tornado conhecido como
sistema de abastecimento "mother-daughter" ou "satélite" (IEA,1992).
Reabastecimento "Robot"
Apesar de ainda não se encontrar desenvolvido, tecnicamente é possível
reabastecer automaticamente um autocarro numa paragem usando um robot. A figura
seguinte dá uma ideia de uma tal paragem de autocarro com facilidades de
reabastecimento. Neste caso a capacidade de armazenamento de combustível deve ser
suficiente para a distância entre duas estações de reabastecimento. Nestas
circunstâncias, o número de cilindros de reabastecimento pode ser consideravelmente
reduzido (VAN DER WEIDE, J.; SEPPEN, J., 1992).
Custos das estações de abastecimento
Tanto em estações "fast-fill" como "slow-fill" o sistema de abastecimento do
veículo é consideravelmente mais complicado e dispendioso que o reservatório
tradicional, bomba e sistema de medição para a gasolina ou gasóleo. O adicional custo
de capital é acompanhado por mais elevados custos de manutenção. No caso dos
sistemas "fast-fill" o custo de energia (normalmente electricidade) para fazer
funcionar o compressor também é um iactor significativo na economia global do i
do gás natural (IEA,1992).
O sistema de abastecimento "slow-fill" é a opção mais barata, pretendida pelos
motoristas que desejam possuir as suas próprias facilidades de reabatecimento
(BRITISHGAS,1991a)
O elevado custo de construção de estações de abastecimento de GNC é um
dos principais motivos do atraso no estabelecimento de uma rede de abastecimento de
combustível. Têm-se tornado disponíveis, recentemente, pequenos compressores
individuais, que podem estar ligados a qualquer sistema de fornecimento de gás
doméstico ou industrial e são capazes de reabastecer um veículo ligeiro em
aproximadamente seis horas. Estes dispositivos constituem um método com um custo
relativamente baixo de expandir a disponibilidade de gás natural para uso como
combustível de veículo, estando agora a ser vendidos ao público, na Europa, Nova
Zelândia e América do Norte em quantidades crescentes (IEA, 1992).
Localização das estações
Obviamente, a estação de abastecimento necessita de um fornecimento de gás
natural seguro que é, em geral, obtido através de um gasoduto, e quanto maior for a
pressão no gasoduto mais baixos serão os custos de compressão na estação de
abastecimento.
A melhor localização para uma estação de abastecimento de GNC é, por
consequência, na parte principal de um gasoduto, que tem a pressão de cerca de 5 bar,
ou perto dela. Uma linha de distribuição de gás de mais baixa pressão (1.5 bar) é uma
localização possível mas menos desejável, enquanto em certos casos é possível
59
estabelecer estações de abastecimento satélite à distância de mais de 300 quilómetros
do gasoduto, sendo os cilindros de GNC transportados em semi-reboques por estrada.
Por vezes a procura no sector dos transportes não é, por si só, sufuciente para
justificar a extensão do sistema de gasoduto. Assim, em países em desenvolvimento, a
conversão de veículos para GNC é apenas económica na proximidade de um
gasoduto. Além disso, a reduzida autonomia dos veículos a GNC quando comparada
com os que operam a gasolina ou gasóleo significa que é necessária uma mais elevada
densidade de estações de abastecimento. Isto tende a fazer aumentar os parâmetros
económicos em favor de frotas cativas de veículos que operam numa área restrita e
voltam frequentemente para uma localização central.
Medição do gás
A medição do gás fornecido a cada veículo em estações de abastecimento
coloca alguns problemas. O primeiro método foi o de ler a pressão tanto no cilindro
do veículo como no cilindro de armazenamento antes e depois do abastecimento e
calcular a quantidade de gás transferida para o veículo com referência a uma tabela.
Este método não é muito rigoroso porque os próprios instrumentos de medição não
são particularmente precisos e os rápidos graus de dispersão e variações de pressão
causam mudanças de temperatura que também afectam o volume de gás transferido.
Um método mais moderno usa um aparelho computerizado destinado a medir
o fluxo, que pode ser pré-programado para considerar todas as variáveis significativas
quando calcula a quantidade de gás transferido do armazenamento da estação de
abastecimento para o veículo.
4.1.5 Vantagens do GNC
As vantagens e benefícios que decorrem da utilização do GNC como
combustível têm sido muito discutidas. Os benefícios mais referidos são os seguintes:
menores custos de combustível, melhor utilização dos recursos, segurança de
abastecimento, emissão e ruído mais baixos, menores custos de manutenção e
operação mais limpa. À excepção das poupanças directas de custo de combustível, as
vantagens são em geral muito mais difíceis de quantificar que os custos.
No que respeita à melhor utilização de recursos, considera-se que o gás natural
tem um menor potencial de comércio de exportação que os hidrocarbonetos líquidos.
Com a excepção do GNL e algumas exportações por gasoduto, a maior parte dos
países em desenvolvimento devem tentar desenvolver os seus recursos de gás ao nível
local, para a indústria, uso doméstico e para os transportes. Deste modo, a um nível
nacional, a substituição de combustíveis líquidos por gás natural pode permitir uma
melhoria significativa na utilização equilibrada de recursos (IANGV,1990).
O gás natural também permite alguma segurança de abastecimento, pois
quando um país está totalmente dependente de combustíveis líquidos importados para
o seu sistema de transporte a mudança para um combustível alternativo produzido
localmente pode permitir alguma protecção no caso de uma crise no mercado
60
internacional do petróleo, sendo esta vantagem encarada como um benefício de longo
prazo (IANGV,1990).
Contudo, quando a ênfase está concentrada em veículos de frotas comerciais e
industriais de elevada quilometragem, isto pode ser visto como uma protecção para
uma indústria vital.
O transporte urbano moderno caracteriza-se por congestionamento do tráfico,
poluição atmosférica e ruído. Os combustíveis tradicionais utilizados nos transportes
constituem uma das principais fontes de componentes orgânicos voláteis, óxidos de
azoto, dióxido de carbono, monóxido de carbono e enxofre. Uma mudança para o gás
natural como combustível pode ser muito importante para aliviar a poluição e o ruído
(EA, 1992).
O GNC queima de um modo mais lento que a gasolina, tendo como resultado
um reduzido desgaste do motor. O óleo do motor dura também mais tempo. Nos
motores a gasolina e gasóleo a formação de sólidos, água e ácidos causa uma alteração
da viscosidade do óleo. É por isso que o óleo do motor deve ser mudado regularmente
(tipicamente todos os anos ou 6 000 milhas). Com motores a funcionar com GNC, a
deterioração do óleo demora mais tempo devido à natureza mais limpa da queima do
gás, requerendo mudança de óleo menos frequentemente (BRITISH GAS,1991a).
4.1.6 Desvantagens do GNC
Têm sido discutidas as seguintes desvantagens: elevado custo de conversão,
perda de potência, perca de autonomia, tempo de abastecimento extra, aumento do
peso, perca de espaço de armazenamento, dificuldades de arranque.
O custo de conversão do veículo tem um forte, mas nem sempre dominante
efeito sobre os proveitos. As componentes deste custo são o equipamento, o trabalho e
o tempo do veículo fora da estrada enquanto está a "ser convertido. Quando são
introduzidos sistemas de fabrico de equipamento original estes três tipos de custo
poderão ser reduzidos.
A maior parte dos indivíduos ou organizações que convertem veículos para
gás natural fazem isso na base das poupanças esperadas, sendo importante que estas
possam ser estimadas com rigor.
A indústria de NGV já atingiu a fase em que as necessidades em equipamento
e trabalho para instalação numa base de adaptação e fabrico de equipamento original
podem ser estabelecidos com precisão para veículos que funcionam a gasolina. No
caso de veículos a gasóleo existe uma selecção crescente de motores já caracterizados,
podendo os custos de conversão ser estimados com confiança.
A preocupação com os custos de conversão é expressa frequentemente por
aqueles que, por várias razões, não têm suficiente informação sobre os custos e não
estão convencidos das vantagens totais dos NGV (IANGV, 1990).
61
É provável que um motor a gasolina convertido sofra uma perda de potência
de cerca de 10 % quando opera com gás natural. Isto porque o gás ocupa um maior
volume dentro da câmara de combustão do motor que a gasolina, o que reduz a
quantidade de combustível induzido (BRITISH GAS,1991a).
No caso das conversões "bi-fuel", foi reconhecido que o tempo de ignição
relacionando as necessidades de gasolina e de gás é essencial. O desenvolvimento de
sistemas de ignição electrónicos tem ajudado a obter bons resultados com os dois
combustíveis. Há que considerar que o condutor médio é insensível a deficiências
bastante grandes de potência (mesmo superiores a 20 %) em condições normais de
condução. Quando é necessária a potência máxima (por exemplo quando se transporta
uma carga pesada) é possível a reversão para gasolina num motor "bi-fuel". Os
motores a gasóleo convertidos também sofrem uma perda de potência (apesar de ser
muito menor que para os motores a gasolina) e uma ligeira redução na eficiência do
motor quando opera com dois combustíveis (IANGV, 1990).
Nas primeiras fases de um programa de GNC, o problema da autonomia é
preocupante. Quando começam a ser construídas mais estações de reabastecimento, as
preocupações dos condutores com a reduzida autonomia começam a diminuir. A mais
frequente necessidade de reabastecimento (talvez três vezes mais que quando se usam
combustíveis líquidos) constituirá um agravamento menor para alguns condutores de
veículos privados enquanto que para operadores comerciais qualquer inconveniente de
tempo poderá trazer um custo adicional.
O problema do aumento do peso e da perda de capacidade de armazenamento
é mais agudo para o armazenamento de alta pressão. O peso do veículo pode aumentar
porque os cilindros de aço de alta pressão são muito mais pesados que os reservatórios
para gasolina ou gasóleo.
Para muitos utilizadores de veículos privados o número de ocasiões em que a
perda de espaço de armazenamento causa inconveniente é pequeno. Contudo, é
essencial que a dimensão do cilindro seja correctamente seleccionada e que a
instalação seja desenhada de modo a não obstruir o espaço de armazenamento. O
resultado aqui envolvido não está desligado da autonomia, pois quando o problema de
autonomia é ultrapassado através da instalação de mais cilindros ou mais largos, o
problema de peso e de diminuição de capacidade de armazenamento agrava-se.
Em veículos comerciais deve haver cuidado para assegurar a capacidade
mínima de armazenamento. A desvantagem do peso é agravada para veículos onde
existe alguma forma de imposto rodoviário ligada à sua carga, sendo a introdução de
cilindros mais leves um factor importante para aliviar este problema (IANGV, 1990).
Existiram inicialmente problemas de arranque em algumas conversões "bifuel" (com gasolina), mas com uma correcta instalação e manutenção, o arranque não
deve representar agora qualquer problema. Com temperaturas ambiente baixas, um
combustível gasoso tem vantagens em relação aos combustíveis líquidos. Contudo, é
essencial que seja dada ao condutor de um veículo recentemente convertido adequada
informação sobre o arranque e processos de mudança de combustível.
62
No caso de conversões de motores a gasóleo não devem existir dificuldades de
arranque. O sistema "dual fuel" utiliza o sistema de arranque normal de gasóleo. No
caso de conversões "diesel" para ignição de faísca podem apresentar-se alguns
problemas de arranque, particularmente com temperaturas baixas (IANGV,1990).
4.2. GNL (Gás Natural Liquefeito)
O principal uso do GNL é como um método de transportar o gás natural de
áreas onde é abundante e barato para onde é necessário. Presentemente, o Japão é o
maior importador, seguido da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. O GNL é
também usado pelas companhias de gás como um método de alcançar o máximo da
procura através do armazenamento de gás na forma líquida perto das áreas de
consumo.
O GNL pode ser facilmente transportado como carga em veículos rodoviários
e isso é, por vezes, usado como um método de distribuição de gás para áreas onde a
procura não é suficiente para justificar uma ligação de gasoduto. Contudo, dados os
elevados custos de liquefacção do gás e dos contentores criogénicos, o seu uso como
combustível de veículo requer um estudo cuidadoso.
O uso de GNL como combustível de veículo está limitado, presentemente, a
um pequeno número de veículos experimentais e o consenso geral é de que os
problemas práticos envolvidos na utilização de um combustível líquido a uma
temperatura de -165° C e pressão entre 4 e 10 bar num veículo rodoviário são tais que
é improvável que esteja em uso geral num futuro próximo. O gás liquefeito pode ser
bombeado para dentro do veículo de modo similar à gasolina e gasóleo.
O GNL permite valores de peso de armazenamento e volume muito próximos
dos valores da gasolina e do gasóleo, sendo esta a principal razão para a investigação
do uso de GNL cm veículos. Contudo, os problemas associados à produção,
armazenamento e distribuição numa escala alargada torna improvável que o gás
natural liquefeito seja viável para uso em veículos privados ou em frota, sendo mais
provável que seja usado para abastecimento de autocarros e camiões pesados a partir
de pontos centrais (IEA,1992).
As primeiras fases da cadeia do combustítvel são quase as mesmas para o
GNL como GNC. A extracção/preparação e processamento necessitam de 2 % cada da
energia do combustível produzido. A procura de energia é um pouco mais baixa para
o GNL que para o GNC.
A principal energia necessária para o GNL é para o processo de liquefacção do
gás. Em instalações modernas 9-10 % da energia do combustível é necessária para
este fim. Outros processos que necessitam de energia e contribuem para perdas são o
armazenamento, transporte por mar e regaseficação. Juntos estes processos necessitam
de 2-7 % da energia do combustível e as perdas são estimadas em 1-2 %. As perdas
dependem do período de tempo durante o qual o gás é armazenado ou transportado
como um líquido, dado que existe sempre perdas dos reservatórios criogénicos (0,15
% por dia).
63
O uso total de energia na cadeia do combustível GNL é de cerca de 20 % do
produto final. Em comparação com os 14 % do GNC este é um valor elevado.
Adicionando isto às esperadas dificuldades práticas com os reservatórios criogénicos
em veículos é completamente compreensível que o GNC seja o combustível de
veículo preferido (ECOTRAFFIC AB, 1992).
4.3 Metanol
4.3.1 Introdução
O metanol é um líquido claro, incolor, inflamável e com pouco cheiro
perceptível. Tem uma longa e esporádica história de uso como combustível de
veículo, tendo sido usado como tal nos primeiros motores de combustão interna, mas
foi rapidamente substituído pelos muito mais baratos derivados do petróleo. Tem uma
quantidade de características desejáveis para um combustível de automóvel, entre as
quais o seu elevado nível de octanas e os baixos níveis de emissões de escape nocivas.
Nos últimos anos tem havido um renascimento do interesse pelo potencial do
uso de metanol como combustível de veículo por diversas razões, entre as quais está o
facto de ele poder ser produzido a partir de uma grande variedade de matérias primas,
incluindo o carvão e o gás natural.
A tecnologia para a produção a partir de turfa e biomassa está disponível mas
não é comercialmente usada. A produção de metanol a partir do gás natural ocorre
crescentemente perto dos campos de gás e não nas áreas de consumo para evitar os
elevados custos para o transporte do gás comparados com o transporte do produto,
líquido e fácil de manusear.
O seu baixo nível de emissões nocivas faz o seu uso atractivo em lugares tais
como a Califórnia, onde a poluição atmosférica é um problema sério e o seu potencial
para alimentar motores é do interesse dos fabricantes de automóveis.
Álcoois tais como metanol e etanol constituem bons combustíveis para
motores do ciclo "Otto" tanto pela sua elevada resistência à detonação, que determina
o seu uso como um aditivo em gasolina, como pela relativa pureza dos fumos
produzidos.
4.3.2 Produção de metanol
A experiência de operação com veículos modernos a metanol é suficiente para
que os principais fabricantes de veículos considerem a sua produção se existir um
mercado suficiente para estabelecer uma linha de produção.
O metanol requer complexas e dispendiosas instalações de produção, sendo
uma das possíveis matérias-primas o gás natural. Quando o gás natural é convenido
para metanol devem ser aceites significativos custos de processamento e elevadas
perdas termodinâmicas. O metanol usa inicialmente a matéria-prima gás natural mas
64
necessita de passar através de um processo
complexo carecendo, assim, da
simplicidade do gás natural em termos de uso directo.
A decisão de usar um combustível de elevado grau como o gás natural para
produzir um combustível também de elevado grau, com um colateral gasto de energia,
é discutível. Se existir uma infra-estrutura de gás estabelecida, a cadeia do metanol
desde o poço de gás até ao motor do veículo é intensiva em energia.
A cadeia do metanol começa com a recuperação do gás, assumindo-se que o
uso de energia para a recuperação é de cerca de 3 % da energia do produto final
metanol.
Os campos de petróleo e de gás com uma insuficiente base para um gasoduto
ou para uma instalação de GNL podem ser utilizados para a produção de metanol.
Estão a ser construídas no "off-shore", instalações flutuantes de produção de metanol.
A instalação de metanol utiliza preferencialmente gás natural húmido devido
ao rácio hidrogénio/carbono mais favorável e mais elevados rendimentos. As fugas
em sistemas modernos deverão ser mínimas entre o poço de gás e a instalação de
metanol, <0,1 %.
O transporte de metanol desde as instalações perto dos campos de gás ocorre
através de navios cisterna ou por terra através de gasoduto quando o volume o
justificar.As perdas durante o transporte e armazenamento são insignificantes. A
distribuição desde os terminais até aos utilizadores finais seguirá o mesmo padrão que
para a gasolina.
O uso de energia em toda a cadeia para o metanol desde o poço do gás natural
até ao reservatório do veículo é apresentado do quadro seguinte.
QUADRO 4.2 - Uso de energia na cadeia de
combustível desde o gás até ao metanol
Uso de Energia
Fase
MJ/MJ metanol
0.03
Recuperação do gás natural
e preparação
0.40
Conversão
0.012
Transporte por mar
para os Terminais
0.010
Distribução por Terra
(incluindo perda por evaporação de 0.002)
0.45
Total
Fonte: ECOTRAFFIC AB, 1992.
O metanol pode também ser produzido a partir do carbono mas neste caso.
para além dos elevados custos envolvidos na construção de estruturas de produção,
existe a carga colocada no ambiente, pela extracção, processamento e transporte da
matéria-prima.
65
4.3.3 Uso de metanol em veículos
O uso de metanol pode ocorrer tanto em motores "Otto" como em motores
"diesel". Em motores "Otto" o metanol permite uma eficiência mais elevada,
correspondendo a um consumo de energia de menos de 10 % em termos energéticos
(variando entre 5 e 15 % ou mais dependendo do grau de optimização). Em motores
"Diesel" presume-se o mesmo consumo de combustível ou um pouco superior.
Em trabalho de desenvolvimento e demonstração o M85 ou o M90 (metanol
misturado com 15 ou 10 % do seu volume com gasolina/hidrocarbonetos) são muitas
vezes usados para motores "Otto" e M100 para motores "diesel". Considera-se que o
Ml00 é o combustível de escolha para usar todo o potencial de redução de emissões
(ECOTRAFFIC AB, 1992).
Devido ao elevado número de octanas, o metanol necessita de alguma forma
de ignição quando usado num motor de veículo. No caso de motores a gasolina
convertidos, é usado o original sistema de ignição de faísca. No caso de motores a
gasóleo, dado que o gasóleo e o metanol são imiscíveis (não se podem misturar) não
tem sido possível usar o sistema de combinação de combustíveis usado com o GNC e
GPL, devendo o motor ser convertido para usar 100 % de metanol e adaptado com
ignição de faísca ou com uma vela de ignição.
No entanto, pode referir-se que existe um fabricante a ensaiar um sistema no
qual um sensor óptico pode detectar a diferença entre o metanol e a gasolina e ajustar
o motor para funcionar com um dos combustíveis. Isto permitirá que o veículo seja
abastecido indiscriminadamente com gasolina ou metanol e funcione com um ou
outro. Até agora, este sistema não foi para além da fase experimental.
Em geral, os veículos a metanol não estão disponíveis directamente a partir do
fabricante numa base regular. A maior parte do trabalho experimental recente sobre
veículos a metanol tem sido feito nos Estados Unidos (Califórnia), Alemanha
Ocidental e Suécia.
Os fabricantes de motores, que começaram a trabalhar com metanol,
trabalhavam com motores exclusivos que poderiam apenas operar apenas com
metanol. Alguns fabricantes trabalhavam com um elevado rácio de compressão,
outros com um rácio de compressão semelhante ao da gasolina.
Os problemas encontrados na conversão de veículos existentes para funcionar
com metanol advêm principalmente da sua reactividade química. Algumas das partes
do sistema de combustível existente, no caso do motor a gasolina, que podem ser
afectadas são o revestimento do reservatório de combustível (em alguns casos só
isso), a tubagem e o metal que compõe o corpo do carburador.
A conversão do veículo requer a substituição das várias partes com materiais
resistentes ao metanol e a cromagem do interior do corpo de metal do carburador, com
níquel. Em geral, o metanol reage quimicamente com o alumínio, cobre e zinco e
66
mistura-se com metais que contêm estes materiais, que devem assim ser eliminados do
sistema de abastecimento de combustível ou protegido dos contactos com o metanol
através da cromagem com metais resistentes. Se o metanol for contaminado com água
toma-se também corrosivo com o ferro (aço). Nenhum destes problemas é tão sério
como parece, pois têm sido encontradas soluções técnicas para todos eles.
O sistema de abastecimento de combustível é praticamente idêntico ao da
gasolina ou gasóleo e qualquer estação de reabastecimento pode possuir um
reservatório extra para conter metanol ou esvaziar um reservatório existente para esse
fim. As únicas modificações ao sistema de abastecimento correspondem às necessárias
para o sistema de combustível do veículo, ou seja, substituição de alguns materiais e
protecção das partes sensíveis de metal através da cromagem. Para além da
necessidade de um maior cuidado para evitar a contaminação da água, o metanol pode
ser manuseado através do mesmo sistema de transporte e distribuição correntemente
usado para os combustíveis líquidos.
4.3.4 Vantagens e desvantagens do uso de metanol
O metanol apresenta uma grande vantagem em relação a outras alternativas,
pois encontra-se na forma líquida nas condições normais de temperatura e pressão, ao
contrário do GPL e do gás natural. Apresenta, contudo, algumas notáveis
desvantagens. O teor geral de hidrocarbonetos,
Ox e CO é mais baixo que o da
gasolina, mas introduz um novo poluente, o formaldeído. Um outro problema
associado ao uso de metanol é a sua toxicidade, que apesar de não ser maior que a da
gasolina com chumbo, é um pouco mais perigosa.
O metanol é miscível com água em qualquer proporção, o que leva a que
devam ser tomadas maiores precauções no seu armazenamento e manuseamento, para
evitar a sua contaminação. No caso dos combustíveis de petróleo, isto não é necessário
pois estes não são miscíveis com água.
Além disso, o metanol tem cerca de metade do conteúdo energético de um
volume equivalente de gasolina ou gasóleo. Qualquer veículo desenhado para
funcionar com metanol requer, deste modo, um volume de reservatório de combustível
maior para obter a mesma autonomia.
O metanol puro queima com uma chama quase invisível, o que causa
problemas no caso de incêndios. Esta situação poderá ser ultrapassada através do uso
de aditivos, nomeadamente entre 5 % e 10 % de gasolina, que toma a chama luminosa.
Contudo, os incêndios provocados por metanol, podem ser extintos com água, o que
não é o caso dos produtos de petróleo.
4.4 Etanol
O etanol é produzido através da fermentação de produtos vegetais, cujo valor
como alimento pode ser variável As principais matérias-primas são o milho e a cana
de açúcar. A obtenção de etanol v. dispendioso para toda a economia de um pais, pois
requer instalações de destilação complexas, grandes quantidades de biomassa e
67
consideráveis quantidades de combustível para sustentar o processo. O processo de
fermentação liberta grandes quantidades de dióxido de carbono para a atmosfera.
O etanol é, assim, uma alternativa válida em grandes áreas geográficas planas
com um sistema de agricultura adequado e bastante desenvolvido, como por exemplo
no Brasil (que tem utilizado etanol a partir da cana de açúcar como combustível) ou
nos Estados Unidos da América, podendo, contudo, ser demasiado dispendioso em
termos financeiros e de espaço em outras localizações.
Em pequenas quantidades pode ser usado por veículos sem modificações. O
motor a gasolina de hoje pode tolerar uma mistura etanol/gasolina utilizando até 10 %
de etanol. Pelo contrário, um motor a gasolina não modificado pode apenas tolerar até
5 % de metanol.
O fabrico de etanol a partir de biomassa é, presentemente uma tarefa
dispendiosa e consumidora de tempo, necessitando de cinco passos diferentes (prétatamento, fase enzimal, hidrólise e recuperação). Está a ser feita investigação por
várias universidades e pela indústria, no sentido de fazer baixar os custos e acelerar o
processo de fermentação.
O etanol permite reduções de de emissões similares ao metanol, queimando de
uma forma mais limpa que a gasolina e emitindo menos monóxido de carbono e
hidrocarbonetos.
4.5. GPL (Gases de Petróleo Liquefeitos)
4.5.1 Introdução
O GPL tem sido usado com sucesso como combustível de veículo durante
muitos anos, existindo mais de um milhão de veículos a GPL em operação em todo o
mundo. Devido ao facto de os gases de escape de veículos que queimam GPL serem
muito baixos em componentes tóxicos, o seu impacto ambiental é menor que para os
veículos a gasolina ou a gasóleo.
Os principais usos de GPL são como matéria-prima petroquímica e como
combustível doméstico. É extraído de algumas fontes de gás natural, sendo também
produzido como um subproduto da refinação do petróleo. Normalmente constitui
menos de 10 % do gás natural. Entram, presentemente, grandes quantidades de GPL
no comércio internacional a partir dos campos de petróleo do Médio Oriente.
O GPL tém a propriedade de poder ser armazenado a manuseado na fase
líquida sob uma pressão moderada e temperatura ambiente.
68
4.5.2 Transporte c armazenamento de GPL
O GPL é facilmente transportado na forma líquida, tanto por terra como por
mar. O transporte por barco do propano em grandes volumes ou durante longas
distâncias é efectuado como líquido condensado por navios em reservatórios
preparados para o frio. O transporte por barco durante distâncias mais curtas das
refinarias ou terminais de gás para terminais de distribuição ocorre como líquido em
reservatório sob pressão.
O transporte para as bombas de distribuição aos utilizadores finais é rodoviário
ou ferroviário. Estima-se que o transporte de propano usa cerca do dobro da energia
comparado com a gasolina, devido à mais baixa densidade energética, uso de barcos
mais pequenos e reservatórios de pressão mais pesados.
O armazenamento de propano em larga escala ocorre como líquido condensado
frio em reservatórios ou, preferencialmente em cavernas no subsolo. Os reservatórios
sob pressão são usados para armazenamento numa escala mais pequena. As perdas
durante o armazenamento são consideradas insignificantes (ECOTRAFFIC AB, 1992).
4.5.2 Uso de GPL em veículos
O uso final de propano ocorre presentemente em veículos com motores "Otto",
a maior parte das vezes motores a gasolina e a gasóleo convertidos. Os motores com
injecção directa de propano líquido, usando operação do ciclo "Diesel", poderão estar
disponíveis no futuro.
Os veículos ligeiros com motores fabricados especificamente para o uso de
GPL poderão obter eficiência igual ou superior às dos motores a gasolina.
(ECOTRAFFIC AB, 1992).
O GPL tem um elevado nível de octanas, podendo ser usado em motores com
uma elevada taxa de compressão, com por exemplo motores "Diesel" mas, tal como o
GNC, não se pode inflamar somente por compressão. As opções técnicas possíveis
para o uso do GPL como combustível de veículo são, assim, similares às do GNC, ou
seja, utilização de dois combustíveis em motores a gasolina modificados, utilização de
dois combustíveis em motores a gasóleo, usando entre 15 % e 20 % de gasóleo como
inflamador e utilização de um único combustível em motores a gasóleo modificados
para ignição de faísca. Os sistemas de GPL mais utilizados na Europa são sistemas de
adaptação.
Cerca de 1.5 litros de GPL substituem um litro de gasolina e cerca de 1.7 litros
de GPL substituem um litro de gasóleo. Como resultado, o volume do reservatório de
combustível de um veículo a GPL necessita de ser aumentado relativamente a um
veículo a gasolina ou gasóleo para obter a mesma autonomia. A perda de potência
resultante da conversão de um motor a gasolina para GPL é insignificante, cerca de
5%.
69
O equipamento usado para a conversão de um veículo para GPL é basicamente
similar ao usado para as conversões para GNC, mas dado que o GPL é facilmente
reduzido a um líquido através de compressão para 8 bar à temperatura ambiente, pode
ser armazenado num cilindro muito mais leve que para o GNC e todo o equipamento
associado pode ser mais leve pela mesma razão.
Devido ao facto de o GPL ser um líquido, um reservatório de qualquer
dimensão contém cinco vezes a energia que o cilindro de GNC da mesma dimensão e
as desvantagens de autonomia e peso com o GPL são muito menores que as
encontradas com as conversões para GNC.
Os custos para adaptar um veículo com moderno equipamento para utilização
de GPL eram, em 1992, aproximadamente US$1700. Estes custos terão de ser
amortizados através de preços do combustível ou impostos mais baixos comparados
com a gasolina e gasóleo. Os impostos sobre combustíveis variam fortemente entre
países. O quadro seguinte mostra a quantidade de quilómetros que teriam de ser
percorridos anualmente, em 1992, para compensar todos os custos envolvidos
(comparados com a gasolina). O uso de GPL era atractivo, por exemplo, na Holanda e
Itália mas não na Alemanha nem na França.
QUADRO 4.3 - Número de quilómetros que têm
de ser percorridos para compensar os custos de
País
km/ano
23 000
Holanda
Itália
16 000
Alemanha não tem vantagem
França
45 000
Fonte: VAN DER WEIDE, J; SEPPEN, J, 1992.
O equipamento de GPL necessita de um mais elevado nível de qualidade, sendo
essencial uma mais estreita cooperação com os fabricantes de equipamento original
para obter esse nível. Alguns fornecedores de equipamento de GPL na Holanda
iniciaram o desenvolvimento da próxima geração de equipamento, tendo por objectivo
um superior padrão de qualidade. De um ponto de vista técnico, existe interesse por
tais sistemas por parte dos fabricantes de equipamento original, mas para obter uma
cooperação efectiva, contudo, terá de estar disponível um interessante mercado para
estes veículos. O nível de preços do GPL era, em 1992, demasiado elevado em muitos
países para obter um mercado interessante do ponto de vista dos fabricantes de
automóveis (VAN DER WEIDE, L; SEPPEN, J., 1992).
4.5.3 Desvantagens do GPL como combustível de veículo
O maior problema com o GPL é o facto de se formarem, facilmente, misturas
explosivas com o ar em espaços pobremente arejados, se existirem quaisquer fugas no
sistema de combustível. Todavia, se forem tomadas adequadas precauções de
segurança em oficinas e estações de reabastecimento, o GPL é um combustível
relativamente seguro.
70
Os problemas técnicos com os combustíveis de GPL em países em
desenvolvimento resultam principalmente do uso de componentes abaixo das normas
de qualidade, no sistema de conversão. Frequentemente, os reservatórios de GPL são
importações rejeitadas num país desenvolvido e certos mecânicos locais não
especializados usam, por vezes, tubagens de borracha inadequadas para as ligações, o
que conduz frequentemente a perigosas íligas de combustível.
A produção de GPL está indissoluvelmente ligada à produção de petróleo e
gás, do qual representa uma pequena percentagem, estando o seu potencial como
uma
alternativa para
os combustíveis tradicionais, assim, proporcionalmente
limitado.
4.5.5 Emissões de veículos a GPL
O desenvolvimento de equipamento e resultados de emissão de GPL e GNC
são bastante similares. No início de Setembro de 1990 o ministro alemão do ambiente
introduziu uma legislação de emissão constituída particularmente para veículos
convertidos para GPL.
Esta legislação dita que os veículos convertidos para GPL devem respeitar os
mesmos padrões de emissão que os usados para aprovação quando funcionam a
gasolina. Também quando funciona com gasolina com equipamento de GPL montado,
o veículo tem de respeitar os mesmos padrões de emissão. Neste momento, os veículos
com uma capacidade de motor superior a dois litros devem respeitar a legislação mais
rigorosa de gases de escape da União Europeia.
A fim de obter estes veículos "limpos" aprovados, os fabricantes de
equipamento instalam modernos sistemas de GPL, sendo a maior parte destes
equipamentos microprocessadores controlados em combinação com o equipamento
padrão de GPL. O GPL tem, potencialmente, a possibilidade de oferecer baixa emissão
com custos de componentes atractivos (VAN DER WEIDE, J; SEPPEN, J, 1992).
4.6. Hidrogénio
4.6.1 Introdução
As características particulares do hidrogénio fazem dele um interessante
combustível alternativo de motor. Estas características são; uma velocidade de
combustão extremamente elevada e temperativa, baixo peso específico, grande
variedade em misturas com o ar e fumos constituídos quase inteiramente por vapor
de água e azoto. Por outro lado, está facilmente disponível (apesar de ser necessária
energia para o produzir) e tem um elevado conteúdo energético.
O hidrogénio requer, contudo, pesados investimentos para a construção de
instalações produtivas e um grande consumo de energia para produzi-lo.
71
A elevada temperatura de combustão encoraja a formação de óxidos de
azoto. A sua elevada reactividade de combustão, velocidade e a larga variedade de
ignição em misturas com o ar e o seu peso específico extremamente baixo fazem com
que sejam necessários critérios de segurança muito rígidos para a construção das
instalações que usam e transportam este gás.
Presentemente o seu uso em motores de veículos representa pouco mais que
curiosidade tecnológica.
4.6.2 Produção e manuseamento
Entre os vários modos de produzir hidrogénio, obtê-lo a partir de
hidrocarbonetos é o processo de larga escala menos dispendioso, enquanto a hidrólise
de água é hoje a fonte de hidrogénio mais comum em instalações industriais. Muitas
instalações foram implantadas visando a utilização da abundância de energia solar em
algumas partes do mundo para produzir hidrogénio através de fotohidrólise.
Uma vez produzido, existem alguns problemas em armazenar o volumoso gás
hidrogénio de um modo prático. Actualmente, quando se usam grandes quantidades de
hidrogénio em lugares onde não é produzido, o hidrogénio líquido (HL) e o "methyl
cyclo-hexan" (MCH) são as formas mais razoáveis de o manusear.
O hidrogénio pode ser produzido numa localização onde a energia hídrica é
abundante e não se encontra melhor uso para ela, podendo ser uma região em
desenvolvimento onde os enormes recursos hídricos são desenvolvidos para estações
de produção de energia. Este gás é produzido através de hidrólise na estação eléctrica
ou perto dela e é transformado lá numa das duas referidas formas, sendo depois
transportado para a região onde é usado e distribuído.
A produção do combustível hidrogénio é de interesse principalmente num
futuro pós-fóssil em que a energia baseada em fontes renováveis é abundante
(ECCOTRAFFIC, 1992).
4.6.3 Utilização de hidrogénio líquido como combustível
O inconveniente de peso do reservatório em relação à gasolina é de cerca de 2
% para uma dada autonomia de condução. Existe um considerável inconveniente de
volume (cerca de três vezes). Considera-se que a eficiência térmica do motor é cerca
15 % maior que para a gasolina, sendo o consumo de energia de 2.9 MJ HL / vkm15
(ECCOTRAFFIC, 1992).
15
vkm - veículo/quilómetro. Corresponde a um quilómetro realizado por um veículo. O vkm
- varia de modo para modo.
72
4.7 Biogás
4.7.1 Introdução
Os jazigos de gás natural constituem uma das mais importantes reservas de
energia fóssil conhecida e também a mais repartida no mundo, mas o metano é
também uma energia renovável, biogás, que poderá ser produzido em quantidades
muito elevadas (milhares de
por dia ou mesmo por hora) (SOLAGRO, 1990).
O biogás pode ser um excelente combustível para motores, mas está sujeito às
mesmas limitações que o etanol, utilizando no essencial o mesmo processo de
produção e de matérias primas.
4.7.2 Propriedades do biogás
Dependendo da fonte, a composição do gás difere mas o principal componente
será sempre o metano. O metano (CH4), o hidrocarboneto mais leve, é o principal
constituinte do gás natural (fóssil) bem como do gás "natural" originado a partir da
biodegradação de matéria orgânica, vulgarmente designado biogás (ECOTRAFFIC
AB,1992). O biogás consiste essencialmente em metano e dióxido de carbono e tem
um forte potencial energético, sendo a sua composição média a seguinte:
QUADRO
4.4 - Composição
"
■
——.média do biogás
Proporções
Natureza
Metano CH4
60 %
40 %
Dióxido de Carbono C02
a 5000 p.p.m.
Sulfito de Hidrogénio H2S
Saturação
Agua H20
6.61 KWh/Nm3
PCS
Fonte: SOLAGRO,1990.
O potencial energético deste gás pode ser melhorado até fazer dele um gás
substituto do metano de origem fóssil: o gás natural de qualidade H. O biogás depois
de depuração tem então a seguinte composição:
QUADRO 4.5 - Composição média do biogás
depois de depuração
Proporções
Natureza
98 9c
Metano CH4
2 9c
Dióxido de Carbono C02
< 7 p.p.m.
Sulfito de Hidrogénio H2S
-10oC a 200 bar
Agua H20
10.8 KWh/Nm3
PCS
Fonte: SOLAGRO,1990.
73
4.7,3 Produção de bíogás
O biogás é produzido através de um processo microbiológico anaeróbico de
matéria orgânica. As matérias-primas potenciais incluem efluentes, estrume de animais,
lixo doméstico, colheitas da agricultura.
O biogás pode ser produzido a partir de uma grande variedade de fontes desde
que elas contenham matéria orgânica. Quase qualquer espécie de matéria orgânica
pode ser usada para produzir biogás, segundo as condições correctas. Na prática, as
fontes principais são os efluentes e o estrume de animais. Grandes instalações de
biogás produzem energia para fazer funcionar motores e outros tipos de equipamento,
mas isto representa muitas vezes apenas uma pequena porção da energia potencial
disponível.
QUADRO 4.6 - Potencial de energia do biogás a partir
de residuos orgânicos na Suécia (TWh/ano)
Agua
Fonte
Resíduos
Resíduos
Total
Sólidos
Líquidos
Residual
Indústria
1.0
0.3
1.0
3.1
.
Municipal
1.7
2.2
0.5
10.5
Agricultura
9.1
1.4
Total
1.8
15.8
11.8
2.2
Nota: 1 Tera (10" 12) watt hora = 3.6 Penta (10" 15) Joules.
Fonte: IEA, 1992.
Na teoria, o biogás que se pode obter a partir da agricultura e floresta é
praticamente ilimitado e o processo de produção fácil de implantar. Contudo, os
aspectos práticos e a economia de produção colocam muitas restrições na viabilidade
da geração de biogás a partir da produção agrícola (IEA,1992).
Não é realista considerar que um grande número de veículos venham a ser
abastecidos com gás a partir de instalações de tratamento de efluentes. Apenas as
culturas têm o potencial para grandes volumes de combustível e de serem introduzidas
como uma fonte de combustível de motor numa grande escala comercial.
Isto significa que a cadeia do combustível biogás deve começar com o cultivo
de biomassa, podendo a sua cadeia ser definida do seguinte modo;
- Cultivo/colheita de uma cultura adequada;
- Transporte e manuseamento de biomassa e resíduos,
- Conversão microbiológica;
- Purificação/Compressão;
- Distribuição.
Durante o processo de biogás incluindo o armazenamento da cultura, existirá
também uma certa perda de biomassa, alguma da qual será perdida como metano para
a atmosfera (ECOTRAFFIC AB, 1992).
O custo de produção de biogás é uma função da matéria-prima empregue, da
capacidade do digestor e dos custos de purificação. No caso de um digestor capaz de
produzir 1-2 MWh eram, em 1992, aproximadamente de $0.10/kWh ($27/GJ),
74
incluindo custos de cultivo e colheita de uma cultura, bem como custos de capital e de
depreciação dos investimentos. Os custos de purificação incluem a preparação do gás
para uma qualidade adequada para uso num veículo.
QUADRO 4.7 - Custos para a produção de biogás
Custos
S/GJ
S/kWh
0.07
19
Produção de biogás
0.03
8
Purificação do gás e
compressão
27
0.10
Custos totais
Fonte: IEA, 1992.
O custo da produção de biogás é muito influenciado pela dimensão da
instalação. A diferença entre uma instalação de 4 MW e uma de 0.5 MW variava, em
1992, entre US$0.06/kWh e US$0.1/kWh ($16-27/GJ). Em comparação com o gás
natural, o biogás é muito mais dispendioso como fonte de energia.
Os custos de produção de biogás dividem-se tipicamente do seguinte modo;
- Capital: 24 %
- Operação e manutenção: 15 %
- Distribuição: 20 %
- Cultura: 40 %
Se o biogás estiver disponível como um subproduto, como por exemplo numa
instalação municipal de tratamento de águas residuais, os custos de produção estarão
limitados aos custos de purificação. Similarmente, os agricultores estão em posição de
produzir biogás de baixo custo (IEA, 1992).
O biogás é, como possível produto combustível de motor, consideravelmente
comprimido (ECOTRAFFIC AB, 1992).
4.7.4 Tecnologias de produção de biogás
O processo orgânico de transformação de biomassa em metano é geralmente
referido como "digestão" dado que este processo tem muito em comum com as
funções que ocorrem nos sistemas digestivos humanos e animais. O equipamento
usado toma, assim, a designação de digestor, sendo basicamente um recipiente dentro
do qual a matéria-prima biomassa é colocada e mantida numa temperatura adequada
para a actividade microbiológica máxima. O "design" de um processo de digestão de
matéria orgânica depende do tipo de matéria-prima.
A eficiência da geração de gás depende da relação entre o tempo de
permanência da biomassa dentro do digestor e a taxa de actividade microbiológica. É
necessário equilibrar cuidadosamente a taxa de carga, temperatura de operação, níveis
de PH e vários outros parâmetros do processo químico a fim de assegurar a geração
máxima de gás e evitar a descarga prematura de boa matéria-prima.
75
Numa grande instalação pode existir um conjunto de digestores de modo a que
alguns estejam ainda a gerar gás, enquanto outros estão a ser limpos e recarregados.
Deste modo, pode ser obtida uma oferta global relativamente constante.
Durante os últimos anos tem sido conduzida I&D sobre um processo contínuo
de dois passos. Durante o primeiro passo, a matéria orgânica é dividida em
componentes hidrocarbonetos menos complexos no digestorde hidrólise, passando
depois para um segundo digestor onde o metano é gerado.
A vantagem do processo de duas fases é que é possível obter um biogás de
maior qualidade, ou seja, com cerca de 70 % a 75 % de conteúdo em metano,
comparado com os 50 % a 55 % do processo de um único passo. Contudo, o processo
contínuo de um passo é uma tecnologia bem conhecida e provada, ao contrário do
processo de dois passos, que não está ainda desenvolvido para uso em grande escala
(IEA,1992).
4.7.5 Tecnologia de purificação
O biogás recuperado de um digestor contém metano, dióxido de carbono,
sulfitos e vapor de água. O gás deve ser purificado antes de ser usado como
combustível em veículos. Durante o processo de purificação o dióxido de carbono é
removido para aumentar a densidade energética do gás combustível.
A "limpeza da água" e a "separação por membrana" são os métodos mais
comuns para remover o dióxido de carbono e o sulfito de hidrogénio. A "limpeza da
água" usa uma torre purificadora na qual o gás, levemente comprimido, passa para
cima enquanto a água passa na direcção oposta. O hidróxido de sódio (NaOH) é
adicionado à água de lavagem e a reacção resultante com o CO2 produz carbonato de
sódio. O método é simples, bem provado e aplicável a operações de grande ou de
pequena escala, sendo possível remover quase todo o dióxido de carbono do biogás.
A "separação por membrana" baseia-se na diferença da pressão parcial do
metano e dióxido de carbono ao longo de uma membrana que consiste em fibras
poliméricas. Quando o fluxo de gás passa pela membrana os gases mais densos são
separados dos menos densos. A "separação por membrana" tem provado ser o método
de purificação de biogás mais económico em operações de grande escala. Para
instalações mais pequenas, ou seja, abaixo de 50nvVhora, a "limpeza da água" é ainda
economicamente favorável.
Um método alternativo de remover a contaminação de enxofre é passar o gás
através de um filtro que consiste em madeira e limalhas de ferro. Um projecto de
biogás em Estocolmo gera biogás contendo 65 % a 75 % de metano e 23 % a 35 % de
dióxido de carbono e mais contaminantes vários incluindo azoto, hidrogénio e
monóxido de carbono. Depois da purificação, o gás contém entre 93 % a 98 % de
metano e entre 1 % a 4 % de dióxido de carbono. O conteúdo de H2S é reduzido de
entre 0.001 % e 0.1 % para menos de 0.0001 % (IEA, 1992).
76
4.8 Óleo Vegetal
O óleo vegetal é produzido a partir de várias espécies de plantas. A planta de
óleo mais comum para uso em veículos no noroeste europeu é a colza e o RME
(rapeseed oil methylester) o produto combustível final a partir da semente de colza. O
valor calorífico de RME é 32.7 MJ/L e a sua densidade a 20° C é 0.88 kg/I. O RME
pode apenas ser usado em motores "Diesel", nào sendo necessárias alterações aos
motores existentes para o usar.
O cultivo e a colheita constituem o primeiro passo na cadeia do combustível.
Este processo necessita de fertilizantes fósseis, químicos (pesticidas) e combustíveis. A
energia para a fase de cultivo da cadeia é cerca de 30 % da energia do combustível
final.
A extracção do óleo de semente de colza nào é complicada e é feita através de
pressão. O óleo tem de ser, depois, refinado e finalmente trans-esterificado a fim de
obter propriedades físicas tão semelhantes quanto possível às do gasóleo. E possível
usar o óleo como combustível de veículo, mas nào é adequado para uso comercial
numa grande escala(ECCOTRAFIC AB, 1992).
4.9
Gasolinas e gasóleos sintéticos produzidos a partir do gás natural
4.9.1 Introdução
O gás natural natural é abundante e muitas vezes barato, pelo que há interesse
em transformá-lo em combustíveis líquidos. Quando encontrado demasiado longe de
um mercado poderá valer pouco, mas se for convertido em gasolina ou gasóleo é
obtido um produto com um valor mais elevado, fácil de transportar e vender. A
medida usual para a exploração de instalações de conversão de gás é o preço do
petróleo para o qual elas se tomam competitivas. A recompensa de um eficiente
processo de conversão de gás tem tentado as principais companhias petrolíferas
durante anos, mas existem indicações de que está agora a ser feito um significativo
progresso técnico. A Mobil e a Shell têm estado interessadas nesta área.
O desenvolvimento de combustíveis líquidos sintéticos provenientes do gás
natural prende-se geralmente com a exploração de reservas de gás que nào têm saída
imediata. As fábricas de síntese poderão, assim, dar valor a um recurso de gás nào
económico, embora em muitos casos o valor seja ainda considerado baixo devido
ao elevado custo de capital para conversão e à concorrência dos produtos de
petróleo.
4.9.2 Produção de gasolinas e gasóleos sintéticos
Estes combustíveis podem ser fabricados a partir do gás natural através de duas
técnicas de produção. Uma requer a produção de metanol como fase intermédia, a
outra usa uma reacção catalítica Fisher-Tropsch para produzir hidrocarbonetos
directamente a partir de um gás sintético, composto por uma mistura de monóxido de
77
carbono e hidrogénio. O processo apenas pode ser levado a cabo, economicamente,
em grandes instalações capital-intensivas.
Principais Produtores
Correntemente, existe apenas uma fábrica que opera em gasolina sintética
a partir de gás natural: a unidade Mobil na Nova Zelândia que produz 14 000 - 15
000 barris por dia de gasolina a partir de cerca de 150 milhões de pés cúbicos de
gás natural. O projecto foi concebido depois do segundo choque petrolífero em 1980,
tendo sido tomado em consideração a ideia de que os preços cresceriam nos anos 80,
numa altura em que a Nova Zelândia necessitava desesperadamente de libertação da
elevada dependência do petróleo estrangeiro. A Mobil (75 %) e o seu associado, o
governo de Nova Zelândia (25 %), experimentaram um elevado custo na fábrica, que
começou as operações em Outubro de 1985.
A fábrica de Nova Zelândia converte primeiro o gás em Metanol e depois
em gasolina de alta qualidade. Devido ao facto de a conversão ser um processo de
dois passos, é apenas 54 % termicamente eficiente.
A segunda fábrica de conversão sintética à escala mundial é a unidade da
Shell na Malásia, que possui uma grande ajuda económica por partilhar a infraestrutura de gás já existente. Tomou a sua decisão de seguir em frente com a
instalação SMDS16 em Agosto de 1989 quando os preços do petróleo estavam
baixos, o que dava uma considerável confiança na economia do processo.
A instalação da Shell é totalmente diferente da fábrica de gasolina sintética
da Mobil. O seu processo de conversão em três passos resulta numa mais alta
eficiência térmica e uma maior selectividade de produtos.
O baixo custo de capital é uma da razões para que a Shell tenha grandes
esperanças na sua operação. Uma outra vantagem é a da eficiência térmica, de 60-65
% para o processo da Shell contra 54 % para o da Mobil. A SMDS, quando estava a
iniciar o quarto trimestre de 1992, tinha uma eficiência térmica de cerca de 63 %.
Tecnicamente, os dois processos têm poucas semelhanças. Na síntese da
instalação da Mobil, o gás natural é transformado num gás sintético (uma
mistura de monóxido de carbono e hidrogénio), que é depois convertido em
Metanol contendo cerca de 17 % de água. O Metanol é parcialmente desidratado e
enviado para um reactor de conversão, que produz uma mistura de 44 % de
hidrocarbonetos e 56 % de água. Os hidrocarbonetos são extraídos e destilados
para obter produtos pesados, leves e gasolina.
No processo da Shell, o gás é convertido em gás sintético que é depois
convertido em parafinas pesadas, através dum processo catalítico, num reactor
Fischer-Tropsch. O líquido resultante é tratado através de um processo hídrico para
,6
SMDS - Shell Middle Distillate Synlhesis.
78
formar produtos destilados médios, especialmente gasóleo, kerosene e nafta, que
são depois fraccionados. O gasóleo e o kerosene constituem 75-85 % do produto.
Existem outras companhias a trabalhar em processos similares ao da Shell.
A Exxon está a investir no desenvolvimento de tecnologia de conversão e o seu
processo baseia-se também na conversão Fischer-Tropsch.
A "British Petroleum" interessa-se por objectivos mais ambiciosos, pois
apesar da companhia oferecer informação insuficiente, existem comentários de
que está a trabalhar num processo de conversão directa de gás em gasolina.
Eliminando o passo intermédio do metanol do processo da Mobil serão possíveis
consideráveis ganhos de eficiência com a conversão directa. Apesar de os
concorrentes considerarem que os problemas técnicos são desencorajadores
a
investigação na melhoria de eficiência do processo Fischer-Tropsch poderá trazer
maiores recompensas.
Outras áreas que são consideradas candidatas para uma instalação são a
Indonésia, onde os recursos de gás são grandes e a oferta de petróleo diminui e as
Caraíbas. A Shell também delineou alguns projectos SMDS na Nigéria e um
baseado nas vastas reservas da bacia da Amazónia no Brasil.
Com grandes reservas, a Statoil da Noruega está, desde 1986, a estudar a
possibilidade de instalação de uma unidade de síntese de produtos destilados,
acreditando que a instalação comercial poderá estar a funcionar por volta de 199697. A companhia diz ter obtido bons resultados com um reactor experimental de
mistura semi-líquida, no seu centro de investigação de Trondheim.
4.9.3 Utilização de combustíveis sintéticos em veículos
Os produtos destas instalações podem ser misturados com os combustíveis
similares derivados do petróleo e distribuídos exactamente da mesma maneira, não
sendo necessárias modificações nos veículos para que funcionem como combustíveis
sintéticos.
4.10 Comparação de combustíveis alternativos
4.10.1 Comparação de preços
A economia de cada combustível alternativo de transporte depende do custo de
produção e do custo adicional de distribuição e uso final. Os custos de produção, por
sua vez dependem da abundância ou escassez de recursos a partir dos quais o
combustível é produzido, bem como da tecnologia que está disponível para extrair os
recursos. O custo adicional de distribuição e uso final depende da extensão em que
estão já instalados meios para distribuir o combustível (IEA,1990).
79
QUADRO 4.8 - Custos Comparativos
de combustíveis substitutos
Combustível
Custo Global
(Dólares de 1987 por barril energia equivalente de gasolina)
SI 8
Petróleo bruto
$27
Gasolina convencional
$20-46
GNC
$21-34
Produtos VHO
$30-67
Metanol (a partir do gás)
Gasolina sintética (a partir do gás)
$43-61
Gasóleo (a partir do gás)
$69
Metanol (a partir do carvão)
$63-109
Metanol (a partir da biomassa)
$64-126
Etanol (a partir da biomassa)
$66-101
Fonte: IEA,1990.
De acordo com o quadro anterior, os produtos de GNC e VHOs (very heavy
oils) podem ser economicamente concorrentes com a gasolina convencional. O
metanol e a gasolina sintética produzida a partir do gás natural podem ser quase
competitivos, de acordo com as considerações optimistas do preço do gás. O metanol
a partir do carvão ou biomassa e o etanol a partir da biomassa têm um custo que é pelo
menos o dobro do da gasolina aos preços correntes do petróleo e com a tecnologia
corrente.
Uma conversão para combustíveis alternativos necessitará de investimento
significativo em novo equipamento de produção e distribuição, podendo existir
também problemas associados à aplicação de tecnologias que não sejam familiares
numa grande escala e num ambiente de mercado incerto. Por isso, antes que essa
utilização de recursos ocorra, os preços do petróleo devem ter aumentado
significativamente ou o desenvolvimento tecnológico deve ter tomado as alternativas
menos dispendiosas.
Existem indicações de que o custo da maior parte das opções de combustíveis
alternativos poderá ser substancialmente reduzido através do desenvolvimento de
novas e melhoradas tecnologias. Dado o potencial dos combustíveis alternativos para
aumentar a segurança energética, os mais elevados custos destes combustíveis
apresentam uma oportunidade para a investigação, desenvolvimento e demostraçào
adequadamente orientados (IEA,1990).
Um outro resultado importante é a relação entre os preços do petróleo
convencional, o gás natural e os combustíveis alternativos. Se um dado país ou
companhia produz petróleo e gás, poderá vender o sem gás de modo a maximizar as
vendas totais dos dois combustíveis, o que pode, por sua vez, afectar o preço de
mercado do metanol a partir do gás natural.
Os preços futuros de retalho esperados dos diferentes combustíveis são
apresentados no quadro seguinte;
80
QUADRO 4.9 - Preços estimados de retalho para
combustível de reabastecimento público
(US$/galão de gasolina equivalente)
2002
1
1995
Gasolina
sem US $ 1.27 US $ 1.39
chumbo
1.27-1.43
1.56
Gasolina
reformulada
1.56-1.86
1.67
Metanol (MSS)
2.45
1.67-2.55
Etanol (E-85)
1.01
0.92
Gás Natural
1.22
1.13
Propano
Fonte: VAN DER W IDE, J; SEPPEN, J, 1992.
A análise dos preços de combustível para os transportes é muitas vezes
complicada devido aos elevados impostos e subsídios envolvidos. Na América estas
influências sobre os preços de combustível são muito baixas. O preço do gás natural no
quadro anterior inclui os custos de compressão e é ainda o mais baixo (VAN DER
WEIDE, J; SEPPEN, J, 1992).
4.10.2 Armazenamento de combustíveis alternativos
O armazenamento de combustíveis alternativos dentro dos veículos tem
consequências substanciais, particularmente no que respeita a combustíveis gasosos. O
quadro seguinte mostra tais consequências no que respeita ao volume e ao peso, sendo
usado como referência um autocarro de cidade, com uma autonomia de 500 km.
Tipo de
combustível
QUADRO 4.10 - Propriedades dos diferentes combustíveis
Peso extra do
Volume do
Valor de
Ponto de
Densidade
veiculo para
aquecimento Reservatório
kg/dm3
ebuliçio
SOO km
dm3
MJ/kg
'C
kg
200
42.5
150..360
0.83
140
340
46.1
0.54
-50..0
900
1270
47.7
0.14
-162
250
540
19.7
0.79
64.5
130
400
26.8
0.92
78
30
210
35.8
0.92
Gasóleo
GPL
GNC
Metanol
Etanol
Oleo
vegetal
43.5
25..110
Gasolina
0.73
Fonte: VAN DER WEIDE, J; SEPPER, J, 1992.
270
40
Segurança
+ /+++
+
++
+++
+
Segundo VAN DER WEIDE, J.; SEPPEN, J., 1992, podem ser utilizadas as
seguintes técnicas para aumentar a capacidade do combustível de cilindros de
armazenamento; reabastecimento muito rápido (injecção rápida), mistura com propano
ou butano, adsorçào em material adequado.
Uma técnica que está a ser desenvolvida, é a adsorçào de gás natural em
material apropriado (cerâmico, carbono activo) no cilindro. Usando esta técnica a
capacidade do cilindro a 30 bar é a mesma que a capacidade de um cilindro sem
material de adsorçào a 200 bar. A vantagem disto é que pode ser usado um
compressor com um rácio de pressão mais baixo ou os cilindros podem ser enchidos
81
sem compressor. O último utiliza-se quando está disponível gás com pressão
suficientemente elevada (VAN DER WEIDE, J.; SEPPEN, J., 1992).
4.10.3 Eficiência de uso final dos combustíveis
O maior uso de VHOs poderá possivelmente ter um impacto negativo sobre a
eficiência de uso final do veículo na ausência de tecnologia melhorada para o seu uso.
A "performance" do motor com eles é geralmente comparével à dos combustíveis
convencionais. Os produtos a partir dos VHOs são similares aos de petróleo
convencional mas podem ter reduzida qualidade.
A conversão de veículos para gás natural comprimido pode tender para reduzir
a eficiência do combustível, a não ser que haja um desenvolvimento de motores que
sejam especificamente desenhados para o seu uso. O GNC é já usado bastante
extensivamente em certos países e contextos regionais. Mas no presente, a
"performance" do GNC em motores "Otto" modificados através de equipamentos de
conversão (ou seja, motores de ignição de faísca modificados) está abaixo da
"performance" da gasolina em motores não modificados.
Por outro lado, a indústria está a começar a desenhar especificamente motores
para uso de GNC e isto pode conduzir a uma maior eficiência e mais baixos custos
comparados com as adaptações.
Apesar de terem mais baixo valor energético por unidade de volume que a
gasolina, os combustíveis de álcool possuem melhores características de combustão
para uso em motores "Otto". O desenvolvimento recente de FFVs, capazes de
funcionar com qualquer mistura de álcool e gasolina, é significativo para ajudar a uma
transição potencial para motores especificamente fabricados para usar álcool. Os
veículos "fuel flexible" estão na fase de processo de frota e parecem ser
operacionalmente satisfatórios, apesar de alguns resultados necessitarem de ser
melhorados.
As propriedades dos combustíveis de álcool não são imediatamente favoráveis
para a melhor eficiência do "Ciclo Diesel", mas foram agora obtidos resultados
comparáveis aos obtidos com gasolina convencional. A tecnologia está menos
desenvolvida que para os motores "Otto", mas estão a ser empreendidos vários
processos de pequena escala.
O motor a metanol desenhado para fazer uso completo das propriedades do
álcoois, é ainda só um conceito, mas também uma área onde as actividades de I&D
devem ser centradas. Em geral, o uso de motores a metanol deve esperar o
estabelecimento de uma infra-estrutura para a distribuição de metanol. Contudo, eles
podem ser introduzidos inicialmente em frotas centralizadas.
Ninguém produzirá veículos especiais se não existir combustível alternativo
disponível e ninguém produzirá um combustível alternativo se não existirem veículos
disponíveis para o usar. Este problema de "marketing" pode ser ultrapassado através
de investigação e desenvolvimento e desenvolvimento de FFVs nos quais tanto um
combustível alternativo como um combustível convencional pode ser usado.
82
Os potenciais obstáculos para o "marketing" dos combustíveis alternativos sào
numerosos. Do lado da oferta, estes incluem preço do combustível, disponibilidade,
padronização e segurança. No que respeita ao uso final, eles incluem o preço do
veículo, "performance", optimização e segurança. Os regulamentos ambientais, cujo
objevtivo não é promover o papel dos combustíveis alternativos per si, poderão
também desempenhar um papel importante.
Dado o número e complexidade dos obstáculos para trazer novos combustíveis
para o mercado, os esforços de investigação e desenvolvimento devem ser centrados
em alternativas que não tenham apenas méritos técnicos, mas também o potencial de
ultrapassar estes obstáculos (IEA, 1990).
4.10.4 Características ambientais dos combustíveis substitutos
As emissões de partículas dos veículos sào um dos principais factores a
considerar na avaliação dos relativos méritos ambientais dos combustíveis alternativos.
O gasóleo a partir de VHO, tem, em geral, uma emissão de partículas mais elevada
(fumo) que o gasóleo baseado no petróleo, GNC ou combustível de álcool. Os Estados
Unidos e o Canadá estão a criar regulamentos mais rigorosos para limitar as emissões
de partículas e a Suécia e Suiça têm também planos firmes nesse sentido. Se as
preocupações ambientais persistirem outros países poderão, eventualmente, adoptar
regulamentos similares.
A combustão de gás natural em veículos resulta em menores emissões de
hidrocarbonetos e monóxido de carbono, mas levantam-se algumas questões quanto
aos níveis de óxidos de azoto. Tem sido empreendido um estudo relativamente
pequeno nesta área, sendo necessário mais trabalho sobre combustão e catalisadores
adequados.
Em princípio as emissões dos combustíveis de álcool devem ser mais baixas
que as da gasolina ou gasóleo. Os resultados disponíveis para o presente mostram que
os combustíveis de álcool podem reduzir as emissões de ozono em motores do "Ciclo
Otto" porque as emissões de escape e evaporativas sào menos reactivas, mas isso
necessita ainda de ser confirmado.
As emissões de partículas de motores de compressão/ignição podem também
ser grandemente reduzidas através do uso de metanol. Por outro lado, será necessária
muita investigação e desenvolvimento para que o metanol possa preencher o seu
potencial teórico para reduções de emissões com um custo razoável. Poderá ser
possível reduzir os custos de controle de emissão para combustíveis de álcool abaixo
dos custos dos combustíveis convencionais. Contudo, a questão do controle do
formaldeido necessita de ser resolvida, tanto através de afinação dos motores ou do
uso de um catalisador de oxidação simples.
A queima de GNC e de metanol terão as mais baixas emissões de gases de
efeito de estufa. Considera-se que tanto a biomassa como os combustíveis baseados no
gás natural são mais benignos ambientalmente que os combustíveis derivados do
petróleo. Contudo, mantêm-se ainda grandes incertezas acerca dos méritos relativos
83
do ciclo dos combustíveis alternativos e dos seus impactos ambientais. Antes que o
uso de qualquer combustível seja expandido em termos ambientais, será útil
compreender melhor estes impactos (IEA, 1990).
84
5. IMPACTE AMBIENTAL NO SECTOR DOS TRANSPORTES
5.1 Introdução
O elevado consumo de combustíveis fósseis resulta numa contínua
produção de grandes quantidades de poluentes, os quais, juntos com os que são
produzidos pelos processos industriais e pelo aquecimento doméstico, são emitidos
para a atmosfera, particularmente em áreas muito urbanizadas. A situação é tal que a
saúde humana está em perigo e até a vegetação e monumentos antigos estão já
ameaçados.
Substâncias como HC, CO, NOx, CO2, SOx e partículas que há vinte anos
atrás eram conhecidas apenas por químicos de laboratório têm-se tomado um
assunto de grande interesse e estão no primeiro plano da atenção do público, porque a
sua concentração na atmosfera excede muitas vezes o nível de perigo.
O sector dos transportes tem-se tomado também a principal fonte de poluição
em cidades. 66 % das emissões de CO, 74 % das emissões de HC, 36 % das emissões
de NOx são geradas por veículos ligeiros que circulam em áreas urbanas e a
contribuição do transporte rodoviário em chuvas ácidas é estimada em 30 %
(PEYREBONNE, 1992).
Consequentemente, apesar de não serem os únicos responsáveis pela poluição
atmosférica, os veículos detém
uma responsabilidade significativa. Como
resultado,
os
governos
dos paises mais afectados pelo problema estão
continuamente a tentar encontrar alternativas válidas para a gasolina e o gasóleo.
Desde os anos 70, muitos países têm passado leis e regulamentos num esforço
de estabilizar, ou mesmo reverter, a deterioração da qualidade do ar. Contudo, estas
normas tiveram apenas o efeito líquido de diminuir o ritmo de crescimento de emissão
de poluentes, pois o problema ainda persiste.
Será necessária uma cooperação mundial para tratar, efectivamente, dos
problemas de qualidade do ar, pois a poluição atmosférica não está restringida a
diferentes bandeiras geo-políticas. Para o sector dos transportes, que inclui tanto
combustíveis como veículos, isto significa uma melhor execução dos regulamentos e
políticas nacionais existentes e uma implantação rigorosa de acordos internacionais.
É reconhecido que as presentes normas de emissão são insuficientes para
reverter a tendência dos crescentes danos ambientais e de saúde. Terão de ser
adoptados padrões muito mais rigorosos. No futuro, os compostos tóxicos serão
também provavelmente regulamentados (EBA, 1992).
85
5.2 Medidas de luta contra a poluição causada pelos transportes
rodoviários
Existem hoje várias medidas disponíveis para lutar contra esta forma de
poluição, dependendo a eficácia de cada uma de factores que não podem ser sempre
precisamente controlados e em alguns casos envolvem elevados custos. As soluções
disponíveis podem ser divididas em quatro categorias:
- melhoria das caracteristicas dos combustíveis tradicionais;
- medidas para reduzir as emissões originadas em motores que usam
combustíveis tradicionais;
- outros sistemas de transporte;
- combustíveis alternativos.
5.2.1. Melhoria dos combustíveis tradicionais
No que respeita à melhoria dos combustíveis tradicionais, têm
consideradas as seguinte medidas;
- gasolina sem chumbo, com adição de hidrocarbonetos mais pesados;
- gasolina sem chumbo, com adição de álcool;
- gasóleo reformado, mais leve e sem enxofre.
sido
As tão chamadas "gasolinas verdes", criadas para eliminar o c. mbo
na
atmosfera e com a adição
de
hidrocarbonetos complexamente estruturados,
requerem conversores catalíticos para tratar os fumos que de outro modo poderão ser
mais nocivos que os produzidos por gasolina contendo chumbo tetraetílico. Outros
aditivos são muitas vezes dispendiosos e nem sempre existe disponibilidade em
quantidades suficientes.
Os laboratórios têm produzido novos gasóleos sem enxofre, que são mais
leves e capazes de queimar melhor. Estes produtos podem indubitavelmente atenuar
o impacto sobre o ambiente, mas não eliminam a desvantagem de poder produzir
fumos negros, quando não convenientemente queimados.
5.2.2. Tecnologias para reduzir as emissões
As medidas tecnológicas adoptadas para reduzir as emissões são as seguintes:
- Conversores catalíticos;
- Armadilha renovável para partículas;
- Recirculaçào de gás de escape (Exhaust gas recycling -EGR);
- Carburação com uma mistura pobre.
Estas medidas visam reduzir as emissões de
modificar os combustíveis tradicionais.
poluentes
dos motores
sem
Os conversores catalíticos representam um meio válido de reduzir a emissão
de substâncias poluentes dos motores do "Ciclo Otto" alimentados por misturas
estequiométricas. Os mais difundidos são os conversores "three-way" que eliminam
86
simultaneamente o CO, o HC e os NOx. Têm, contudo, desvantagens técnicas, uma
vez que a carburação deve ser controlada com precisão, pois de outro modo o
veículo estará sujeito a um rápido decréscimo de resultados. A sua vida activa deve
ser continuamente verificada dado que é também afectada
pelas contínuas
variações de temperatura devido ao descontínuo uso dos motores dos veículos.
A tecnologia moderna tem também desenhado "armadilhas especiais", que
constituem filtros que podem apanhar as mais pequenas partículas emitidas pelos
motores a gasóleo e que são a principal causa dos fumos negros. Infelizmente,
contudo, o carbono acumula-se nos buracos do filtro devendo este equipamento ser
renovado através de um sistema intermitente de combustão do carbono, pelo que é
necessária a instalação de dois filtros em paralelo para assegurar uma filtragem
contínua.
As "armadilhas" são uma boa medida selectiva contra a poluição dado que
são feitas com materiais capazes de resistir durante longos períodos a frequentes
mudanças de temperatura às quais estão sujeitos.
A redução dos NOx por meio de recirculação parcial do gás de escape
(EGR) é potencialmente interessante mas está a provar ser de difícil implantação,
porque existem problemas de duração com este sistema, particularmente para
motores pesados.
As investigações mostram que os motores do "Ciclo Otto" que funcionam com
uma mistura ar-combustível pobre, ou seja, com pouco combustível, podem reduzir
as suas emissões de poluentes.
Não é, contudo,
possível reduzir todas as
emissões
de poluentes
simultaneamente com este sistema dado que ele afecta, por exemplo, o CO e o NOx,
de maneira diferente. Para a combustão com mistura pobre, por consequência, é
necessário que seja instalado um tubo de escape catalítico oxidizante para dar uma
eficiência total.
5.2.3. Outros sistemas de transporte
Os impactes ambientais dependem da diversificação dos sistemas de transporte.
Normalmente, verifica-se uma predominância de modos rodoviários. E importante a
introdução dos seguintes sistemas;
- tracção eléctrica (carros eléctricos, autocarros "trolley");
- tracção de dois sistemas (bi-modo; tracção "Diesef+tracçào eléctrica).
Tracção eléctrica
A tracção eléctrica, tanto privada como pública, é um meio muito eficiente de
reduzir as emissões de poluentes a um nível local sendo, por isso, ideal em cidades.
Os veículos eléctricos e os autocarros "trolley" emitem poucas substâncias poluentes:
apenas as produzidas pelas baterias durante os ciclos de carga e descarga e o
ozono gerado pela ignição por faísca eléctrica. O ciclo produtivo de baterias de
chumbo tem, contudo, um impacto ambiental negativo a vários níveis.
87
A maioria (60-70 %) da energia eléctrica consumida por estes meios de
transporte é produzida em instalações termoeléctricas onde as emissões de uma
certa quantidade de poluentes são inevitáveis. O armazenamento desta forma de
energia em veículos é dispendioso e inconveniente devido ao custo, peso e dimensão
das baterias. A construção de cabos eléctricos nas cidades é também dispendiosa e
danifica a já ameaçada arquitectura dos centros da cidade.
Por vezes mais de 10 % da energia produzida nas
perdida ao longo das linhas da rede de distribuição.
instalações eléctricas é
Tracção de dois sistemas
Existe também um sistema de tracção para transporte público que consiste
num veículo especial equipado com um motor a gasóleo a circular a uma velocidade
fixa a concorrer com um motor eléctrico. Este sistema reduz as desvantagens
mencionadas mas não resolve o problema, envolvendo um certo grau de complexidade
de equipamento para o veículo. A implantação deste sistema é bastante dispendiosa e
não é compensada, devido aos resultados atractivos da tracção eléctrica pura.
5.2.4. Combustíveis alternativos
Entre as medidas adoptadas para lutar contra a poluição atmosférica
existem
também os vários combustíveis alternativos já referidos. O termo
"combustíveis alternativos" refere-se normalmente aos seguintes produtos:
- metanol e éteres derivados;
- etanol e éteres derivados;
-GPL;
- biogás;
- GNC.
5.3 Impacte ambiental de uma transição dos combustíveis actuais para
o gás natural
5.3.1 Introdução
As emissões de veículos são quantificadas de vários modos, dependendo do
tipo de veículo. Para veículos ligeiros as emissões são normalmente expressas em
gramas por quilómetro, g/km (ou gramas por milha, gpm). Para veículos pesados, as
quantidades de emissões estão geralmente relacionadas com o output da energia
mecânica do motor. Por convenção a unidade de energia kwh é usada para este
trabalho mecânico e as emissões de veículos pesados são, assim, normalmente
expressas em gramas por kilowatt-hora de trabalho mecânico.
As emissões variam de acordo com o modo como o motor trabalha e com o
facto de se tratar de um veículo ligeiro ou pesado (ECOTRAFFIC AB, 1992).
88
5.3.2 Métodos dc Teste
Foram desenvolvidos diferentes métodos de teste em todo o mundo com a
função de comparar emissões de escape e criar um instrumento para legislação. São
usados dois tipos básicos de métodos de teste; os "transient" e os "steady state".
Os ciclos de teste "steady state" aplicam-se especialmente em países em
desenvolvimento dado que podem ser implantados com custos relativamente baixos
comparados com os ciclos de teste "trasient" desenvolvidos pelos Estados Unidos da
América.
Todos os ciclos de teste foram criados para representar ciclos típicos de
operação rodoviária, sendo os mais usados e mais criticados os métodos "U.S. Federal
Test ProcedureM(FTP) e "Economic Commission for Europe, Regulation 49"(ECE
R49). O FTP é o método norte americano para certificar um veículo a fim de obter
aprovação para o seu uso. A crítica está relacionada com o ênfase dado aos modos de
operação do motor que são raramente vistos em serviço actual.
QUADRO S.l - Ciclos de teste de emissão geralmente utilizados
Transient
Steady State
FTP (U.S. Federal Test ECE R49 (Economic Comission for
Procedure)
Europe, Regulation 49)
New York Bus Cvcle
ECER15
U.S. 13 mode
Japanese 6 mode
Japanese 10 mode
Braunschweig
Uppsala bus cvcle
Fonte: IEAÍ1992.
No caso de motores pesados, um ciclo FTP demora 20 minutos a executar e
deve ser efectuado três vezes. O primeiro teste é um arranque a frio (abaixo de 20° C),
seguido de um teste com um motor quente exactamente 20 minutos depois do teste de
arranque frio ter terminado. Os resultados consistem niima soma ponderada dos
resultados de arranque a frio (1/7) e a quente (6/7). Os regulamentos norte americanos
cobrem o monóxido de carbono, os hidrocarbonetos, óxidos de azoto e emissões de
partículas.
O ECE R49 (Economic Comission for Europe, Regulation 49) é um ciclo "13
mode" estacionário. Este modo é usado para legislação na Europa bem como outras
partes do mundo. O método inclui três medições efectuadas em 13 situações diferentes
(o "relantim" é medido três vezes). Todos os modos são modos quentes. O motor
funciona durante seis minutos em cada ponto velocidade/carga, dos quais apenas o
último minuto é contabilizado. O Japão tem um teste de ciclo "six mode" que é
conduzido de um modo similar.
Os países da Europa Ocidental, especialmente os da CEE, adoptaram todos o
método de teste ECE 49. Porém, os padrões individuais não são comparáveis entre
países, mesmo entre aqueles que empregam a mesma abordagem, pois podem existir
diferenças no respectivo processo de teste ou classificação do veiculo ou motor.
89
5.3.3 Emissões regulamentadas
As emissões regulamentadas de veículos têm a ver com alguns grupos de
componentes que foram considerados negativos para o ambiente e vida orgânica
(especialmente humana). Os regulamentos variam entre países e entre tipos de
veículos.
As normas ou linhas guia para a qualidade do ar são frequentemente excedidas,
especialmente ao longo de estradas muito utilizadas.
O perfil das emissões de escape nào é apenas uma função do nível de
combustível, sendo também função do "design" e calibração do motor bem como do
sistema de controle de emissão.
Existe uma tendência para padrões de emissão cada vez mais rigorosos,
estando a ser impostos padrões que restringem os níveis de emissão máximos, que
podem incluir hidrocarbonetos (HC), monóxido de carbono (CO), óxidos de azoto
(NOx) e em alguns casos as partículas. Contudo, existe ainda um grande grau de
diversidade na abordagem e padrões estabelecidos por diferentes países.
Verifica-se ainda uma grande discrepância em normas de emissão entre
diferentes países em todo o mundo. As recentes iniciativas reguladoras dos Estados
Unidos, em especial da Califórnia, estão a dar um maior ímpeto ao desenvolvimento do
motor a gás natural.
Os países da América do Norte (Estados Unidos da América e Canadá) têm
procurado desenvolver padrões de emissão específicos, por combustível. Estes
incluem, correntemente, gasolina e gasóleo, bem como metanol nos Estados Unidos da
América. Em 1992, apenas o estado da Califórnia tinha adoptado padrões de emissão
específicos para veículos pesados a gás natural.
Nos Estados Unidos, as recentes reformas ao "Clean Air Act" (CAA) impõem
normas mais rigorosas para novos veículos, a adoptar, efectivamente, em 1994.
QUADRO 5.2 - Comparação dos padrões de emissão de um veículo
de passageiros segundo o "Clean Air Act" (Tierl)
•'US Clean Air Act
Amendments"
(1994)
A 50000
Estados Unidos
Milhas
da América
(g/milha)
em 1992
0.41
0.41
THC
0.25
Nenhum
NMHC
3.4/10.0(1)
3.4
CO
0.4
1.0
NO..
0
(1) Padrão de temperatura fria em -7 C.
Fonte: IEA,1992.
Constituintes
de Emissões
90
A 100000
Milhas
(g/milha)
0.41
0.31
4.2
0.6
|
|
O quadro seguinte resume as futuras normas de emissão da América para motores
pesados.
QUADRO 5.3 - Diferença entre os padrões de emissão do "CIcan Air Act"
de 1990 para autocarros urbanos e Camiões
Motor pesado de camião
Motor pesado de autocarro urbano
Padrões de emissão
Padrões de emissão
(g/kW-hora medidos durante o teste
(g/kW-hora medidos durante o teste
de motor da EPA)
de motor da EPA)
Modelo
Modelo
ANO NOx HC CO PM
ANO NOx HC CO PM
1990
8.4 1.74 20.8 0.80
1990 8.4 1.74 20.8 0.80
1991
6.7 1.74 20.8 0.34
1991 6.7 1.74 20.8 0.34
1994
6.7 1.74 20.8 0.13
1994 6.7 1.74 20.8 0.13
1998 5.36 1.74 20.8 0.13
1998 6.7 1.74 20.8 0.07
Fonte: VAN DER WEIDE, J; SEPPEN, J, 1992.
A legislação europeia futura é apresentada no quadro seguinte. Especialmente
os níveis de 1994, para autocarros urbanos são muito baixos. Espera-se que seja
necessário, no futuro equipamento dispendioso (armadilhas para partículas) para
motores "Diesel".
QUADRO 5.4 - Legislação europeia para
motores de autocarros e camiões
Teste europeu "IS-mode" (gramas/kW)
Modelo
NOv HC CO PM
ANO
8.0 1.1 4.5 0.36
1993
EURO 1
7.0 1.1 4.0 0.15
1996
EURO 2
4.0 0.6 0.6 0.15
1999* EURO 3
♦ Valor esperado.
Fonte: VAN DER WEIDE, J; SEPPEN, J, 1992.
As tão conhecidas normas EURO 3 ainda não existem, esperando-se que os
motores "Diesel" sejam capazes de respeitar estes regulamentos quando entrarem em
vigor.
O estado da Califórnia considerou recentemente planos para os fins dos anos
90 e para o próximo século. O veículo de baixa emissão (LEV17) e o "Clean Fuel Plan"
procuram reduzir ou eliminar as emissões de HC reactivos de todos os veículos
independentemente do tipo de combustível.
O "Clean Fuel Plan" procura alcançar este objectivo encorajando a introdução
de combustíveis "limpos", incluindo gás natural, através da introdução de normas não
discriminatórias de combustível. O plano da Califórnia é especificamente criado para
resolver os severos problemas do ozono e dos componentes tóxicos.
17
LEV - Low Emission Vehicle.
91
100
10 --
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HC
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V.
E
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—I
0.01
Introdução proeressiva de
tecnologias de emissão muito baixas
Figura 5.1. Orientações da legislação sobre emissões da Califórnia
Fonte: HEATON, D.; VAN DER WEITE, J., 1993.
Segundo o plano LEV, seria utilizada uma norma de gás orgânico sem metano
(NMOG18) no lugar do específico padrão de combustível NMHC19 (Hidrocarbonetos
sem metano). A fim de igualar o impacto na qualidade do ar de diferentes
combustíveis, a porção medida de NMOG do gás de escape seria ajustada por um
factor que considera a reactividade fotoquímica do escape. O factor líquido de NMOG
para um dado tipo de combustível seria o produto destes dois números. Este factor
NMOG líquido seria comparado com a norma para verificar concordância.
Esta abordagem procura limitar o potencial de formação de ozono de veículos
movidos por diferentes tipos de combustível. Assim, um motor a gás natural
beneficiaria, segundo este esquema, dado que a maioria do seu escape é composta por
metano, conduzindo a um factor de ajustamento de baixa reactividade.
18
19
NMOG - Non-methane Organic Gas.
NMHC - Non-methane hydrocarbon.
92
CO
NOx
Pm
QUADRO 5.5 - Padrões de emissão para um veículo de
passageiros segundo o Plano da Califórnia (g/milha)
NMOG
CO
NO,
Form aldeído
PM
0.125 (0.156)
3.4 (4.2)
0.4 (0.6)
(0.08)
0.015 (0.018,
0.075 (0.090)
3.4 (4.2)
0.2 (0.3)
(0.08)
0.015 (0.018)
0.040 (0.055)
1.7 (2.1)
0.2 (0.3)
(0.08)
0.008 (0.011)
li Categoria
TLEV
LEV
ULEV
Notas;
- Padrões de 50000 milhas.
- ( ) indica padrões de 100000 milhas.
- Todos os padrões estão em g/milha.
- Os padrões para partículas (PM) apenas se aplicam a veículos a
gasóleo.
- TLEV20 - veículo transicional de baixa emissão.
- LEV - veículo de baixa emissão
- ULEV21 - veículo de emissão ultra-baixa.
Fonte: rEA,1992.
De acordo com o plano LEV, seria dada aos fabricantes individuais liberdade
para fabricar qualquer combinação de veículos que respeitasse a norma NMOG média
de frota. Essa combinação de frota poderia consistir em veículos transicionais de baixa
emissão (TLEV), veículos de baixa emissão (LEV), veículos de emissão ultra-baixa
(ULEV) e veículos de emissão zero (ZEV22). Apenas os veículos ligeiros teriam de
manter uma fracção das vendas de pelo menos 10 % de ZEV por volta do ano 2003.
Toma-se claro que os combustíveis alternativos (particularmente os combustíveis
gasosos) necessitam menos de nova tecnologia para respeitar os regulamentos que os
combustíveis mais convencionais.
5.3.4 Emissões de veículos a gás natural
Espera-se que os veículos a gás natural permitam importantes reduções nos
níveis de emissão. As maiores vantagens serão apenas obtidas a partir de motores
fabricados especificamente para usar gás natural, que têm configurações de câmara de
combustão, sistemas de mistura ar/combustível, curvas de ignição e outros parâmetros
de motor optimizados para combustão de gás natural. As emissões dependem do
"design" do motor em causa e das estratégias de combustão.
Os motores "bi-fuel", usando equipamentos de conversão não representam o
melhor que se pode obter em reduções de emissões, apesar dos equipamentos da
última geração, usando injecção gasosa, controles electrónicos e conversores
catalíticos serem altamente eficientes em controle de emissões quando adequadamente
instalados e ajustados (IEA,1992).
Os principais produtos de combustão de um motor de combustão interna a
funcionar com uma mistura de um combustível hidrocarboneto com ar são o dióxido
de carbono (CO2), a água e o azoto. Idealmente, estas deveriam ser as únicas
20
TLEV - Transitional Low Emission Vehicle.
ULEV - Ultra Low Emission Vehiclc.
22
ZEV - Zero Emission Vehicle.
21
93
emissões. Porém, devido ao facto de o combustível ser apenas parcialmente queimado,
os hidrocarbonetos (HC), óxidos de azoto (NOx), monóxido de carbono (CO) e
outros compostos orgânicos estào presentes no gás de escape.
Os motores a gasóleo operam com mais elevados rácios ar/combustível que os
motores a gasolina e a disponibilidade de oxigénio em excesso significa que produzem
menos hidrocarbonetos e monóxido de carbono, apesar de em condições de arranque o
frio as emissões de hidrocarbonetos aumentarem e ser emitido fumo de escape
(BRITISH GAS,1991a).
Apesar de existir uma grande incerteza científica no potencial de aquecimento
das emissões durante o ciclo do combustível, parece que o gás natural tem menor
impacto sobre o aquecimento global que a gasolina, mas tem o mesmo impacto que o
gasóleo (IEA,1992).
Embora se aceite que o gás natural é um combustível limpo, nào se podem
ignorar os enormes esforços de investigação e desenvolvimento que têm sido feitos
pelos fabricantes de motores a gasóleo e a gasolina, que têm melhorado as
"performances" e emissões resultantes do uso de gasolina e de gasóleo. De acordo
com BASSI(1993), as vantagens de emissão do motor a gás natural em relação aos
combustíveis tradicionais poderão desaparecer se nào forem aplicados esforços
técnicos adequados ao desenvolvimento de motores a gás, para acompanhar as
legislações ambientais cada vez mais rigorosas, em competição com os combustíveis
gasóleo e gasolina.
Os relatórios sobre testes de emissão efectuados em motores a gás natural nem
sempre referem a especificação do gás usado como combustível. Os testes de emissão
efectuados em motores a gasolina, particularmente os que são conduzidos para fins de
certificação legal, são realizados com um combustível padronizado. Parece lógico
empregar uma especificação de gás padrão para permitir a mesma fiabilidade dos
resultados (IEA,1992).
QUADRO 5.6 - Normas e níveis de emissão
com GNC demostrados na Holanda
Demostrado
Limite
Demonstrado
1800 Kg
US-FTP
ULEV
1600 Kg
0.16
0.62
0.124
0.21
NOv (g/km)
0.22
1.06
0.81
CO (g/km)
2.11
0.06
0.21
HC (e/km)
0.25
<0.02
<0.01
0.124
0.031
NMHC
(g/km)
Fonte: VAN DER WEIDE, J; SEPPEN, J, 1992.
94
QUADRO 5.7 - Resultados de emissão para veículos a
GNC no mercado italiano e teste "ECE 15-04"
HC
NOx
CO^
Emissões
CO
VW Passat 2.0 GLI
4.78
762.2
(g/teste) 5.56 10.46
1.16
188.0
(g/km) 1.37
2.58
Fiat Uno Arcoboleno
8.82
3.64
(g/teste) 0.74
2.18
0.90
(g/km) 0.18
Fiat Tipo com catalisador
"three-way"
2.47
0.26
(g/teste) 0.54
0.61
0.06
(R/km) 0.13
Fonte: VAN DER WEIDE, J; SEPPEN, J, 1992.
Emissões de Hidrocarbonetos
A questão das emissões de hidrocarbonetos é complicada, existindo um grande
debate acerca dos relativos efeitos nocivos dos vários hidrocarbonetos. Os motores a
gás natural emitem gás metano não queimado, que é um hidrocarboneto. Contudo, há
várias autoridades que consideram que o metano não é ambientalmente tão nocivo,
como outros hidrocarbonetos mais pesados, o que tem conduzido às normas de
emissão de NMHC, que excluem o metano dos hidrocarbonetos.
Os motores a gás natural dão mais baixas emissões de NMHC que os motores
a gasolina ou "Diesel". Qualquer gás emitido é principalmente metano, o que não é de
preocupação quando comparado com os benzenos e tolenos em vapores de gasolina.
As emissões de hidrocarbonetos tendem a aumentar tanto sob condições muito
ricas como sob condições muito pobres. A formação de HC tende a ser uma função do
ar disponível e da mistura total ar/combustível.
É necessário uma quantidade mínima de ar para sustentar a combustão. Se a
mistura for demasiado rica, então o combustível não queimado e parcialmente
queimado será lançado no escape. As emissões de HC podem também ocorrer quando
a concentração de CH4 é demasiado baixa e a chama é apagada, o que pode acontecer
nas extremidades da câmara de combustão onde as paredes do cilindro relativamente
frias extinguem a chama antes de a combustão estar completa.
Por outro lado, as emissões de HC aumentam sob condições demasiado pobres
se existir insuficiente combustível para sustentar a combustão. A existência de bolsas
de combustível não queimado na câmara de combustão pode também contribuir para
elevadas emissões de HC.
O escape de hidrocarbonetos sem metano de um veículo a gás natural
consistirá principalmente em parafinas tais como etano e propano, que são menos
reactivas que os NMHC dos veículos convencionais.
95
Emissões de Dióxido de Carbono
O CO2 é um dos principais contribuintes para o aquecimento global.
Comparado com os combustíveis líquidos, o gás natural tem um baixo rácio de
carbono em relação ao hidrocarboneto. Assim, para uma libertação equivalente de
energia, é produzido menos CO2.
O gás natural mistura-se facilmente com o ar, tomando mais fácil o uso de uma
combustão pobre, que melhora a eficiência do motor, reduzindo também as emissões
de CO2. As emissões de CO2, induzindo "smog" (nevoeiro misturado com fumo), são
significativamente mais baixas para motores a GNC devido à mais completa combustão
do combustível.
As emissões de dióxido de carbono com gás natural são reduzidas para mais de
30 % comparadas com a gasolina. O quadro seguinte mostra o impacto dos
combustíveis alternativos no efeito de estufa.
QUADRO 5.8 - Emissões de Gases com efeito
de estufa em relação à gasolina, ciclo total
do combustível, veículos de tecnologia avançada
"Fuel cells" (hidrogénio-solar)
Etanol a partir da celulose
Hidrogénio (energia nuclear)
-90 a-85
-75 a -40
-70 a-10
GPL
Veiculo eléctrico (gás natural)
GNC
-30 a-10
-25 a -K
-20 a 0
Veículo eléctrico
Metanol a partir do gás
Etanol a partir do milho
-20 a 0
-10 a+8
-10 a+35
+25 a +50
Veículo eléctrico (carváo)
+30 a +70
Metanol (a partir do carváo)
Fonte; VAN DER WEITE, J; SEPPEN, J, 1992.
Emissões de Monóxido de Carbono
O tráfego rodoviário é a principal fonte antropogénica de emissões de
monóxido de carbono. Globalmente, as fontes feitas pelo homem contam com cerca de
um terço de todo o monóxido de carbono atmosférico. Uma tendência recente para a
redução nas emissões de monóxido de carbono reflecte, em grande medida, a
introdução de controle de emissão nos veículos. O monóxido de carbono é um gás
altamente tóxico.
Com a utilização de veículos a gás natural, o monóxido de carbono poderá ser
reduzido em mais de 70 % (BRITISH GAS, 1992a).
96
Emissões de Óxidos de Azoto
Os óxidos de azoto (NOx) são também um produto da combustão. Por outro
lado, eles são agentes em muitas reacções químicas, conduzindo a componentes
nocivos no ar. O NOx é principalmente emitido como óxido nítrico (NO), que na
atmosfera é oxidado para a forma, mais tóxica, de dióxido de azoto (N02)- O dióxido
de azoto quando misturado com vapor de água forma ácido nítrico. O tráfego
rodoviário conta com aproximadamente 50 % de emissões de NOx em países
industrializados.
As emissões de NOx são geralmente mais baixas que as dos motores "Diesel" e
aproximadamente iguais às dos motores a gasolina. Estas emissões causam "smog" e
chuva ácida, sendo produzidas quando o azoto é oxidado a alta temperatura e pressão.
O gás natural não contém compostos de azoto mas durante o processo de combustão
são formados alguns óxidos de azoto a partir do azoto que está presente no ar de
combustão (IEA, 1990).
Emissões de Óxidos de Enxofre
A gasolina e o gasóleo são combustíveis produtores de enxofre. Quando é
possível removê-lo, as considerações de custo limitam severamente o processo. Como
resultado, os óxidos de enxofre são emitidos, o que contribui para as chuvas ácidas. O
gás natural contém apenas indícios mínimos de enxofre (BRITISH GAS,1991a).
Emissões de Compostos Orgânicos Voláteis
Os compostos orgânicos voláteis (VOC23) compreendem um grande número de
componentes, sendo alguns dos quais altamente reactivos em formação e/ou tóxicos.
A concentração do ozono é o problema mais sério de qualidade do ar de longo
prazo, em muitos dos grandes centros urbanos, sendo o produto de uma série de
processos atmosféricos complexos, envolvendo VOC e óxidos de azoto (NOx). Os
compostos orgânicos voláteis incluem hidrocarbonetos e compostos associados, tais
como álcoois e aldeídos.
Para muitas áreas urbanas, o controle dos compostos orgânicos voláteis é,
geralmente, considerado a estratégia mais eficiente para controlar o ozono, apesar do
controle do NOx ser adequado em certas situações.
Os compostos orgânicos voláteis dos NGV contêm, tipicamente, 90-95 % de
metano, ou seja, 5 a 10 % de NMHC, enquanto que os compostos orgânicos voláteis
do escape do veículo a gasolina contêm 5 a 35 % de metano, ou seja, 65 a 95 % de
NMHC (IANGV, 1993).
Emissões de poluentes tóxicos
23
VOC - Volatile Organic Compounds.
97
Para além das emissões regulamentadas de HC, CO e NOx, os poluentes
tóxicos têm recebido uma atenção crescente. Os poluentes encontrados nos escapes
dos veículos considerados tóxicos incluem benzeno, 1-3 butadieno, aldeídos e
partículas.
A principal fonte antropogénica de partículas é a combustão de combustível.
As partículas de dimensão muito pequena podem penetrar dentro dos pulmões. Os
motores a gasóleo são uma das principais fontes de emissão de partículas, produzindo
uma quantidade maior, numa base energética, que os motores a gasolina.
As emissões de partículas dos veículos a gás natural podem vir de duas fontes:
- óleo de lubrificação (devendo o seu controle ser optimizado);
- A quantidade de gasóleo num processo "dual-fuel" (a saída de partículas
é directamente comparável ao abastecimento do gasóleo).
Os veículos especificamente desenhados para usar gás natural oferecem a
oportunidade de reduzir significativamente as emissões tóxicas, sendo as emissões de
partículas praticamente eliminadas. O gás natural não contém benzeno e, por
consequência, essas emissões estarão limitadas à combustão de óleo de lubrificação.
Similarmente, as emissões de 1-3 butadieno serão praticamente eliminadas. Os veículos
desenhados especificamente para uso de gás natural eliminarão também as emissões de
chumbo (lEA, 1992).
5.3.5 Utilização de catalisadores e de novas tecnologias
Os motores podem ser desenhados para funcionar em condições
estequiométrica ou em condições pobres. Tanto o motor estequiométrico como o
motor de combustão pobre oferece vantagens distintas em termos de emissões,
"performance" e de consumo de combustível.
A tecnologia para controle do motor estequiométrico é largamente utilizada em
modernos motores a gasolina. Este tipo de motor e controle catalisador tem sido
transportado com sucesso para motores a gás natural protótipo, apesar do seu elevado
custo.
A natureza do controle estequiométrico permite um tratamento óptimo do
escape HC, CO e NOx através de meios catalíticos, permitindo também uma vantagem
de potência em comparação com a abordagem de combustão pobre.
Os futuros desafios enfrentados pelos fabricantes de motores, procurando
produzir um motor a gás natural estaquiométrico optimizado incluem: desenvolver um
catalisador com bom controle de CH4 e NOx e um sistema de controle capaz de
controlar com precisão o rácio ar-combustível.
A tecnologia de combustão pobre permite o controle do NOx na fonte. Devido
à atmosfera rica em oxigénio no gás de escape não é possível obter uma maior redução
de NOx através de meios catalíticos. O estabelecimento da combustão pobre também
requer um bom catalizador de oxidação de CH4 bem como um rigoroso sistema de
controle do motor.
98
Tem sido feito, na Holanda, um esforço para o desenvolvimento de um
catalisador óptimo para gás natural (metano). Dever-se-á prestar atenção às impurezas
do combustível que poderão afectar o tempo de vida do catalisador.
|
QUADRO 5.9 - Níveis de emissão de gás de escape
de vários tipos de motor medidos durante o teste "13 mode"
Emiaaõea
Tl^o ét motor
Comburtrvel | Lambda
(g/VWh)
NO*
14.40
7.0
6.71
Paul.
0.15
0.13
Cataliaador
0.35
0.70
ImRáo dr faiica
1.00
0.35
GNC
0.97
6.32
1.19
iKnJção d« tau ca
1.00
GNC
1.00
7.71
0.90
1.05
Ignição dr (aiaca
Propano
3.70
1.70
Ignição de faia ca
1.00
0.20
Propano
3.50
1.10
0.15
Ignição de faia ca
1.44
GNC
1.37
0.18
5.70
I.4«
Ignição de faiaca
GNC
4.38
1.02
0.28
Ignição de faia ca
Propano
1.49
6.0
16.0
12.6
IrOccçáo plioto
GaaitaVGNC
5.6
7.8
8.6
"Mlxed fuel"
Casóteo/GNC
0.50
1.00
8.9
"Dlciel TC/1C"
Caióleo
Nota: O lambda mede a relação combustível/ar.
Uma mistura estequiométríca corresponde a um lambda=l.
Fonte: VAN DER WEIDE, J; SEPPEN, J, 1992.
<0.05
<0.05
<0.05
<0.05
<0.05
<0.05
<0.05
0.15
0.20
8J5
cem cal.
com caL
cem caL
cem caL
com caL
com caL
com caL
1 Padrõei òc rmitcio ouropotif (R-49)
EURO 2 (1995)
|| Padrõci "US HD TraailcDt" (1991)
HC
2.40
1.1
1.74
CO
11.20
4.0
20.79
O quadro seguinte mostra as actividades que têm sido desenvolvidas, no que
respeita a motores pesados em diferentes países europeus.
QUADRO 5.10 - Resultados de emissão para diferentes tecnologias
de acordo com o teste europeu de emissão "ECE R49M (13 mode)
Eminõcf (g/kWh)
Tecnologia I
|
Tipo de motor
| Combuntvel
1
Itália
Eitaq.
Caterpillar 3406
Câi Natural
.
Iveco 8220
Cãa Natural
Ertaq.
Ivcco 8469.21
Gái Natural
Holanda
Comb. pobre
DAF DK DL 1060
Cá( Natural
Suécia
VoKo 10 1
Cái Natural
Comb. pobre
Cai Natural
Comb. pobre
Volvo 7 1
Ertaq.
Scania 11 1
Cai Natural
Scania 11 1»
Gát Natural
Eitaq.
Finlândia
Val mel 311 7.4 1
Gái Natural
Ertaq.
Ertaq.
Caterpillar 3306
Gâi Natural
* Pré-produção
Fonte: VAN DER WEIDE, J; SEPPEN, J,
NO*
HC
CO
ParL
0.5
15.4
0.70
0.1
0.9
0.35
0.3
3.4
0.35
-
1.6
2.97
2.0
0.79
2.5
0.4
0.51
0.6
1.11
0.2
0.9
0.6
4.0
<0.05
0.05
0.21
0.3
1.1
0.7
0.02
0.05
0.02
0.03
0.1
0.12
0.1
0.41
-
1992.
5.3.6 Emissões evaporativas e de reabastecimento
As emissões evaporativas e de reabastecimento de veículos a gasolina têm sido
uma preocupação crescente na América do Norte, Europa e Japão. Recentemente, a
Califórnia promulgou processos de teste de emissões evaporativas mais rigorosos.
Estes novos regulamentos eliminarão, com efeito, as emissões evaporativas.
As emissões evaporativas consistem na libertação de emissões de combustível
não queimado do sistema de combustível do veículos durante a sua operação, bem
como quando o veículo está estacionado. Os veículos unicamente destinados ao uso de
99
gás natural não deverão ter emissões evaporativas devido aos seus sistemas de
abastecimento fechado.
Os veículos "bi-fuel" terão ainda algumas emissões evaporativas devido à
gasolina armazenada no veículo. As emissões de reabastecimento ocorrem quando o
veículo é abastecido.
As emissões reactivas ou emissões evaporativas de NMHC ou de
reabastecimento provenientes do veículo a gás natural são por natureza baixas. Além
disso, as emissões evaporativas são minimizadas, devido ao "design" do sistema de
combustível (EEA, 1992).
5.3.7 Emissões durante a extracção, processamento c distribuição do
combustível
As emissões do tubo de escape não são a única fonte de emissão de um
veículo. Existem várias actividades associadas à extracção do gás natural, preparação e
distribuição que contribuem para as emissões.
De acordo com a ECOTRAFFIC, 1992, os combustíveis de transporte têm
sido, tradicionalmente, apenas avaliados pela energia, emissões e impacte ambiental
quando usados em veículos. Contudo, a energia é necessária e os combustíveis
começam verdadeiramente a ter um impacto sobre o ambiente muito antes disto (no
caso de combustíveis fósseis, desde o processo de extracção do petróleo bruto).
Depois da recuperação de energia primária, os combustíveis devem ser refinados,
armazenados e distribuídos. Cada um destes processos envolve, por sua vez, utilização
de energia adicional e efeitos ambientalmente adversos.
A fim de fazer comparações mais precisas da eficiência energética do
combustível e emissões, todo o uso de energia relacionado e emissões deve ser
considerado sendo, assim, necessário modificar ou substituir a visão do uso final como
filosofia de sistema alargado.
As principais fontes de emissões no ciclo de combustível do gás natural
incluem o processo de purificação do gás e as emissões durante a distribuição. O
quadro seguinte resume as emissões durante o cic de combustível do gás natural.
A maior parte emissões de SOx ocorre durante o processo de purificação do
gás onde o enxofre é libertado. As emissões de HC, CO e NOx ocorrem
principalmente durante a fase de distribuição.
Z
4O
QUADRO 5.11 - Emissões durante o ciclo de
combustível do gás natural (g/m3)
co7
CO
HC
SOT
0.235
104.1
0.1670
0.097
0.014
Fonte: IEA, 1992
100
5.3.8 Ruído provocado pelos veículos a gás natural
Existem três principais fontes de ruído de veículos; motor, tubo de escape e
peneus. Geralmente o ruído dominante é o dos veículos pesados a velocidades
superiores a 50 km/hora. O ruído do motor tende a ser muito maior para motores
"Diesel" comparado com os motores do "Ciclo Otto".
O metano como combustível de motor pesado, pode reduzir o nível de ruído
do motor. Uma fonte estima uma redução de 10 dB de ruído. Esta redução pode ser
atribuída a uma redução no rácio de compressão e alteração de um "Ciclo Diesel" para
um "Ciclo Otto".
Têm existido contribuições qualitativas sobre níveis de ruído de veículos a gás
natural. Contudo, muitos destes dados qualitativos sobre ruído devem ser analisados
muito criticamente. Antes que qualquer conclusão definitiva possa ser obtida, deverão
ser efectuadas mais medições sobre ruído para quantificar níveis de ruído em condições
de condução idênticas.
Os testes devem incluir todos os "designs" possíveis de motor. Isto inclui
motores "bi-fuel" (gás natural e gasolina), motores que utilizam apenas gasolina,
veículos fabricados para uso exclusivo de gás natural e "dual-fuel".
Quadro 5.12 - Níveis de ruído interno para um veículo a gás natural
Nivel de Som Nível de Som
Nivel de
Velocidade
Velocidade
(dBA)
(dBA)
Som
do
do
Atrás
No meio
(d BA)
veiculo
motor
Á
Frente
km/h
RPM
72 (73)
70 (75)
71 (73)
45
1500
77 (77)
78 (80)
76 (82)
78
2500
80 (82)
81
(82)
78
(85)
90
3000
Nota: Os valores entre parêntesis são para um veículo a gasóleo
Fonte: EEA, 1992.
101
6. A situação dos transportes rodoviários em Portugal
6.1 Introdução
Os objectivos energéticos não só portugueses como também comunitários têm
em vista a promoção, demonstração e divulgação de tecnologias inovadoras no
domínio da energia, a sua introdução no mercado e também a melhoria da eficiência
energética e a protecção do ambiente.
A fim de atingir estes objectivos, tem sido feito um esforço de incentivo à
utilização racional de energia, o que para o caso do sector dos transportes se traduz na
eficiente satisfação das suas necessidades energéticas.
O crescimento do consumo de gasolina e de gasóleo nos transportes
rodoviários nos últimos anos, acentuou a preocupação e o reconhecimento da
importância da política energética, nomeadamente no que respeita às interligações que
se estabelecem entre energia/ transportes e energia/ambiente.
Estas interligações são cada vez mais importantes, devido não só à maior
mobilidade das pessoas com o consequente aumento da intensidade dos vários modos
de transporte, como também ao aumento do número de veículos que circulam
anualmente em Portugal, embora tenhamos ainda uma motorização abaixo da média
europeia.
A política energética no que respeita ao sector dos transportes, tem sido
orientada no sentido de uma utilização eficiente da energia e da promoção de
combustíveis com menores impactes ambientais, como por exemplo a gasolina sem
chumbo e a utilização de LPG nos transportes públicos.
6.2 Consumo de energia dos transportes rodoviários
O consumo de energia no sector dos transportes está muito ligada às questões
do ambiente e da economia da energia. De facto, as economias de energia são um
objectivo neste sector pois contribuirão para diminuir os impactes no ambiente, porque
reduzem de forma absoluta as emissões de poluentes do ar tanto a uma escala global
como ao nível das áreas urbanas.
Em relação ao consumo de energia observado no sector dos transportes,
podem encontrar-se na literatura referências neste domínio desde o início dos anos 50,
nomeadamente no que diz respeito aos impactes negativos do congestionamento nas
áreas urbanas sobre o consumo de energia dos veículos que aí circulam.
No entanto, é a seguir ao primeiro choque petrolífero, em 1973, que se
começam a desenvolver políticas de economia de energia a nível oficial no sentido de
102
limitar, por um lado o consumo global de energia e por outro, para diminuir a
dependência do petróleo investindo na diversificação energética.
Os esforços empreendidos na economia da energia nas últimas duas décadas
tiveram resultados positivos nos vários sectores de actividade, especialmente na
indústria. Os resultados de poupança de energia obtidos nos sector dos transportes
resultam essencialmente da evolução tecnológica ao nível da eficiência dos veículos,
acabando por ser suplantados pelo crescimento da procura de transporte que se
verificou nas últimas décadas.
O grau de desenvolvimento do sistema de transportes de um país está muito
relacionado com o seu grau de desenvolvimento económico. Comparado com outros
países, o consumo de energia no sector dos transportes é em Portugal ainda baixo
reflectindo, assim, um fraco grau de desenvolvimento económico-social; 0,3 TEP/hab,
contra, por exemplo, 0,79 na Dinamarca, 0,77 na RFA ou 0,67 na França. Esta
situação não significa, porém, que seja desperdiçada menos energia.
O consumo de energia final no sector dos transportes tem aumentado em
Portugal. No início da década, representava cerca de 29 % do total dos consumos
finais. Em 1989 esse peso passou para 32 %.
Os transportes rodoviários representavam, em 1990, em Portugal 85,7 % do
consumo energético do sector (85,4 % era a média da CEE).
O sector dos transportes é aquele onde se têm verificado os maiores
crescimentos do consumo de energia tendo sido, em 1992, o segundo sector com
maior peso no Balanço Energético Português, logo após o sector industrial.
É de referir que o sector dos transportes, em Portugal, correspondia em 1986 a
26,5 % do consumo total de energia final do país e em 1990 a 28,2 %, tendo o
consumo de energia neste sector registado um crescimento médio anual 8,4 % superior
à média dos outros sectores. O sector dos transportes é também aquele onde se
verifica o maior consumo de derivados de petróleo (-99,5 % em 1990) (PEREIRA,
1992).
O sector dos transportes contou, em 1991, com 30,4 % do total do consumo
de energia final, mantendo-se a tendência iniciada em meados da década de 80, para
um aumento do peso do consumo energético deste sector no consumo final total.
Este comportamento traduziu-se por um acréscimo de 6,4 % em 1991 face aos
6,2% em 1990.
O peso do consumo de gasolina no total do consumo de energia do sector
continua a aumentar, ao contrário do consumo de gasóleo, tendo atingido os 41 % em
1991. Verificou-se uma taxa de crescimento de 10 % no consumo de energia,
enquanto que no ano anterior essa taxa foi de 8,5 %.
103
Um dos factores explicativos do elevado aumento do consumo de gasolina
prende-se com a evolução do parque automóvel a gasolina, cuja relação com o
consumo se toma evidente desde 1987/1988.
Por outro lado, uma análise das vendas de automóveis de passageiros ligeiros e
mistos por classe de cilindrada, permite verificar que, nos últimos anos, se registou
uma progressiva deslocação da procura no sentido de classes de cilindrada mais
elevadas, facto que poderá ter tido algum efeito no que respeita ao aumento do
consumo de gasolina. Os crescentes valores de intensidade energética mostram um
agravamento da ineficiência do sector (DGE, 1991).
Quadro 6.1 - Repartição dos consumos de energia
no sector dos tranportes nos países da
OCDE (1970-1990). (Mtep)
1985
1990
1980
1970
96,30
118,20
87,00
69,00
Aéreo
636,60
732,70
607,40
445,00
Rodoviário
22,90
22,60
27,00
Ferroviário
29,40
895,00
774,90
741,00
562,70
TOTAL
Fonte: OCDE, 1993
Quadro 6.2 - Consumo sectorial de energia final
nos países da Europa dos 12.(Mtep)
1990
1989
1987
1985
1980
222.94
222.99
216.73
214.22
Indústria
245.70
229.56
222.62
198.65
170.39
181.42
Transportes
266.97
270.56
288.83
280.59
Outros
276.58
723.06
712.58
692.67
704.21
676.23
TOTAL
Fonte: CEC, 1991
Quadro 6.3 - Evolução do consumo de energia final
em Portugal entre 1980 e 1991 (ktep)
1989 1990
1987
1988
1980
1985
1986
. "
4419
4169 4387
3739
3737
3936
3433
3642
3233 3426
2956
2346
2476
2674
2233
2012 2133
1839
1906
1928
1610
613
586
599
571
553
568
642
9985 10532 10907
9419
8607
8885
8031
Ano
Subsector
Indústria (1)
Transportes
Doméstico/Serviços
Outros
Total (1)
(1) sem matérias primas
Fonte: DGE, 1986; DGE, 1991a
1991
4575
3876
2385
615
11451
Une. '
80/91
1,02645
1,0467
1,03637
0,9961
1,03278
No triénio (87/89) verificou-se uma tendência para o crescimento do consumo
de energia final no Sector dos Transportes, que se traduziu num crescimento do
parque automóvel, especialmente do transporte individual.
24
imca - taxa média de crescimento anual.
104
QUADRO 6.5 - Consumo de energia final
1987
1988
1989
1985 1986
1980
3717
4037
3882
Indústria •
3433 3615 3627
3426
2956
3233
Transportes
2346 2476 2675
2133
1928
2012
Dom^/Servlços
1610 1845 1879
893
945
752
895
Outros
755
642
9496
10020 10541
Total*
8031
8691 8983
* Nào ínclue utilizações como matéria-prima
Fonte: CORRÊA, 1990.
Durante o mesmo período, registou-se uma evolução crescente da intensidade
energética (kgep/ unidade PIB).
QUADRO 6.6 - Intensidade energética
(Consumo de energia por unidade de produto)
(kgep/10 esc.80)
1988
1986
1987
1980
1985
9J9
9.17
9.22
Indústria *
9.76
9.17
(/Unid. Prod. Ind.)
2.17
2.06
1.96
1.87
1.89
Transportes
{/Unid. PIB)
1.97
2.09
2.02
1.90
2.16
Dom./Serviços
(/Unid. Cons. Priv.)
6.72
6.58
6.62
6.63
Valor Médio
6.39
Geral *
* Não inclui utilizações como matérias-prímas.
Fonte: CORRÊA, 1990.
1989
9.30
2.18
2.03
6.70
Assim, no sector dos transportes verifíca-se, simultaneamente, um aumento do
consumo global de energia (acompanhando de um aumento do consumo de gasolina) e
um aumento da intensidade energética em relação ao PIB gerado.
QUADRO 6.7 - Evolução do consumo de gasolina
e venda de automóveis e gasolina
1988
1987
1986
1980
1985
1224
1104
958
803
Consumo (Ktep)
755
37.8
37.3
35.8
% Sec. Transp.
32.2
32.4
205185
120041
89744
104949
Vendas de
45303
Automóveis
Fonte: CORRÊA, 1990.
1989
1335
39.0
183813
Tendo sido iniciada uma intervenção uma intervenção no Sector Industrial
visando a dinamização da conservação de energia, a diversificação de fontes
energéticas e a utilização de recursos endógenos, toma-se agora necessário dirigir o
mesmo tipo de actuação para outros sectores de actividade económica com com
grandes consumos energéticos ao nível nacional.
No que diz respeito à estrutura de consumo de energia por tipo de fonte
energética e de meio de transporte, verifica-se que predomina, o consumo dos
derivados do petróleo, em especial gasolina e gasóleo (88.4 %) e, nestes, é de referir
que o Sector dos Transportes Rodoviário apresenta um peso superior a 96 % (em
1989).
105
Quadro 6.8 - Estrutura dos consumos no sector dos transportes (1991)
Electri- Total %
Fonte
Gasolina Gasóleo Fuel Jet
cidade
Fuel
Sub-scctor
86
3304
1710
Rodoviário
1594
2
28
88
60
Ferroviário
284
285
7
Navegação Aérea
1
144
4
99
45
Navegação
Marítima
28 3821
99
284
Total
1815
1595
0,7
100
%
2,6
7,4
48
42
Fonte: DGE, 1991b
jp
Os consumos destes combustíveis são muitas vezes designados
consumos cativos, ou seja, dificilmente substituíveis por outros produtos.
como
Em Portugal a prática seguida tem vindo a favorecer o modo de transporte
individual em detrimento dos modos de transporte de maior eficiência energética, o
que se traduz nào só numa crescente deseconomia energética, como também numa
perda de qualidade de vida nos grandes centros urbanos.
No entanto, durante a década de 80 o sistema de transportes evoluiu de uma
forma descontrolada, nào programada, tendo sido desperdiçadas oportunidades de
racionalizar consumos e de evitar a degradações. O Plano Nacional de Transportes é
omisso em relação à problemática energética.
Para racionalizar os consumos energéticos será importante fomentar as
transferências intermodais para os modos de maior eficiência energética, o que
pressupõe um conhecimento da repartição modal, o que em Portugal é bastante difícil.
Porém, com base na análise dos elementos disponíveis, foram estimados para a região
de Lisboa, os valores que se apresentam no quadro seguinte.
Quadro 6.9 Repartição entre Transporte
Individual e Transporte Público
na Região de Lisboa
TI
1975
1981
1979
49 %
30%
35%
TP 51 % 70 % 65 %
Fonte: FONSECA C; RODRIGUES, A., 1990.
O primeiro ano baseia-se no Estudo de Transportes da Região de Lisboa
(ETRL). O segundo, o tratamento de dados do Recenseamento de 1981 relativo às
deslocações obrigatórias e o último é uma estimativa que se baseia na evolução da
procura de transportes nos operadores da região e da evolução do consumo de
combustíveis (FONSECA, C.; RODRIGUES, A., 1990).
106
6.3 Medidas de incentivo à utilização racional de energia
O governo tem procurado conjugar as actuações dos sectores da energia e dos
transportes, sendo de referir que foi financiado pelo Banco Mundial, em 1990, um
estudo de políticas de gestão de energia nos transportes, com o objectivo de propor
um conjunto de medidas estruturais e de gestão tendo em vista uma maior eficiência da
utilização de energia neste sector.
Este estudo constitui um instrumento fundamental para a criação de uma
contabilidade energética nas empresas e para a identificação de medidas que conduzam
à utilização racional de energia, com as inerentes vantagens para essas entidades
económicas.
Com o conhecimento dos principais elementos que determinam o consumo de
energia no sector dos transportes, poderão ser previstas, numa óptica da eficiência
energética, acções e formas de gestão adequadas que contribuam para a redução dos
impactes induzidos pelos consumos de energia e pela concentração urbana.
Todos estes aspectos obedecem a uma estratégia específica do sector dos
transportes, havendo necessidade de articular as múltiplas variáveis envolvidas,
constituindo a energia, certamente, uma das componentes com uma importância
relativa bastante considerável.
O ordenamento urbano constitui um factor fundamental para moderação da
procura de transportes e a eficiência da sua utilização, com consequências estruturais
no que respeita ao consumo de energia.
Foram já desenvolvidas algumas acções que visam a utilização racional de
energia no sector dos transportes.
O Regulamento de Gestão e Consumo de Energia (DL 58/82 e Portaria
359/82) aplicava-se a todos os sectores de actividade económica e tem por objectiva a
tomada de medidas obrigatórias, por todas as entidades e instalações grandes
consumidoras de energia de medidas, tendentes a uma gestão racional de energia
consumida. O enquadramento dessas medidas é traduzido no documento designado
por "Plano de Racionalização", que terá de ser aprovado pela DGE e acompanhado
através da eleboração de relatórios anuais. No entanto, a sua aplicação foi
exclusivamente dirigida ao sector industrial.
O quadro seguinte demonstra a situação referida e também a distribuição por
sectores de actividade económica dos Planos de Racionalização entregues na DGE.
107
QUADRO 6.10 - Planos de Racionalização Apresentados
Até Outubro de j
Sector de
Ati Março de
1990
1988
Actividade
34
Alimentar
4
64
Têxtil
4
67
Madeira e Cortiça
1
26
15
Papel
14
Química
7
17
Cerâmica e Vidro
10
7
8
Cimentos
4
Hotelaria
0
Hospitais
0
1
Transportes
0
1
14
Outros
2
250
Total
50
Fonte: CORREA, 1990.
Um aspecto bastante importante é o facto de a factura energética, só no
subsector dos Transportes Rodoviários poder atingir cerca de 30 % dos custos de
exploração, equiparando-se com os custos de mào-de-obra e amortização relativos ao
investimento dirigido à renovação das frotas.
Com base na experiência da aplicação da legislação e nas dificuldades
apresentadas por empresas industriais com frotas próprias e por alguns operadores do
sector dos Transportes houve a preocupação de, através do Despacho 10/88 de 30 de
Maio de Sua Excelência o Secretário de Estado da Energia, de clarificar alguns
critérios e parâmetros do Regulamento de Gestão do Consumo de Energia dirigido de
modo a que tivesse uma melhor aplicação no Sector dos Transportes.
No entanto, esse Despacho não resolveu a maioria das dificuldades
encontradas, situação que foi comprovada pela fraca resposta obtida, tendo sido
sentidas dificuldades no seu cumprimento, que foram manifestadas não só através do
contacto directo com as empresas, como também através do contacto com entidades
representativas do sector (CORRÊA, 1990).
A fim de resolver esta situação e de reduzir os consumos energéticos e a
dependência do petróleo, foi publicado em 1990 o Regulamento de Gestão do
Consumo de Energia para o Sector dos Transportes (Portaria 228/90 de 27 de Março),
um diploma que se aplica às empresas com frotas próprias cujos consumos anuais
excedam os 500 TEP e que foi acompanhado de uma acção de sensibilização junto dos
agentes económicos envolvidos. Este regulamento tinha como objectivo a redução de
5 % do consumo em três anos, para cada uma dessas frotas.
No que respeita à promoção de combustíveis com especificações mais
exigentes, são de referir as acções relacionadas com a adequação das condições
produtivas da refinaria da Petrogal, de modo a satisfazer a procura de produtos de
elevada qualidade e com a promoção de uma maior utilização da gasolina sem
chumbo, não só dando a conhecer os seus benefícios em termos de impactes
ambientais, como também as vantagens económicas decorrentes de um preço inferior
ao da gasolina com chumbo.
108
Neste sentido, houve em 1992 uma iniciativa conjunta entre os Minsitérios da
Indústria e Energia e do Ambiente, de lançamento de uma campanha tendo em vista
um aumento progressivo do consumo de gasolina sem chumbo e uma redução das
gasolinas mais poluentes.
Foi também publicada a legislação do GPL como combustível, com o objectivo
de introduzir uma maior flexibilidade no que respeita a combustíveis utilizados no
sector dos transportes. De facto, até 1991, Portugal era o único país da comunidade
que não permitia a utilização daquele combustível em veículos.
Deste modo, existe hoje um quadro regulamentar que permite utilizar GPL nos
veículos, em substituição da gasolina, estando o governo empenhado na utilização de
tecnologias conhecidas aplicáveis a veículos de transportes públicos nos grandes
centros urbanos com o objectivo de obter emissões meonos poluentes.
A introdução do GPL no sector dos transportes, especificamente nos
transportes públicos urbanos, constitui uma medida que o governo pretende dinamizar
com o objectivo não só de aumentar a flexibilidade na utilização de combustíveis como
também como passo intermédio para utilização de gás natural, ao mesmo tempo que
pretende atenuar os impactes ambientais decorrentes da concentração rodoviária e
urbana.
Os Transportes Colectivos do Porto adaptaram um autocarro para funcionar
com mistura GPL/gasóleo, tendo intenção de converter mais autocarros com uma
tecnologia conhecida que utiliza mais intensamente o GPL, de modo a avaliar os
efeitos das várias tecnologias e o contributo positivo deste combustível para a
diminuição dos impactes ambientais na cidade do Porto (PEREIRA, 1992).
6.4 Insuficiência de informação
Os elementos disponíveis referem-se às dificuldades na obtenção de informação
credível para o planeamento dos transportes em Portugal. Ao nível nacional não
existem estudos de mobilidade. Foi feito pela JAE em 1979 um inquérito
Origem/Destino (O/D) do tráfego rodoviário e a PERFORM realizou outro de âmbito
mais restrito em 1990, no quadro do corredor Norte-Sul que está a executar com o
BCEOM.
Foram realizados inquéritos Origem/Destino no período 1973-1975 pela JAE e
DGTT, para a região de Lisboa, que hoje se encontram totalmente ultrapassados.
Além disso, devido à ausência de uma matriz actualizada, muitos operadores e
entidades públicas têm realizado numerosos inquéritos parcelares, cada um com a sua
metodologia, e portanto incompatíveis uns com os outros, com a necessidade de
avultados recursos financeiros com eficiência reduzida.
109
7. Avaliação económica aplicada a Portugal
7.1 Introdução
Para muitos economistas, a expressão "projecto" é entendida como
um
"conjunto sistematizado de informação destinado a fundamentar uma decisão de
investimento". No âmbito da análise previsional de investimentos, considera-se que a
rendibilidade é a aptidão de um investimento para assegurar a recuperação dos capitais
investidos na sua exploração, criar um rendimento financeiro adicional para cobrir os
juros do capital (próprio ou alheio), remunerando ainda a actividade de direcção do
empresário e o seu risco ( ABECASSIS F.; CABRAL N., 1982).
O grau de rendibilidade é uma medida do interesse de um determinado
investimento. Neste sentido, considera-se que um utilizador pretende conhecer a
rendibilidade de um projecto de investimento, que consiste na adaptação de um
veículo, por forma a usar GNC, obtendo poupanças de combustível anuais,
decorrentes do facto de o GNC ter um preço inferior aos combustíveis tradicionais.
A viabilidade económica dos veículos a gás natural dependente de um conjunto
de factores, incluindo o custo adicional do veículo (ou seja, custo de conversão para
veículos existentes, diferencial de preços para novos veículos), o preço do gás natural
em relação à gasolina ou ao gasóleo, o consumo anual de combustível do veículo, o
tipo de estação de abastecimento utilizada e o preço associado à tecnologia.
Cada aplicação potencial deve ser analisada numa base individual. Contudo, de
acordo com estudos efectuados em diversos países, é possível tirar algumas conclusões
gerais sobre a viabilidade económica dos NGV. O gás natural não se apresenta
economicamente viável como combustível para veículos ligeiros de passageiros, a não
ser que existam substanciais poupanças nos custos de combustível através de impostos
preferenciais.
A viabilidade económica melhorará significativamente se os veículos de
passageiros a gás natural forem construídos numa linha de produção por fabricantes de
equipamento original, dando um menor custo adicional que uma conversão de um
veículo já existente.
As aplicações mais prometedoras para NGV são veículos de frota com elevado
consumo anual de combustível e custos de conversão e de estação de abastecimento
mínimos. Os menos favoráveis são os veículos ligeiros de passageiros com baixa
quilometragem e que são sujeitos a conversões depois de adquiridos.
Em aplicações pesadas, o gás natural é, em geral, economicamente atractivo
para frotas de veículos urbanos, sobretudo se for possível o abastecimento "slow-fill".
Quando o custo das operações "Diesel" aumenta, devido a factores tais como gasóleo
de baixo enxofre, armadilhas de partículas e outros custos elevados para respeitar os
110
novos regulamentos de emissões, o potencial para a penetração no mercado
aumentará.
As diferenças nacionais no que respeita às estruturas de impostos, aos
regulamentos ambientais, à capacidade do sistema de distribuição e ao preço do gás
natural tomam difícil atingir uma conclusão ao nível macro (mundial) acerca da
viabilidade económica do NGV.
A viabilidade numa determinada área geográfica pode também variar em função
da aplicação específica. Em termos gerais, o mais baixo preço do gás natural é usado
para compensar os mais elevados custos para a estação de reabastecimento e de
conversão dos NGV. À medida que a quantidade de combustível consumido aumenta
as poupanças no custo de combustível também crescem. Por consequência,
geralmente, quanto mais combustível é consumido, maior é a possibilidade de uma
conversão ser viável (BEA, 1992)
A capacidade disponível no sistema de distribuição tem um impacto positivo
sobre a análise económica dos NGV, dado que o custo de novos gasodutos e outras
facilidades de transmissão não necessita de ser reflectido no custo da oferta de gás
natural.
7.2 Metodologia utilizada
Existem várias medidas que permitem estimar a rentabilidade de um projecto de
investimento. Alguns dos critérios mais utilizados envolvem a noção de cash-flow
(BARROS, 1991).
O conceito de cash-flow está relacionado com os fluxos líquidos gerados pelo
projecto, que assumem a forma de numerário. A vantagem do cash-flow em relação ao
lucro é que o primeiro é um conceito mais objectivo, claramente definido, que é
registável de forma inequívoca. Os recebimentos e os pagamentos efectivos em
numerário são os elementos para a medição do cash-flow.
O conceito de actualização é muito importante, estando ligado à possibilidade
de aplicar capitais no período actual com o objectivo de obter rendimento no futuro.
Considera-se que os agentes económicos, independentemente do risco, da inflação e da
desvalorização cambial, preferem o rendimento imediato ao rendimento futuro,
situação que tem origem psicológica e que varia de indivíduo para indivíduo, de
acordo com as respectivas necessidades actuais e expectativas em relação ao futuro.
No entanto, os agentes económicos estão, em geral, dispostos em diferir o consumo
actual em troca de consumo futuro se tiverem alguma vantagem nisso.
Na definição de cash-flow é importante não só identificar os recebimentos e
pagamentos do projecto em numerário, mas também o período de tempo em que se
verifica esse fluxo, dado que o dinheiro tem valor no tempo e uma unidade monetária
actual é equivalente a um múltiplo dessa unidade no futuro.
Ill
O conceito de cash-flow poderá ser desagregado em cash-flow de investimento
e cash-flow de exploração. O cash-flow de investimento refere-se aos pagamentos em
numerário associados à despesa de investimento do projecto, líquido dos recebimentos
em numerário associados à extinção do projecto. O cash-flow de exploração refere-se
os recebimentos líquidos de pagamentos em numerário associados à exploração do
projecto.
O cash-flow de investimento obtém-se a partir do plano global de investimento
e o cash-flow de exploração a partir do plano de exploração provisional. Estes planos
registam os fluxos de saída (pagamentos/despesas) e entrada (recebimentos/receitas)
de numerário devidos ao projecto, sendo a característica fundamental dos fluxos
registados é a de constituírem fluxos em numerário, característica esta que é
independente da forma como são financiados os pagamentos.
As amortizações e reintegrações do exercício são excluídas do cash-flow pelo
facto de não representarem uma saída de numerário. Trata-se de despesas que
traduzem a perda de valor dos equipamentos utilizados que terão de ser substituídos
no fim da sua vida útil, de modo a que seja possível prosseguir a actividade.
Se as amortizações e reintegrações do exercício fossem consideradas como
despesa do projecto, estar-se-ia a contar duas vezes a despesa relativa ao investimento,
uma vez como despesa de investimento, outra como amortização e reintegração desse
mesmo investimento.
Os encargos financeiros são também excluídos, pelo facto de serem
considerados no processo de actualização. A sua consideração nas despesas, resultaria
igualmente numa dupla contagem, pois estes encargos já estão implicitamente
considerados no processo de actualização do investimento.
Quando a vida económica ou técnica do equipamento é inferior ao período de
vida do projecto, terá de ser considerado o valor residual desse equipamento nesse
período. O valor residual constituirá uma receita financeira que compensa a despesa
financeira correspondente ao novo equipamento de substituição.
Os custos considerados na definição do cash-flow são os custos suportados por
causa do projecto, não sendo, assim, de considerar custos que a empresa tenha de
suportar, implemente ou não o projecto. Estes custos que possuem a designação de
custos irrecuperáveis (sunk costs) não poderão ser considerados custos do projecto.
O período de vida do projecto é definido em função do período de vida técnico
ou económico dos equipamentos mais importantes do projecto.
O período de vida técnico é definido em função de características técnicas
intrínsecas ao equipamento, sendo estabelecido pelos fabricantes de equipamento. O
período de vida económico é o período de vida em que o produto produzido pelo
equipamento tem aceitação no mercado por parte dos consumidores e possui
características técnicas que asseguram níveis de produtividade competitivos face aos
equipamentos concorrentes, de tal forma que o nível de custos assegure capacidade
concorrencial.
112
Em contextos de alterações estruturais e instabilidade, o risco inerente ao
investimento condiciona muitas vezes o período de vida relevante, que tende a ser
fixado de forma subjectiva pelo investidor ou pelo financiador em função da sua
percepção do risco.
Neste estudo são aplicados critérios de avaliação baseados no cash-flow, que
constituem os critérios por excelência da avaliação da rendibilidade dos projectos de
investimento: período de recuperação (Payback), Valor Actual Líquido (VAL) taxa
Interna de Rendibilidade (TIR). Com recurso a estes três indicadores são efectuados
dois estudos para veículos de passageiros, um para um veículo ligeiro e outro para um
veículo pesado. A TIR, o VAL e o Payback constituem os três grandes critérios da
avaliação de projectos.
O Valor Actual Líquido (VAL) traduz-se no somatórios dos cash-flows anuais
actualizados a uma taxa escolhida (no caso presente considerou-se uma taxa de
actualização de 10 %) deduzidos do montante, actualizado à mesma taxa, dos
investimentos. Trata-se de um critério aconselhado quando se pretende escolher um de
entre vários projectos com níveis de investimento diferentes, conhecida a taxa de
financiamento. A decisão de investir será favorável se o Valor Actual Líquido for
positivo. Porém, para projectos com níveis de investimento e prazos de vida útil
acentuadamente diferentes o critério do VAL, não é aconselhado, sendo necessário um
recurso complementar a outros critérios.
O critério do Valor Actual Líquido (VAL) é considerado o mais consistente
para a selecção de projectos mutuamente exclusivos e define-se do seguinte modo;
Cf)
VAL=—
(1 + /)
———
Rt=Receitas do ano t
Ct=Custos do ano t
It=Investimento do ano t
í= taxa de actualização
Deste modo, o VAL é o somatório dos cash-flows líquidos actualizados. Este
critério tem em conta o valor do dinheiro no tempo e valoriza mais os os cash-flows
actuais que os futuros, admitindo que os cash-flows gerados pelo projecto são
reinvestidos à taxa de actualização do projecto.
Apesar de se tratar de um critério coerente, simples de calcular e consistente no
contexto da avaliação de projectos, sào-lhe feitas algumas críticas, entre as quais está o
facto de ser sensível à taxa de actualização e de não ter em consideração a
solvabilidade do projecto pois, segundo este critério, aceitar-se-á um projecto com
cash-flows negativos ao longo da sua vida, desde que no último ano o cash-flow
gerado dâ origem a um VAL positivo. Nestas circunstâncias, o projecto seria aceite
113
mas teria problemas de tesouraria. Considera-se, no entanto,
inconveniente deste critério tem a ver com a sua interpretação.
que
o
maior
A Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) é a taxa de actualização que dá origem
a um VAL nulo.
A esta taxa, o cash-flow de exploração é igualado ao cash-flow de
investimento. De acordo com o critério da TIR, o projecto poderá ser implantado,
sempre que esta seja superior à taxa de juro de referência. A rentabilidade do projecto
poderá ser medida através da diferença entre a TIR e a taxa de referência (TIR - Taxa
de Referência) ou pela taxa média (TIR - Taxa de Referência)/Taxa de Referência.
A taxa de actualização assim determinada poderá ser comparada, por
m lado, com a taxa de juro de financiamento do próprio projecto (se for conhecida) e,
por outro, com a taxa de juro do mercado financeiro, a fim de saber se é preferível
aplicar o capital correspondente nesse mercado. A taxa de referência é, normalmente,
o custo de oportunidade do capital investido, ou seja, o rendimento perdido na
alternativa mais rentável ao investimento aplicado no projecto, sendo, as taxas de
referência, geralmente utilizadas, as taxas de juro dos títulos do tesouro e as taxas de
juro das operações passivas.
É de referir que a TIR é a taxa que o investidor obtém, em média em cada ano
sobre os capitais que se encontram investidos no projecto, sendo o investimento inicial
recuperado progressivamente. Tal como o VAL, a TIR tem em conta o valor do
dinheiro no tempo, valorizando mais os cash-flows actuais que os cash-flows futuros.
O período de recuperação constitui um critério de avaliação de projectos que
se baseia no período de tempo que o projecto demora a recuperar o capital investido.
Neste trabalho foi efectuado um estudo de rentabilidade económica para a
utilização de GNC num veículo ligeiro de passageiros e um outro estudo de
rentabilidade económica para um veículo pesadb de passageiros.
Para ambos os casos foram assumidas as seguintes hipóteses;
(1) Manutenção do preço relativo gasolina/gás;
(2) Aumento do diferencial relativo gasolina/gás em 2 % ao ano;
(3) Diminuição do diferencial relativo gasolina/gás em 2 % ao ano;
(4) Concessão de um subsídio a fundo perdido de 30 %
investimento.
ao
Foi efectuada uma análise de sensibilidade, tendo estas hipóteses sido testadas
para um período de tempo, de 8, 10 e 12 anos.
O preço do gás natural é muito variável de país para país e depende da política
da companhia de distribuição. De acordo com elementos fornecidos pela SINTESI
(Società Innovazione Tecnológica e Svilupo Industriale), considerou-se um preço de
gás natural comprimido de 544 Liras por m3, a 200 bar, incluindo o imposto e o custo
de compressão e distribuição. O custo de compressão (com energia eléctrica) é de
cerca de 35 Liras por m3.
114
De acordo com a mesma fonte, os custos de manutenção dos veículos a gás
natural são mais baixos que os que funcionam com combustíveis tradicionais, mas não
foi indicado qualquer valor para esses custos.
7.2.1 Estudo para um veículo ligeiro de passageiros
Para o estudo de um veículo ligeiro de passageiros, foram consideradas duas
situações: a conversão do veículo de modo a usar apenas gás natural (situação 1) e a
conversão bi-fuel (gasolina/GNC) do veículo (situação 2).
No que respeita à situação 1, o custo de transformação de um veículo a
gasolina num a GNC encontra-se em Itália (elementos fornecidos pela SINTESI), entre
1.8 e 2.5 milhões de Liras e depende do motor (injecção, conversor catalítico, etc) e da
autonomia desejada (300 a 350 km). Deste modo, foram consideradas ainda duas
situações: custo de conversão de 1.8 milhões de Liras, ou seja, 186426500 (situação 1
a) e custo de conversão de 2.5 milhões de Liras, ou seja, 258925500 (situação 1b).
No que respeita à situação 2 (conversão bi-fuel) consideraram-se, igualmente
duas situações distintas: a situação 2a, em que se utiliza 50 % de gasolina e 50 % de
GNC e a situação 2b em que se utiliza 30 % de gasolina e 70 % de GNC.
7.2.2 Estudo para um veículo pesado de passageiros
No estudo efectuado para um veículo pesado, foram igualmente admitidas duas
situações: conversão de modo a utilizar apenas gás natural (situação 3) e conversão
dual-íliel (situação 4).
De acordo com os elementos fornecidos pela SINTESI, o custo de
transformação de um autocarro "Diesel" num a CNG, de modo a utilizar apenas gás
natural varia entre 15 e 20 milhões de Liras (entre 1553550500 e 2071400500). Tendo
por base estes valores foi definida a situação 3 (conversão de um veículo pesado de
modo a usar apenas GNC) que, por sua vez foi dividida na situação 3 a (para um custo
de conversão de 15553550500) e a situação 3 b (para um custo de conversão de
2071400500)
O custo de transformação de um autocarro "Diesel" num sistema "dual-fuel",
encontra-se, segundo a SINTESI, entre 8 e 10 milhões de Liras, ou seja, entre
828560500 e 1035700500. Foi considera-se uma situação 4 (conversão de um veículo
pesado para um sistema "dual-fuel", tendo sido distinguidos dois casos: a conversão
cujo custo é de 828560500 (situação 4 a) e a conversão cujo custo é de 1035700500
(situação 4 b).
115
8. Análise dos Resultados
8.1 Introdução
Neste capítulo são apresentados e analisados os resultados da aplicação da
metedologia e os pressupostos apresentados no capítulo anterior, a fim de averiguar a
rentabilidade económica na utilização de GNC num veículo ligeiro de passageiros e
num veículo pesado de passageiros e qual será a melhor solução.
8.2 Veículo Ligeiro de Passageiros
Na situação 1, tendo em conta que o conteúdo energético da gasolina é de 33
MJ/L, o que equivale a 9,2 kWh, que o conteúdo energético do gás natural é de 36
MJ/m3, o que equivale a 10 kWh e que o veículo gasta cerca de 8 litros de gasolina
por cada 100 km, verifica-se que para uma distância anual de 12 000 km, haverá uma
poupança anuam em combustível, decorrente de uma transição para o gás natural de
99279$50, tanto na situação la, como na situação 1b. Foi feito o mesmo raciocínio
para as outras situações.
Os resultados obtidos para o VAL foram os seguintes;
1'
2'
3'
4'
Quadro 8.2 Valor Actual Líquido (VAL)
na situação 1 b
n=12
n=10
379.571
319.180
246.108
Hip.
450.331
286.368
374.528
Hip.
317.389
269.492
209.149
Hip.
450.187
316.724
389.796
Hip.
B
II
o
r
2'
3"
4"
Quadro 8.1 Valor Actual Líquido (VAL)
na situação 1 a
n=12
n=8
445.479
385.089
312.016
Hip.
516.240
440.436
Hip.
352.276
383.297
335.401
Hip.
275.057
496.323
362.859
435.932
Hip.
B
II
00
Verifíca-se que todos os valores VAL, para as diferentes hipóteses são
positivos, o que leva a admitir que o projecto poderá ser implantado. Segundo este
critério, o VAL positivo, significa que o utilizador do veículo recupera, durante o
tempo de vida do projecto, o capital inicial investido na conversão, obtém um juro
correspondente à taxa de actualização considerada (10 %), obtendo ainda um
rendimento correspondente a esse Valor Actual Líquido. Obviamente que a situação
116
1b é mais desfavorável em termos financeiros, pois o período de recuperação do
investimento é superior.
Os resultados obtidos para a Taxa Interna de Rentabilidade foram os seguintes:
Quadro 8.3 Taxa Interna de Rentabilidade (%)
r híp.
2' Hip.
3' Hip.
4* Hip.
n=8
51
54
48
75
n=10
52
56
49
75
n=12 1
53
56
50
76
Quadro 8.4 Taxa Interna de Rentabilidade (%)
na situação 1 b
n=8
n=10
n=12
37
38
35
1" Hip.
40
2" Hip.
38
39
34
35
3' Hip.
32
54
53
54
4* Hip.
Comparando estas taxas com uma taxa de juro do mercado financeiro de 10 %,
verifica-se que este projecto é rentável, especialmente na hipótese 4, situação em que
há um subsídio a fundo perdido de 30 % ao investimento, registando-se taxas internas
de rentabilidade da ordem dos 70 % na situação la e de 50 % na situação 1b. A
hipótese 3 (diminuição do preço relativo gasolina/gás natural) é de todas a mais
desfavorável, mas mesmo assim apresenta valores bastante aceitáveis, tanto no que
respeita ao VAL, como no que respeita à TIR.
O período de recuperação do investimento para a situação 1 a, situa-se entre 1
e 2 anos e entre 2 e 3 anos na situação b.
Os elementos necessários para a análise da situação 2 foram fornecidos pela
empresa ELECTRABEL, de Bruxelas, com base num Renault Express a gasolina. O
custo de transformação do referido veículo num veículo bi-íuel GNC/gasolina é de
92000 BEF, ou seja, 458316$00.
Quadro 8.5 Valor Actual Líquido (VAL)
na situação 2 a
n=10
n=12
n=8
-109.174
-139.369
-175.905
l1 Hip.
-73.794
-155.775
-111.695
2* Hip.
-164.213
-140.265
3' Hip.
-194.385
-50.910
-14.374
15.822
4' Hip.
117
B
II
O
Quadro 8.6 VaJor Actual Líquido (VAL)
na situação 2 b
ii=12
|
n=8
-79.333
-28.141
14.166
Hip.
10.634
-51.128
63.739
Hip.
-62.951
-29.396
Hip.
-105.226
96.854
139.162
Hip.
45.662
r
2'
3'
4'
Constata-se que esta solução não se apresenta, em termos gerais, viável, uma
vez que os VAL são na maior parte dos casos negativos, o que significa que o projecto
não deverá ser implantado, a não ser que seja utilizada uma proporção de gás natural
comprimido demasiado elevada e com um subsídio ao investimento. De facto, na
situação 2a, até mesmo na hipótese 4 (subsídio a fundo perdido ao investimento), o
VAL só é positivo para um período de tempo de 12 anos.
Na situação 2 b, existe viabilidade económica apenas na hipótese 2, para
períodos de 10 e 12 anos e na hipótese 4, para os três períodos considerados.
Quadro 8.7 Taxa Interna de Rentabilidade (%)
1'
2'
3"
4'
Hip.
Hip.
Hip.
Hip.
n=8
-3
-1
-5
5
n=10
1
4
-1
9
n=12
4
6
2
11
Quadro 8.8 Taxa Interna de Rentabilidade (%)
na situação 2 b
n=8
n=10
n=12
8
r Hip.
5
11
13
2' Hip.
7
11
3' Hip.
2
6
8
14
17
19
4' Hip.
A partir dos resultados obtidos, conclui-se que a conversão bi-fuel não é
vantajosa para níveis de utilização de gás natural muito baixos. Na situação 2a os
valores da TIR são, em algumas das hipóteses negativos e, noutras positivos mas
muito baixos. São necessários 12 anos e um subsídio a fundo perdido ao investimento
para obter uma TIR superior a 10 %. No que respeita à situação 2b, os resultados não
são tão desfavoráveis. O projecto terá viabilidade económica na hipótese 4, na segunda
hipótese 1, para um período de 12 anos e na hipótese 2, para períodos de 10 e de 12
anos. E de notar que estes resultados não são contraditórios com os obtidos para o
VAL.
O período de recuperação do investimento, encontra-se entre os 9 e os 10 anos
na sitaçào 2 a e entre os 6 e 7 anos na situação 2 b.
118
8.3 Veículo Pesado de Passageiros
Foram obtidos os seguntes resultados para o estudo efectuado um veículo
pesado, convertido de modo a utilizar apenas gás natural;
Hip.
Hip.
Hip.
Hip.
Quadro 8.10 Valor Actual Líquido
na situação 3 b
n=8
n=10
4.189.631
5.111.242
5.809.302
4.697.402
4.484.566
3.723.493
5.676.169
4.754.559
a
II
X
Hip.
Hip.
Hip.
Hip.
Quadro 8.9 Valor Actual Líquido (VAL)
na situação 3 a
n=10
n=12
6.343.676
4.660,404
5.582.015
7.236.124
6.280.074
5.168.175
5.559.417
4.194.266
4.955.340
6.005.710
6.767.372
5.084.100
1*
2"
3'
4'
1'
2*
3'
4'
(VAL)
n=12
5.872.904
6.765.752
5.088.644
6.437.831
Os valores obtidos para o VAL, para além de serem positivos, são bastante
elevados, pelo que se poderá referir que, de acordo com este critério, o projecto tem
uma grande rentabilidade, tanto na situação 3 a como na situação 3 b.
3
II
O
Quadro 8.11 Taxa Interna de Rentabilidade (%)
na situação 3 a
n=12
n=8
80
80
1' Hip.
81
83
84
84
2' Hip.
77
77
3" Hip.
76
115
4' Hip^
115
115
Quadro 8.12 Taxa Interna de Rentabilidade (%)
na situação 3 b
n=8
n=10
n=12
59
60
60
V Hip.
63
63
2' Hip.
62
57
3' Hip.
57
56
86
86
86
4' Hip.
Com base no critério da TIR, embora a situação 3 a seja a mais vantajosa,
ambas as situações possuem viabilidade económica, pois são sempre superiores a 56
%, chegando a atingir os 115 % na situação 3 a, hipótese 4. Se estes resultados forem
comparados com uma taxa de juro de 10 %, evidenciarão uma viabiliade muito
superior.
119
O período de recuperação do investimento é inferior a um ano em ambas as
situações.
Foram obtidos os seguintes resultados para o VAL, na situação 4.
1"
2'
3'
4'
Quadro 8.14 Valor Actual Líquido (VAL)
na situação 4 b
n=12
n=8
6.052.787
6.814.449
5.131.177
Hip.
7.706.897
6.750.847
5.638.948
Hip.
6.030.189
5.426.112
Hip.
4.665.039
7.096.913
5.413.640
6.335.251
Hip.
.
II
o
c
II
o
r
2"
3'
4'
Quadro 8.13 Valor Actual Líquido (VAL)
na situação 4 a
n=12
n=8
6.241.096
7.002.758
5.319.486
Híp.
6.939.156
7.895.206
5.827.257
Hip.
5.614.421
6.218.499
4.853.348
Hip.
7.228.729
6.467.067
Hip.
5.545.457
Os resultados são, como se pode observar, positivos e muito elevados
atingindo, nas hipóteses mais favoráveis, valores superiores a 7 mil contos. Por outro
lado, os valores do VAL são sempre superiores a 4 mil contos. Com base nestes
valores, pode considerar-se que o projecto é rentável, na situação 4.
c
II
00
Quadro 7.15 Taxa Interna de Rentabilidade (%)
na situação 4 a
n=12
n=10
151
151
1' Hip.
151
156
156
156
2' Hip.
146
146
3' Hip.
146
216
216
4' Hip.
216
V
2'
3'
4"
Hip.
Hip.
Hip.
Hip.
n=8
121
125
116
173
B
<—•II
O
Quadro 7.16 Taxa Interna de Rentabilidade (%)
121
125
116
173
n=12
121
125
116
173
Também os valores obtidos para a TIR são muito favoráveis para a situação 4,
especialmente a 4 a, que tem um investimento inicial com um custo inferior. Na
situação 4 a, são obtidos valores para a TIR de 216 %, na hipótese 4 e de 156 % na
hipótese 2. Igualmente bastante favoráveis, emboram não tão bons, são os resultados
obtidos para a situação 4 b, que atingem os 173 % na hipótese 4 e são sempre
superiores a 100 %. Este projecto tem uma boa viabilidade económica podendo, pois.
120
ser implantado com bons resultados. Trata-se da alternativa mais viável para Portugal,
das quatro que foram estudadas.
O período de recuperação do investimento na situação 4 a situa-se entre 1 e 2,
excepto na hipótese 4, em que é inferior a um ano. Na situação 4 b encontra-se entre 1
2 anos.
Em qualquer das hipóteses o utilizador do veículo recupera, durante o tempo
de vida do projecto, o capital investido na conversão, obtém um juro correspondente à
taxa de actualização considerada (10 %), e obtém também um rendimento
correspondente a esse Valor Actual Líquido, que é muito mais elevado que o que foi
obtido para o veículo ligeiro de passageiros. No entanto, cabe aqui referir que o
investimento na conversão também foi muito superior ao do veículo ligeiro, nas várias
situações.
Como conclusão final poder-se-á referir que são os veículos pesados, tanto em
aplicações para uso exclusivo de gás natural, como em aplicações "dual-fuel", que têm
as TIR e os VAL mais elevados e os menores períodos de recuperação do
investimento, sendo, deste modo, os que apresentação a maior rentabilidade
económica. Os veículos ligeiros também poderão ter alguma rentabilidade económica,
se forem convertidos só para utilização de gás natural, pois as conversões "bi-íuel" só
terão rentabilidade em condições muito excepcionais e com um grande consumo de
gás natural.
121
9. CONCLUSÕES
O sistema de transportes é fundamental para o bem-estar da sociedade. O
desenvolvimento económico tem conduzido a uma maior utilização dos transportes e a
um subsequente aumento do consumo de energia.
O transporte urbano é função da localização das actividades e do ordenamento
do território. De um modo geral, à medida que aumenta o nivel de vida, aumentam
também as necessidades de mobilidade das populações e a tendência para usar o
transporte individual. A flexibilidade do automóvel, faz com que a população prefira
utilizar o seu veículo próprio para transporte local e regional. O transporte individual
domina, geralmente, o transporte local e regional.
Verifícam-se, nas áreas urbanas, grandes conflitos entre os benefícios da
utilização do transporte individual e certos efeitos negativos em termos de
congestionamento, desperdício de energia e impactes ambientais. Têm sido propostas e
testadas várias medidas, entre as quais uma repartição modal com maior peso do
transporte público e a gestão de tráfego.
A segurança energética é, hoje em dia, um factor bastante valorizado. Todos os
países procuram ter disponibilidade de energia em quantidades e custos que permitam
sustentar o crescimento económico. Têm sido estudadas várias alternativas aos
combustíveis tradicionais, tendo cada uma delas vantagens e desvantagens. Porém,
algumas encontram-se ainda numa fase muito incipiente de investigação e/ou
apresentam custos demasiado elevados para que sejam utilizadas como combustível
nos transportes.
O gás natural é uma fonte de energia alternativa abundante e um excelente
combustível para veículos. As principais razões para a adopção deste combustível são
de natureza económica e ambiental. A adopção do gás natural como combustível
contribui também para a diversificação das fontes energéticas, permitindo uma menor
dependência do petróleo importado.
As características do gás natural como combustível para veículos podem ser
exploradas, empregando a tecnologia adequada. A melhor "performance", em termos
de eficiência e emissões só será obtida a partir de veículos com motores para uso
exclusivo de gás natural.
Durante a última década a consciência pública sobre os problemas ambientais
associados ao sector dos transportes tem focado a atenção nos chamados combustíveis
"limpos". Tem-se aberto, assim, uma significativa oportunidade para o gás natural,
que, com a aplicação de tecnologia adequada, poderá contribuir, significativamente,
para uma redução das emissões, em especial, nas áreas urbanas, onde os efeitos da
poluição atmosférica são mais fortes. Porém, os desenvolvimentos relativos
combustíveis líquidos e aos respectivos motores, apoiados por grandes recursos
financeiros, estão a mostrar resultados prometedores.
122
O gás natural tem um excelente recorde de segurança existindo, para isso, duas
principais razões: as suas próprias propriedades físicas e a integridade estrutural do
sistema de armazenamento de combustível.
Os níveis de ruído, tanto dentro como fora dos veículos a GNC sào, em média,
mais baixos que em veículos a gasóleo. Este resultado adquire uma importância ainda
maior, quando se considera que a poluição sonora em áreas urbanas é quase
inteiramente gerada por veículos motorizados.
Embora existam incentivos económicos, apresentam-se também obstáculos, tais
como a baixa densidade energética do gás natural (que dá origem a uma reduzida
autonomia do veículo), a escassez de infra-estruturas de reabastecimento, que têm
dificultado a penetração do gás natural como combustível de transporte. Um outro
aspecto bastante importante é a não existência de linhas de produção em grande escala
de veículos destinados ao uso exclusivo de gás natural.
O armazenamento do combustível dentro do veículo constitui um problema
adicional, pois os convencionais reservatórios de aço têm um peso excessivo e os
novos reservatórios compósitos não sào aceites por todos os países e são
extremamente dispendiosos.
A intervenção do Estado é importante para incentivar a adopção de veículos a
gás natural, através de uma política fiscal favorável ao gás natural, de subsídios
directos e apoiando o desenvolvimento, pelo menos no curto prazo, até que os custos
de tecnologia sejam reduzidos e exista uma infra-estrutura de abastecimento
significativa. O tipo de apoio governamental depende das circunstâncias particulares de
cada país mas, numa fase inicial, sào sempre importantes os apoios á expansão das
redes de abastecimento de combustível, pois estas envolvem custos muito elevados.
Por outro lado, é necessária a formação em manutenção de veículos a gás
natural, em instituições técnicas, como parte de um plano de desenvolvimento da rede
de serviços.
Apesar de os motores e tecnologias dos veículos para uso de gás natural como
combustível, se encontrarem já bastante desenvolvidos, ainda não sào os ideais, tendo
a investigação sido, ultimamente orientada para os sistemas do controle de motor e da
mistura gás/ar, utilização de biogás como combustível, efeitos da composição do gás
natural sobre a "performance" do motor e as emissões de escape, controle catalítico
das emissões, estratégias de combustão e cilindros de armazenamento do combustível
mais leves.
Foram estabelecidas várias coligações regionais e internacionais com o
objectivo de promover, a um nível político e industrial, a adopção do veículo a gás
natural, desenvolvendo planos estratégicos com acções e objectivos definidos. Os
membros de associações, tais como a Associação Internacional para os Veículos a Gás
Natural, têm contribuído para o desenvolvimento de padrões e os fabricantes de
equipamento original estão também cada vez mais envolvidos na promoção do veículo
a gás natural, devendo ser ainda mais encorajados.
123
Apesar dos seus benefícios potenciais em termos de segurança energética e
ambientais, os combustíveis alternativos de transporte encontram-se, em geral, ainda
rodeados de incertezas no que respeita à sua viabilidade técnica e económica. Podem
existir dificuldades relacionadas com a infra-estrutura de distribuição e a aceitação por
parte do utilizador. O progresso tecnológico e o desenvolvimento do mercado serão,
por consequência, necessários antes que os seus benefícios ambientais possam ser
plenamente obtidos.
Os álcoois têm sido testados em vários tipos de motor, tendo-se chegado à
conclusão de que produzem benefícios, mas também criam novos problemas
ambientais, tais como a emissão de aldeídos. Os melhores resultados em termos
ambientais têm sido obtidos em motores do "Ciclo Otto". Porém, ainda não se
encontram disponíveis no mercado motores adequados para a utilização de álcoois.
Como resultado do baixo nível de eficiência obtido com este tipo de motor e do
elevado custo do combustível, existem dúvidas de que estes combustíveis venham a ser
utilizados num futuro próximo. O baixo conteúdo em energia dos álcoois resulta num
aumento do peso dos reservatórios e numa redução da capacidade de transporte.
Os recursos da biomassa têm a vantagem de ser renováveis, podendo ser
abundantes em certas áreas, mas a produção de combustível em larga escala enfrenta
uma quantidade de desafios técnicos e custo relativamente elevado.
Considera-se também improvável que o hidrogénio e os óleos vegeitais tenham
uma contribuição significativa como combustíveis, num futuro próximo, devido à fase
incipiente em que ainda se encontram e aos elevados custos envolvidos.
A produção de gasolinas e gasóleos sintéticos a partir do gás natural encontrase também numa fase experimental, enfrentando um elevado custo de capital para a
conversão e concorrência dos produtos do petróleo, pelo que será necessário aumentar
a sua eficiência, de modo a que estes combustíveis se tomem mais competitivos.
O GPL é utilizado em diversos países, constituindo uma alternativa válida aos
combustíveis tradicionais. De entre as desvantagens do GPL em relação ao GNC
salientam-se as seguintes: o GPL tem um maior custo de produção que o GNC, menor
segurança no caso de fugas e, sendo derivado do petróleo, não constituem uma
alternativa em termos de diversificação das fontes energéticas. A principal vantagem
do GPL em relação ao GNC é o facto de o veículo necessitar de uma menor
capacidade de armazenamento para a mesma autonomia.
Em Portugal, os transportes rodoviários estão quase inteiramente dependentes
do petróleo. No entanto, têm sido adoptadas, ultimamente, medidas com vista à
utilização racional de energia e diversificação das fontes energéticas no sector dos
transportes.
Feita uma análise de rentabilidade económica da utilização de gás natural nos
transportes rodoviários de passageiros, em Portugal, verifícou-se que este combustível
poderá ser utilizado como grandes vantagens em veículos pesados, especialmente, com
utilização de sistemas de convc são "dual-fuel".
124
Quanto aos veículos rodoviários ligeiros de passageiros, os seus proprietários
poderão ter vantagens económicas decorrentes da conversão para uso exclusivo de gás
natural, mas a conversão "bi-fuel" é de acordo com o referido estudo, em geral,
desaconselhada, dados os elevados custos de conversão envolvidos, só devendo ser
efectudo com a utilização de uma proporção muito elevada de GNC face à gasolina e
em hipóteses muito favoráveis, tais como a concessão de subsídios a fundo perdido ao
investimento.
E de referir que a introdução do gás natural em Portugal vai levar alguns anos,
após os quais será necessário um longo período de tempo até que existam estações de
reabastecimento de GNC e mecânicos especializados em quantidade suficiente para
permitir uma utilização adequada e vantajosa do veículo a gás natural.
125
AIÍSXOS
AIÍZXO
SI I 1A.ALS
Análise Económica para um vaículo ligeiro de passageiros
Conversão de um veículo a gasolina para CNG
(Sistema para uso exclusivo de CNG)
Tipo convencional de combustível: gasolina
Conteúdo energético da gasolina: 33 MJ/L = 9 Kwh
Preço da gasolina: 155$00/L
Combustível alternativo: gás natural comprimido
Conteúdo energético do gás natural: 36 MJ/m3"10 Kwh
Densidade do gás natural: 0.75 Kg/m3
Preço do gás natural comprimido: 544 Iiras/m3 - 56$30/m3
Taxa de câmbio da Lira em 13.07.94 = 0$10357000
De acordo com o conteúdo energético dos combustíveis,
1 metro cúbico de gás natural corresponde a 1.1 litros de
gasolina.
Distância anual percorrida pelo veículo: 12000 Km
Consumo de gasolina: 8 L/100 Km
31680 MJ/ano correspondem a 8 L/100 Km de gasolina e •
7.33 m3/100 Km de CNG
Valor anual da gasolina substituída: 148800$00
Despesas anuais em CNG: 49521 $50
Poupaça anual em combustíveis; 99278$50
Custo de conversão do veículo: entre 1.800000 Liras e 2.500000 Liras
(entre 186426$00 e 258925$00)
Análise de sensibilidade para um custo de converaáp de 186426$00
Hipótese 1 = Manutenção do preço relativo gasolina/gás natural
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Cash-FIow
Custo de
Poupanças em
Combustível
Investimento
-186426,00
-186426,00
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
VAL- 312.015,88 Esc
TIR51%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Cash-FIow
Poupanças em
Custo de
Combustível
Investimento
-186426,00
0,00
-186426,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
VAL- 385.088.55 Esc
52%
TIR-
n = 10
Page 1
n- 12
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-186426,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-186426,00
0,00
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
VAL « 445.479,19 Esc
TIR —
53%
Hipótese 2«Aumento do preço relativo gasolina/gás natural
em 2% ao ano
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Cash-FIow
Custo de
Poupanças em
Combustível
Investimento
-186426.00
0,00
-186426,00
101264,07
0,00
101264,07
103289,35
103289,35
0,00
105355,14
105355,14
0,00
107462,24
107462,24
0,00
109611,49
109611,49
0,00
111803,72
111803,72
0,00
114039,79
0,00
114039,79
116320,59
0,00
116320,59
VAL = 352.276,02 Esc
54%
TIR -
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
0
Cash-FIow
Poupanças em
Custo do
Combustível
Investimento
-186426,00
0,00
-186426,00
101264,07
101264,07
0,00
103289,35
103289,35
0,00
105355.14
105355,14
0,00
107462,24
107462.24
0,00
109611,49
109611,49
0,00
111803,72
111803,72
0,00
114039,79
114039,79
0,00
116320,59
116320,59
0,00
118647,00
118647,00
0,00
121019,94
121019,94
0,00
VAL- 440.436,33 Esc
56%
TIR-
n = 10
Page 2
SIT1A.XLS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Cash-FIow
Poupanças em
Custo de
Combustível
Investimento
-186426,00
0,00
-186426,00
101264,07
101264,07
0,00
103289,35
103289,35
0,00
105355,14
105355,14
0,00
107462.24
107462,24
0,00
109611,49
109611,49
0,00
111803.72
111803.72
0,00
114039,79
114039,79
0,00
116320,59
116320,59
0,00
118647,00
118647,00
0,00
121019,94
121019,94
0,00
123440,34
123440,34
0,00
125909,14
125909,14
0,00
VAL = 516.239,62 Esc
56%
TIR-
Hipótese 3 = Diminuição do preço relativo gasolina/gás natural
em 2 % ao ano
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Cash-FIow
Poupanças em
Custo de
Combustível
Investimento
-186426,00
0,00
-186426,00
97292,93
97292,93
0,00
95347.07
95347,07
0,00
93440.13
93440,13
0,00
91571,33
91571,33
0,00
89739,90
89739,90
0,00
87945,10
87945,10
0,00
86186,20
86186,20
0,00
84462,48
84462,48
0,00
VAL = 275.056,73 Esc
48%
TIR =
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo do
Poupanças em
Cash-FIow
Investimento
Combustível
-186426,00
0,00
-186426,00
0,00
97292,93
97292,93
0,00
95347,07
95347,07
0,00
93440,13
93440,13
0,00
91571,33
91571,33
0,00
89739,90
89739,90
0,00
87945.10
87945.10
0,00
86186,20
86186,20
0,00
84462,48
84462,48
0,00
82773,23
82773,23
0,00
81117,76
81117,76
VAL- 335.400,68 Esc
TIR49%
n = 10
Anos
Page 3
Sil lA.ALd
n- 12
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Cash-FIow
Custo do
Poupanças em
Investimento
Combustível
-186426,00
-186426,00
0,00
97292,93
0,00
97292,93
95347,07
0,00
95347,07
93440,13
0,00
93440,13
91571,33
0,00
91571,33
89739,90
0,00
89739,90
87945,10
0,00
87945,10
86186,20
0,00
86186,20
84462,48
0,00
84462,48
82773,23
0,00
82773,23
81117,76
81117,76
0,00
79495,41
79495,41
0,00
77905,50
77905,50
0,00
VAL- 383.296,81 Esc
50%
T1R-
Hipótese 4 = Concessão de um subsídio a fundo perdido de
30 % do investimento
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Cash-FIow
Custo de
Poupanças em
Investimento
Combustível
-130498,20
0,00
-130498,20
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00"
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
VAL- 362.859,34 Esc
75%
TIR -
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Cash-FIow
Poupanças em
Custo de
Investimento
Combustível
-130498,20
0,00
-130498,20
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
VAL- 435.932,00 Esc
76%
TIR-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Cash-FIow
Poupanças em
Custo de
Combustível
Investimento
-130498.20
0,00
-130498,20
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278.50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278.50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
99278,50
99278,50
0,00
VAL- 496.322,64 Esc
76%
TIR-
n = 10
Page 4
Análise Económica para um veículo ligeiro de passageiros
Conversão de um veículo a gasolina para CNG
(Sistema para uso exclusivo de CNG)
Tipo convencional de combustível: gasolina
Conteúdo energético da gasolina: 33 MJ/L=»9 Kwh
Preço da gasolina: 155$00/L
Combustível alternativo: gás natural comprimido
Conteúdo energético do gás natural: 36 MJ/m3-10 Kwh
Densidade do gás natural: 0.75 Kg/m3
Preço do gás natural comprimido: 544 Iiras/m3 « 56$30/m3
Taxa de câmbio da Lira em 13.07.94 = 0$10357000
De acordo com o conteúdo energético dos combustíveis,
1 metro cúbico de gás natural corresponde a 1.1 litros de
gasolina.
Distância anual percorrida pelo veículo: 12000 Km
Consumo de gasolina: 8 U100 Km
31680 MJ/ano correspondem a 8 L/100 Km de gasolina e a
7.33 m3/100 Km de CNG
Valor anual da gasolina substituída: 148800$00
Despesas anuais em CNG: 49521550
Poupaça anual em combustíveis: 99278550
Custo de conversão do veículo: entro 1.800000 Liras e 2.500000 Liras
(entre 186426500 e 258925500)
Análise de sensibilidade para um custo de conversáo de 258925500
Hipótese 1 = Manutenção do preço relativo gasolina/gás natural
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-258925,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
VALTIR-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-258925,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
99278.50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
VALTIR -
Cash-FIow
-258925,00
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
246.107.70 Esc
35%
n- 10
Cash-FIow
-258925,00
99278,50
99278.50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
319.180,37 Esc
37%
Page 1
SIT1B.XLS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-258925,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
VAL =
TIR =
Cash-FIow
-258925,00
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
379.571.00 Esc
38%
Hipótese 2 = Aumento do preço relativo gasolina/gás natural
em 2% ao ano
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-258925,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
101264,07
103289,35
105355,14
107462,24
109611,49
111803,72
114039,79
116320,59
VAL =
TIR =
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-258925.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
101264.07
103289,35
105355,14
107462,24
109611,49
111803,72
114039,79
116320,59
118647,00
121019,94
VAL =
TIR =
Anos
Cash-FIow
-258925,00
101264,07
103289,35
105355,14
107462,24
109611,49
11 1803,72
1 14039.79
116320,59
286.367,84 Esc
38%
n= 10
Anos
Cash-FIow
-258925,00
101264,07
103289,35
105355.14
107462,24
109611,49
111803,72
114039.79
116320,59
118647.00
121019,94
374.528,14 Esc
39%
Paga 2
n- 12
Custo de
Investimento
-258925,00
0
1
0,00
0,00
2
0,00
3
4
0,00
0,00
5
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
0,00
11
0,00
12
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-258925,00
0,00
101264,07
101264,07
103289,35
103289,35
105355,14
105355,14
107462,24
107462,24
109611,49
109611,49
111803,72
111803,72
114039,79
114039,79
116320,59
116320,59
118647,00
118647,00
121019,94
121019,94
1 23440,34
123440,34
125909,14
125909,14
VAL = 450.331,43 Esc
40%
TIR =
Hipótese 3 = Diminuição do preço relativo gasolina/gás natural
em 2% ao ano
n=8
Custo de
Investimento
-258925,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
97292,93
95347,07
93440,13
91571,33
89739,90
87945,10
86186,20
84462,48
VAL =
TIR =
Custo de
Investimento
-258925,00
0
0,00
1
0,00
2
0,00
3
0,00
4
0,00
5
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
Poupanças em
Combustível
0,00
97292,93
95347,07
93440,13
91571,33
89739,90
87945,10
86186,20
84462,48
82773,23
81117,76
VAL =
TIR =
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Cash-Row
-258925,00
97292,93
95347,07
93440.13
91571,33
89739,90
87945,10
86186,20
84462,48
209.148,55 Esc
32%
Cash-FIow
-258925,00
97292,93
95347,07
93440,13
91571,33
89739.90
87945.10
86186,20
84462,48
82773.23
81117,76
269.492.49 Esc
34%
Page 3
SIT1B.XLS
n-12
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-258925,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-Flow
Combustível
0,00
-258925.00
97292,93
97292,93
95347,07
95347,07
93440,13
93440,13
91571,33
91571,33
89739,90
89739,90
87945,10
87945.10
86186,20
86186,20
84462,48
84462.48
82773,23
82773,23
81117,76
81117,76
79495,41
79495,41
77905,50
77905,50
VAL = 317.388,63 Esc
35%
TIR =
Hipótese 4-Concessão de um subsídio a fundo perdido
de 30 % do investimento
n=8
Anos
Custo de
Investimento
-181247,50
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
VAL =
TIR ■
Custo de
Investimento
-181247,50
0
0,00
1
0,00
2
0,00
3
0,00
4
0,00
5
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
Poupanças em
Combustível
0,00
99278,50
99278.50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
VAL =
TIR —
Cash-Flow
-181247.50
99278.50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
316.723,61 Esc
53%
n- 10
Anos
Cash-Flow
-181247,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
389.796.28 Esc
54%
Page 4
SIT1B.XLS
o
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-181247,50
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
0,00
-181247,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
99278,50
VAL = 450.186,91 Esc
54%
TIR =
Page 5
Ainsxo 2
Análise Económica para um veículo ligeiro do passageiros
Conversão "bi-fuel" (gasolina/CNG)
Tipo convencional de combustível: gasolina
Conteúdo energético da gasolina: 33 MJ/L-9 Kwh
Preço da gasolina: 155$00/L
Combustível alternativo: gás natural comprimido
Conteúdo energético do gás natural; 36 MJ/m3=» 10 Kwh
Densidade do gás natural: 0.75 Kg/m3
Preço do gás natural comprimido: 544 Iiras/m3 = 56$30/m3
Taxa de câmbio da Lira em 13.07.94 = 0$10357000
De acordo com o conteúdo energético dos combustíveis,
1 metro cúbico de gás natural corresponde a 1.1 litros de
gasolina.
Distância anual percorrida pelo veículo: 12000 Km
Consumo de gasolina: 8 L/100 Km
31680 MJ/ano correspondem a 8 L/100 Km de gasolina e a
7.33 m3/100 Km de CNG
Valor anual da gasolina substituída: 74400$00
(com utilização de 50 % de gasolina e 50 % de gás natural)
Despesas anuais em CNG: 24761 $00
Poupaça anual em combustíveis: 49639500
Custo de conversão do veículo: 92000 BEF = 458316$00
Taxa de câmbio do BEF em 13.07.94= 4598170000
Análise de sensibilidade
Hipótese 1 = Manutenção do preço relativo gasolina/gás natural
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-Row
Poupanças em
Combustível
-458316,00
0,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
VAL = (175.905,09 Esc)
TIR —
-3%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-Row
Poupanças em
Combustível
-458316,00
0,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
VAL- (139.368,94 Esc)
1%
TIR-
n = 10
Anos
Page 1
SIT2A.DOC
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-458316,00
0,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
VAL = (109.173,77 Esc)
4%
TIR —
Hipótese 2 = Aumento do preço relativo gasolina/gás natural
em 2 % ao ano
n=8
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-458316,00
0,00
50631,78
50631,78
51644,42
51644,42
52677.30
52677,30
53730,85
53730,85
54805,47
54805.47
55901,58
55901,58
57019.61
57019,61
58160,00
58160,00
VAL» (155.775,12 Esc)
-1%
TIR »
Custo de
Investimento
-458316,00
0
0,00
1
0,00
2
0,00
3
0,00
4
0,00
5
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-458316,00
0,00
50631,78
50631,78
51644,42
51644,42
52677.30
52677,30
53730,85
53730,85
54805,47
54805.47
55901,58
55901,58
57019,61
57019,61
58160,00
58160,00
59323,20
59323,20
60509,66
60509,66
VAL- (111.695,19 Esc)
4%
TIR =
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Page 2
SIT2A.DOC
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
50631,78
51644,42
52677,30
53730,85
54805,47
55901,58
57019,61
58160,00
59323,20
60509,66
61719,86
62954,25
VAL =
TIR =
Cash-FIow
-458316,00
50631,78
51644,42
52677,30
53730.85
54805,47
55901,58
57019,61
58160,00
59323,20
60509,66
61719,86
62954,25
(73.793,74 Esc)
6%
Hipótese 3 = Diminuição do preço relativo gasolina/gás natural
em 2% ao ano
n=8
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
Poupanças em
Cash-Row
Combustível
0,00
-458316.00
48646,22
48646,22
47673,30
47673,30
46719,83
46719,83
45785,43
45785.43
44869,72
44869,72
43972,33
43972,33
43092,88
43092,88
42231,03
42231,03
VAL- (194.384,57 Esc)
TIR =
-5%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-Row
Poupanças em
Combustível
-458316,00
0,00
48646.22
48646,22
47673,30
47673,30
46719,83
46719,83
45785,43
45785,43
44869,72
44869,72
43972,33
43972,33
43092,88
43092.88
42231,03
42231.03
41386,41
41386,41
40558.68
40558,68
VAL- (164.212.75 Esc)
-1%
TIR =
n = 10
SIT2A.DOC
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-458316,00
0,00
48646,22
48646.22
47673.30
47673.30
46719,83
46719,83
45785,43
45785,43
44869.72
44869,72
43972,33
43972,33
43092,88
43092,88
42231,03
42231,03
41386,41
41386,41
40558,68
40558,68
39747,50
39747,50
38952,55
38952,55
VAL = (140.264,81 Esc)
TIR =
2%
Hipótese 4 = Concessão de um subsídio a fundo perdido
de 30% do investimento
n=8
Custo de
Investimento
-320821,20
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
VAL =
TIR =
Custo de
Investimento
0
-320821,20
1
0,00
2
0,00
3
0,00
4
0,00
5
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639.00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
VAL=
TIR«
0
1
2
3
4
5
6
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8
Cash-FIow
-320821,20
49639,00
49639.00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
(50.909,82 Esc)
5%
n = 10
Anos
Cash-FIow
-320821,20
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
(14.373,67 Esc)
9%
Paga 4
SIT2A.DOC
o
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-320821,20
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
VAL =
TIR =
Cash-FIow
-320821,20
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
49639,00
15.821,50 Esc
11%
Page 5
Análise Económica para um veículo ligeiro do passageiros
Conversão "bi-fuel" (qasolína/CNG)
Tipo convencional de combustível: gasolina
Conteúdo energético da gasolina: 33 MJ/L = 9 Kwh
Preço da gasolina: 155$00/L
Combustível alternativo: gás natural comprimido
Conteúdo energético do gás natural: 36 MJ/m3>10 Kwh
Densidade do gás natural: 0.75 Kg/m3
Preço do gás natural comprimido: 544 Iiras/m3 = 56á30/m3
Taxa de câmbio da Lira em 13.07.94 = 0$10357000
De acordo com o conteúdo energético dos combustíveis,
1 metro cúbico de gás natural corresponde a 1.1 litros de
gasolina.
Distância anual percorrida pelo veículo: 12000 Km
Consumo de gasolina: 8 L/100 Km
31680 MJ/ano correspondem a 8 L/100 Km de gasolina e a
7.33 m3/100 Km de CNG
Valor anual da gasolina substituída: 104216$00
(com utilização de 70 % de CNG e 30 % de gasolina)
Despesas anuais em CNG: 34665$00
Poupaça anual em combustíveis: 69551 $00
Custo de conversão do veículo: 92000 BEF = 458316$00
Taxa de câmbio do BEF em 13.07.94= 4$981 70000
Análise de sensibilidade
Hipótese 1 = Manutenção do preço relativo gasolina/gás natural
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
VALTIR-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551.00
69551,00
69551,00
VALTIR ■
Cash-FIow
-458316,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
(79.333,23 Esc)
5%
n-10
Page 1
Cash-FIow
-458316,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551.00
(28.141,10 Esc)
8%
n =» 1 2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
VALTIR -
Cash-FIow
-458316,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
14.166,44 Esc
11%
Hipótese 2 = Aumento do preço relativo gasolina/gás natural em 2 % ao ano
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
70942,02
72360,86
73808,08
75284,24
76789,92
78325,72
79892,24
81490,08
VAL =
TIR =
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0.00
Poupanças em
Combustível
0,00
70942,02
72360,86
73808,08
75284,24
76789,92
78325.72
79892,24
81490,08
83119,88
84782,28
VALTIR-
Cash-FIow
-458316,00
70942,02
72360,86
73808,08
75284,24
76789,92
78325,72
79892,24
81490,08
(51.128.40 Esc)
7%
n= 10
Anos
Page 2
Cash-Row
-458316,00
70942,02
72360,86
73808,08
75284,24
76789,92
78325,72
79892,24
81490,08
83119,88
84782.28
10.633,59 Esc
11%
SIT2B.XLS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo do
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
70942,02
72360,86
73808,08
75284,24
76789,92
78325,72
79892,24
81490,08
83119,88
84782,28
86477,93
88207,49
VAL"
TIR =
Cash-FIow
-458316,00
70942,02
72360,86
73808,08
75284,24
76789,92
78325,72
79892,24
81490,08
83119,88
84782,28
86477,93
88207,49
63.738,69 Esc
13%
Hipótese 3 = Diminuição do preço relativo gasolina/gás natural em 2 % ao ano
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo do
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-458316,00
0,00
68159,98
68159,98
66796,78
66796,78
65460,84
65460,84
64151,63
64151,63
62868,60
62868,60
61611,22
61611,22
60379,00
60379,00
59171,42
59171,42
VAL- (105.225,50 Esc)
2%
TIR -
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
68159,98
66796,78
65460,84
64151,63
62868,60
61611,22
60379,00
59171,42
57987,99
56828,23
VAL =
TIR =
Cash-FIow
-458316,00
68159,98
66796,78
65460,84
64151,63
62868,60
61611,22
60379,00
59171,42
57987,99
56828,23
(62.950,67 Esc)
6%
Page 3
SIT2B.XLS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo do
Investimento
-458316,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
68159,98
66796.78
65460,84
64151,63
62868,60
61611,22
60379,00
59171,42
57987,99
56828,23
55691,67
54577,83
VAL =
TIR =
Cash-FIow
-458316,00
68159,98
66796,78
65460.84
64151.63
62868,60
61611,22
60379,00
59171,42
57987,99
56828,23
55691,67
54577,83
(29.396,33 Esc)
8%
Hipótese 4 = Concessão de um subsídio a fundo perdido de 30 % do investimento
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-320821,20
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
69551,00
69551.00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
VAL =
TIR =
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-320821,20
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
69551.00
69551.00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551.00
VAL =
TIR =
Cash-FIow
-320821,20
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551.00
69551,00
69551,00
45.662,05 Esc
14%
n = 10
Anos
Page 4
Cash-FIow
-320821,20
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
96.854,17 Esc
17%
SIT2B.XLS
o
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-320821,20
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Combustível
0,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
VAL =
TIR =
Cash-FIow
-320821.20
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
69551,00
139.161,71 Esc
19%
Page 5
Airaxo 3
SIT3A.XLS
Análise Económica para um veículo pesado de passageiros
Conversão de um veículo a gasóleo para CNG
(Sistema apenas para gás natural)
Tipo convencional de combustível: gasóleo
Conteúdo energético da gasolina: 36 MJ/L =10 Kwh
Preço da gasóleo: 104$00/L
Combustível alternativo: gás natural comprimido
Conteúdo energético do gás natural: 36 MJ/m3 = 10 Kwh
Densidade do gás natural: 0.75 Kg/m3
Preço do gás natural comprimido; 544 Iiras/m3 = 56$30/m3
Taxa de câmbio da Lira em 13.07.94 = 0$10357000
De acordo com o conteúdo energético dos combustíveis,
1 metro cúbico de gás natural corresponde a 1 litros de
gasóleo.
Distância anual percorrida pelo veículo: 75000 Km
Consumo de gasóleo: 35 L/100 Km
945000 MJ/ano correspondem a 35 UIOO Km de gasóleo e a
35 m3/100 Km de CNG
Valor anual do gasóleo substituído: 2730000500
Despesas anuais em CNG: 1477875500
Poupaça anual em combustíveis: 1252125500
Custo de conversão do veículo: entre 15000000 Liras e 20000000 Liras
(entre 1553550500 e 2071400500)
Análise de sensibilidade para um custo de conversão de 1553550500
Hipótese 1 = Manutenção do preço relativo gasolina/gás natural
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo do
Investimento
-1553550,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
0,00
-1553550,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 4.660.404,06 Esc
TIR80%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-1553550,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-Row
Combustível
0,00
-1553550,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL- 5.582.014.62 Esc
TIR80%
Anos
n = 10
Anos
Pago 1
SIT3A.XLS
n»12
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
n=8
Custo de
Investimento
-1553550,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-1553550,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 6.343.676,25 Esc
81%
TIR =
» 2 = Aumento do preço relativo gasolina/gás natural
ao ano
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-1553550,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-1553550,00
0,00
1277167,50
1277167,50
1302710,85
1302710,85
1328765,07
1328765,07
1355340,37
1355340,37
1382447,18
1382447,18
1410096,12
1410096,12
1438298,04
1438298,04
1467064,00
1467064,00
VAL = 5.168.174,91 Esc
83%
TIR-
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-1553550,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-1553550,00
0,00
1277167,50
1277167.50
1302710,85
1302710,85
1328765,07
1328765.07
1355340,37
1355340.37
1382447,18
1382447,18
1410096,12
1410096,12
1438298,04
1438298,04
1467064,00
1467064,00
1496405,28
1496405,28
1526333,39
1526333,39
VAL = 6.280.074,46 Esc
84%
TIR =
Anos
n-10
Anos
Page 2
SIT3A.XLS
n=12
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-1553550,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
0,00
-1553550,00
1277167,50
1277167,50
1302710,85
1302710,85
1328765,07
1328765,07
1355340,37
1355340,37
1382447,18
1382447,18
1410096,12
1410096,12
1438298,04
1438298,04
1467064,00
1467064,00
1496405.28
1496405,28
1526333,39
1526333,39
1556860,06
1556860,06
1587997,26
1587997,26
VAL = 7.236.124,30 Esc
84%
TIR =
) 3 == Diminuição do preço relativo gasolina/gás natural
ao ano
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Cash-FIow
Poupanças em
Custo de
Investimento
Combustível
• 1553550,00
0,00
-1553550,00.
1227082,50
1227082,50
0,00
1202540,85
1202540,85
0,00
1178490.03
1178490,03
0,00
1154920,23
1154920,23
0,00
1131821,83
1131821,83
0,00
1109185,39
1109185,39
0,00
1087001,68
1087001,68
0,00
1065261,65
1065261,65
0,00
VAL = 4.194.266,11 Esc
76%
TIR »
n = 10
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-1553550,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-1553550,00
0,00
1227082.50
1227082,50
1202540,85
1202540,85
1178490,03
1178490,03
1154920.23
1154920,23
1131821,83
1131821,83
1109185,39
1109185,39
1087001,68
1087001,68
1065261,65
1065261,65
1043956.42
1043956,42
1023077,29
1023077.29
VAL = 4.955.338.85 Esc
77%
TIR =
Pago 3
SIT3A.XLS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-1553550,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-1553550,00
0,00
1227082,50
1227082,50
1202540,85
1202540,85
1178490,03
1178490,03
1154920,23
1154920,23
1131821,83
1131821,83
1109185,39
1109185,39
1087001,68
1087001,68
1065261,65
1065261,65
1043956,42
1043956,42
1023077,29
1023077,29
1002615,74
1002615,74
982563,43
982563,43
VAL = 5.559.416,75 Esc
77%
TIR =
Hipótese 4 = Concessão de um subsídio a fundo perdido de
30 % do investimento
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-1087485,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-Row
Poupanças em
Combustível
-1087485,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 5.084.099,51 Esc
115%
TIR =
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-1087485,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
0,00
-1087485,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 6.005.710.08 Esc
115%
TIR =
SIT3A.XLS
n = 12
Custo de
Investimento
0 -1087485,00
0,00
1
0,00
2
0,00
3
0,00
4
0,00
5
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
0,00
11
0,00
12
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-1087485,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
VAL- 6.767.371,70 Esc
115%
TIR =
Page 5
SIT3B.XLS
Análise Económica para um veículo pesado de passageiros
Conversão de um veículo a gasóleo para CNG
(Sistema apenas para gás natural}
Tipo convencional de combustível: gasóleo
Conteúdo energético da gasolina: 36 MJ/L» 10 Kwh
Preço da gasóleo: 104$00/L
Combustível alternativo: gás natural comprimido
Conteúdo energético do gás natural: 36 MJ/m3» 10 Kwh
Densidade do gás natural; 0.75 Kg/m3
Preço do gás natural comprimido: 544 Iiras/m3 = 56$30/m3
Taxa de câmbio da Lira em 13.07.94 = 0$10357000
De acordo com o conteúdo energético dos combustíveis,
1 metro cúbico de gás natural corresponde a 1 litros de
gasóleo.
Distância anual percorrida pelo veículo: 75000 Km
Consumo de gasóleo: 35 L/100 Km
945000 MJ/ano correspondem a 35 L/100 Km de gasóleo e a
35 m3/100 Km de CNG
Valor anual do gasóleo substituído: 2730000$00
Despesas anuais em CNG: 1477875$00
Poupaça anual em combustíveis: 1252125$00
Custo de conversão do veículo: entre 15000000 Liras e 20000000 Liras
(entre 1553550$00 e 2071400500)
Análise de sensibilidade para um custo de conversão de 2071400500
Hipótese 1 = Manutenção do preço relativo gasolina/gás natural
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-2071400,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
0,00
-2071400,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
VAL = 4.189.631,33 Esc
TIR =
59%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-2071400,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-2071400,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL» 5.111.241,90 Esc
60%
TIR-
Page 1
SIT3B.XLS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-2071400,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-Flow
Poupanças em
Combustível
-2071400,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL- 5.872.903,52 Esc
60%
TIR -
Hipótese 2 «Aumento do preço relativo gasolina/gás natural
em 2% ao ano
n=8
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-2071400,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-Flow
Combustível
0.00
-2071400,00
1277167,50
1277167,50
1302710,85
1302710,85
1328765,07
1328765,07
1355340,37
1355340,37
1382447,18
1382447.18
1410096,12
1410096,12
1438298,04
1438298,04
1467064,00
1467064,00
VAL- 4.697.402,18 Esc
TIR62%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo do
Investimento
-2071400,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-2071400,00
0,00
1277167,50
1277167,50
1302710,85
1302710,85
1328765,07
1328765,07
1355340,37
1355340,37
1382447,18
1382447,18
1410096,12
1410096,12
1438298,04
1438298,04
1467064,00
1467064,00
1496405,28
1496405.28
1526333,39
1526333,39
VAL- 5.809.301,74 Esc
63%
TIR-
n = 10
Page 2
SIT3B.XLS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-2071400,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-2071400,00
0,00
1277167,50
1277167,50
1302710,85
1302710,85
1328765,07
1328765,07
1355340.37
1355340.37
1382447,18
1382447,18
1410096,12
1410096,12
1438298.04
1438298,04
1467064,00
1467064,00
1496405,28
1496405,28
1526333,39
1526333,39
1556860,06
1556860,06
1587997,26
1587997,26
VAL = 6.765.351,57 Esc
TIR =
63%
Hipótese 3 = Diminuição do preço relativo gasolina/gás natural
em 2 % ao ano
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Poupanças em
Cash-FIow
Custo de
Combustível
Investimento
0,00
-2071400,00
-2071400,00
1227082,50
1227082,50
0,00.
1202540,85
1202540,85
0,00
0,00
1178490,03
1178490,03
1154920,23
11 54920,23
0,00
1131821,83
0,00
1131821,83
1109185,39
1109185,39
0,00
1087001,68
1087001,68
0,00
1065261,65
1065261,65
0,00
VAL = 3.723.493,39 Esc
TIR =
56%
Custo de
Investimento
-2071400,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-Row
Poupanças em
Combustível
0,00
-2071400,00
1227082,50
1227082,50
1202540,85
1202540,85
1178490,03
1178490,03
1154920,23
1154920,23
1131821,83
1131821,83
1109185,39
1109185,39
1087001,68
1087001,68
1065261,65
1065261,65
1043956,42
1043956,42
1023077,29
1023077,29
VAL = 4.484.566.13 Esc
TIR =
57%
Paga 3
SIT3B.XLS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-2071400,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-2071400,00
0,00
1227082,50
1227082,50
1202540,85
1202540,85
1178490,03
1178490,03
1154920,23
1154920.23
1131821,83
1131821,83
1109185,39
1109185,39
1087001,68
1087001,68
1065261,65
1065261,65
1043956,42
1043956,42
1023077,29
1023077,29
1002615,74
1002615,74
982563,43
982563,43
VAL = 5.088.644,03 Esc
57%
TIR =
Hipótese 4 = Concessão de um subsídio a fundo perdido de
30 % do investimento
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo do
Investimento
-1449980,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-1449980,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 4.754.558,61 Esc
TIR =
86%
n= 10
Anos
Custo de
Investimento
0 -1449980,00
1
0,00
2
0,00
3
0,00
4
0,00
5
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
0,00
-1449980,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 5.676.169,17 Esc
TIR =■
86%
Page 4
SIT3B.XLS
o
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-1449980,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
0,00
-1449980,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 6.437.830,79 Esc
TIR =
86%
Page 5
AlltUXO 4
SIT4A.XLS
Análise Económica para um veiculo pesado de passageiros
Conversão de um veiculo a gasóleo para CNG
(Sistema Dual-Fuel)
Tipo convencional de combustível: gasóleo
Conteúdo energético da gasolina: 36 MJ/L=10 Kwh
Preço da gasóleo: 104$00/L
Combustível alternativo: gás natural comprimido
Conteúdo energético do gás natural: 36 MJ/mS-lO Kwh
Densidade do gás natural: 0.75 Kg/m3
Preço do gás natural comprimido: 544 liras/m3 = 56$30/m3
Taxa de câmbio da Lira em 13.07.94 = 0$10357000
De acordo com o conteúdo energético dos combustíveis,
1 metro cúbico de gás natural corresponde a 1 litros de
gasóleo.
Distância anual percorrida pelo veículo: 75000 Km
Consumo de gasóleo: 35 L/100 Km
945000 MJ/ano correspondem a 35 L/100 Km de gasóleo e a
35 m3/100 Km de CNG
Valor anual do gasóleo substituído: 2730000$00
Despesas anuais em CNG: 1477875$00
Poupaça anual em combustíveis: 1252125$00
Custo de conversão do veículo: entre 8000000 Liras e 10000000 Liras
(entre 828560$00 e 1035700$00)
Análise de sensibilidade para um custo de conversão de 828560â00
Hipótese 1 = Manutenção do preço relativo gasolina/gás natural
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-828560,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
-828560,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL- 5.319.485,88 Esc
TIR =
151%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-828560,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-Row
Poupanças em
Combustível
-828560,00
0,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL- 6.241.096.44 Esc
151%
TIR —
Page 1
SIT4A.XLS
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-828560,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
0,00
-828560,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
VAL = 7.002.758,07 Esc
TIR151%
Hipótese 2» Aumento do preço relativo gasolina/gás natural
em 2% ao ano
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Cash-FIow
Poupanças em
Custo de
Combustível
Investimento
-828560,00
0,00
-828560,00.
1277167,50
1277167,50
0,00
1302710,85
1302710,85
0,00
1328765,07
1328765,07
0,00
1355340,37
1355340.37
0,00
1382447,18
1382447,18
0,00
1410096,12
0,00
1410096,12
1438298,04
1438298,04
0,00
1467064,00
1467064,00
0,00
VAL = 5.827.256,73 Esc
156%
TIR =
Custo do
Investimento
-828560,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-Row
Poupanças em
Combustível
-828560,00
0,00
1277167,50
1277167,50
1302710,85
1302710,85
1328765,07
1328765,07
1355340,37
1355340.37
1382447,18
1382447,18
1410096,12
1410096,12
1438298,04
1438298,04
1467064,00
1467064.00
1496405,28
1496405,28
1526333,39
1526333.39
VAL- 6.939.156,28 Esc
156%
TIR»
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SIT4A.XLS
n-12
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-828560,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
-828560,00
0,00
1277167.50
1277167,50
1302710,85
1302710,85
1328765,07
1328765.07
1355340,37
1355340,37
1382447,18
1382447,18
1410096,12
1410096,12
1438298,04
1438298,04
1467064,00
1467064.00
1496405,28
1496405.28
1526333,39
1526333,39
1556860,06
1556860,06
1587997,26
1587997,26
VAL = 7.895.206,12 Esc
TIR156%
Hipótese 3 = Diminuição do preço relativo gasolina/gás natural
em 2 % ao ano
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-828560,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
0,00
-828560,00
1227082,50
1227082,50
1202540,85
1202540,85
1178490,03
1178490,03
1154920,23
1154920,23
1131821,83
1131821,83
1109185,39
1109185,39
1087001,68
1087001,68
1065261,65
1065261,65
VAL = 4.853.347,93 Esc
146%
TIR -
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-828560,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-Row
Poupanças em
Combustível
-828560,00
0,00
1227082,50
1227082,50
1202540,85
1202540,85
1178490,03
1178490,03
1154920.23
1154920.23
1131821,83
1131821,83
1109185,39
1109185,39
1087001,68
1087001,68
1065261,65
1065261,65
1043956.42
1043956.42
1023077,29
1023077,29
VAL- 5.614.420,67 Esc
146%
TIR -
Anos
n = 10
Anos
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SIT4A.XLS
n-12
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
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10
11
12
Custo de
Investimento
-828560,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
0,00
-828560,00
1227082,50
1227082,50
1202540,85
1202540,85
1178490,03
1178490,03
1154920,23
1154920,23
1131821,83
1131821.83
1109185,39
1109185,39
1087001,68
1087001,68
1065261,65
1065261,65
1043956,42
1043956,42
1023077,29
1023077,29
1002615,74
1002615,74
982563,43
982563,43
VAL- 6.218.498,57 Esc
TIR =
146%
Hipótese 4-Concessão de um subsídio a fundo perdido de
30 % do investimento
n=8
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-579992,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
0,00
-579992,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
VAL = 5.545.456,79 Esc
TIR =
216%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo do
Investimento
-579992,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0.00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-Row
Combustível
0,00
-579992,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL- 6.467.067,35 Esc
TIR =
216%
n = 10
Anos
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SIT4A.XLS
o
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo de
Investimento
-579992,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-579992,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
VAL = 7.228.728,98 Esc
216%
TIR =
Page 5
SIT4B.XLS
Análise Económica para um veículo pesado de passageiros
Conversão de um vefculo a gasóleo para CNG
(Sistema Dual-Fuel)
Tipo convencional de combustível: gasóleo
Contaudo energético da gasolina: 36 MJ/L=10 Kwh
Preço da gasóleo: 104$00/L
Combustível alternativo: gás natural comprimido
Conteúdo energético do gás natural: 36 MJ/m3=10 Kwh
Densidade do gás natural: 0.75 Kg/m3
Preço do gás natural comprimido: 544 Iiras/m3 = 56$30/m3
Taxa de câmbio da Lira em 13.07.94 = 0$10357000
De acordo com o conteúdo energético dos combustíveis,
1 metro cúbico de gás natural corresponde a 1 litros de
gasóleo.
Distância anual percorrida pelo veículo: 75000 Km
Consumo de gasóleo: 35 L/100 Km
945000 MJ/ano correspondem a 35 L/100 Km de gasóleo e a
35 m3/100 Km de CNG
Valor anual do gasóleo substituído: 2730000$00
Despesas anuais em CNG; 1477875$00
Poupaça anual em combustíveis: 1252125$00
Custo de conversão do veículo: entre 8000000 Liras e 10000000 Liras
(entre 828560$00 e 1035700$00)
Análise de sensibilidade para um custo de conversgo de 1035700$00
Hipótese 1 = Manutenção do preço relativo gasolina/gás natural
n=8
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo do
Investimento
-1035700,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
0,00
-1035700,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 5.131.176,79 Esc
TIR =
121%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo de
Investimento
-1035700,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-1035700,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125.00
1252125,00
VAL = 6.052.787,35 Esc
121%
TIR-
Page 1
SIT4B.XLS
n=12
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Custo do
Investimento
-1035700,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
-1035700,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 6.814.448,98 Esc
121%
TIR »
Hipótese 2» Aumento do preço relativo gasolina/gás natural
em 2% ao ano
n=8
Custo de
Investimento
-1035700,000,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-1035700,00
0,00
1277167,50
1277167,50
1302710,85
1302710,85
1328765.07
1328765,07
1355340,37
1355340,37
1382447,18
1382447,18
1410096,12
1410096,12
1438298,04
1438298,04
1467064,00
1467064,00
VAL- 5.638.947,64 Esc
125%
TIR =
Custo de
Investimento
0 -1035700,00
0,00
1
0,00
2
0,00
3
0,00
4
0,00
5
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
Cash-Row
Poupanças em
Combustível
-1035700,00
0,00
1277167,50
1277167,50
1302710,85
1302710,85
1328765,07
1328765,07
1355340,37
1355340,37
1382447.18
1382447,18
1410096,12
1410096,12
1438298,04
1438298,04
1467064,00
1467064,00
1496405,28
1496405,28
1526333.39
1526333,39
VAL- 6.750.847,19 Esc
125%
TIR-
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
n = 10
Anos
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n = 12
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
n=8
Custo de
Investimento
-1035700,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
0,00
-1035700,00
1277167,50
1277167,50
1302710,85
1302710,85
1328765,07
1328765,07
1355340,37
1355340,37
1382447,18
1382447.18
1410096,12
1410096,12
1438298,04
1438298,04
1467064,00
1467064,00
1496405,28
1496405,28
1526333,39
1526333,39
1556860,06
1556860,06
1587997,26
1587997,26
VAL = 7.706.897,02 Esc
125%
TIR-
í 3 = Diminuição do preço relativo gasolina/gás natural
ao ano
Anos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Custo de
Investimento
-1035700,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-1035700,00
0,00
1227082,50
1227082,50
1202540,85
1202540,85
1178490,03
1178490,03
1154920,23
1154920,23
1131821,83
1131821,83
1109185,39
1109185,39
1087001,68
1087001,68
1065261,65
1065261,65
VAL- 4.665.038,84 Esc
116%
TIR -
n = 10
Anos
Custo de
Investimento
0 -1035700,00
0,00
1
0,00
2
0,00
3
0,00
4
0,00
5
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-1035700,00
0,00
1227082,50
1227082,50
1202540,85
1202540,85
1178490.03
1178490,03
1154920,23
1154920,23
1131821,83
1131821,83
1109185,39
1109185,39
1087001,68
1087001,68
1065261,65
1065261,65
1043956,42
1043956,42
1023077,29
1023077,29
VAL = 5.426.111,58 Esc
116%
TIR-
Page 3
SIT4B.XLS
Custo de
Investimento
0 -1035700,00
0,00
1
2
0,00
3
0,00
4
0,00
5
0,00
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
0,00
11
0,00
12
Poupanças em
Cash-FIow
Combustível
0,00
-1035700,00
1227082,50
1227082,50
1202540,85
1202540,85
1178490,03
1178490.03
1154920,23
1154920,23
1131821,83
1131821,83
1109185,39
1109185,39
1087001,68
1087001,68
1065261,65
1065261,65
1043956,42
1043956,42
1023077,29
1023077,29
1002615,74
1002615,74
982563,43
982563,43
VAL = 6.030.189,48 Esc
116%
TIR =
Hipótese 4 = Concessão de um subsídio a fundo perdido de
30 % do investimento
n=8
Custo de
Investimento
-724990,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-724990,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 5.413.640,42 Esc
173%
TIR-
Custo de
Investimento
-724990,00
0
0,00
1
0,00
2
0,00
3
0,00
4
0,00
5
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-724990,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 6.335.250,99 Esc
TIR =
173%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Page 4
SIT4B.XLS
Custo de
Investimento
-724990,00
o
0,00
1
2
0,00
0,00
3
0,00
4
0,00
5
0,00
6
0,00
7
0,00
8
0,00
9
0,00
10
0,00
11
0,00
12
Cash-FIow
Poupanças em
Combustível
-724990,00
0,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
1252125,00
VAL = 7.096.912,61 Esc
173%
TIR-
Page 5
10. BIBLIOGRAFIA
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Antweppen, 22-23 February 1994, 13 p;
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0*
1
ERRATA
f/
XthuZr
índice:
Por lapso não foram identificados o ponto 2.5 e a Bibliografia no índice:
(...)
2.5 Exploração do gás natural
(...)
Bibliografia
SIGLAS: (parcialmente ilegíveis)
AFA's - Alternative Fuel Vehicles
NMHC - Non methane Hidrocarbon
EGH - Exhaust Gas Recycling
OEM - Original Equipment Manufacturer
FFVs - Flexible Fuel Vehicles
PCI - Poder Calorífico Inferior
GNC - Gás Natural Comprimido
PCS - Poder Calorífico Superior
GNL - Gás Natural Liquefeito
Pkm - Passageiro-quilómetro
GPL - Gases de Petróleo Liquefeitos
tep - tonelada equivalente de petróleo
HC - Hidrogénio Líquido
TLEV - Transitional
Vehicle
LEV - Low Emission Vehicle
ULEV - Ultra Low Emission Vehicle
MCH - Methyl Cyclo-Hexan
VHCs - Very Heavy Oils
NGV - Natural Gas Vehicle
Vkm - Veículo-quilómetro
NMOG - Non methane Organic Gas
ZEV - Zero Emission Vehicle
Low Emission
Capítulo 4:
Na página 67, penúltima linha, onde se lê dispendioso deverá ler-se dispendiosa.
Capítulo 6:
Na página 104, Quadro 6.2, onde se lê CEC, 1991 deverá ler-se CCE, 1991.
Bibliografia:
Por lapso não foram introduzidas as seguintes referências:
-D GE (1986) Balanço energético 1971-1985, D GE, 67 p;
-DGE (1991a) Balanço Energético 1985-1989, DGE, 23 p;
-DGE (1991b) Informação e Energia (16), DGE, 80 p.
-CCE (1991) Energy in Europe. Annual Energy Review, Special Issue, December;
-OCDE (1993), Cars and Climate Change, IEA/OCDE, 236 p.
Na terceira página, onde se lê Simões, J. (1992) deverá ler-se SIMÕES, J. (1992).
.(pág.15)
"h
<,0>