Homenagem a Otelo Saraiva de Carvalho

Manuel Raposo — 28 Julho 2021

A burguesia portuguesa odeia o 25 de Abril operário e popular, e quem o simbolize.

A bitola para avaliar politicamente os militares do 25 de Abril (como qualquer outra pessoa) não é a posição que eles tomaram acerca do derrube da ditadura naquela madrugada de 1974. Sobre isso houve um largo “consenso nacional” que ainda hoje perdura no essencial: a ditadura estava podre e acabada e a guerra colonial perdida. A boa bitola é a posição perante o movimento popular que irrompeu logo a seguir ao golpe militar, que surpreendeu os próprios militares e subverteu o país de norte a sul. Foi esse o revelador que fez ver que nem todos os gatos eram pardos.

É por esta bitola que a esquerda operária-popular, chamemos-lhe assim, deve avaliar Otelo Saraiva de Carvalho. E sobre isso não há dúvida de que ele (com muitos outros) foi dos militares que mais próximo se colocaram do movimento de massas no período de abril 74 a novembro de 75. Os que tiveram a decisão de optar por esse campo acompanhavam o que de mais original havia na democracia portuguesa nascente: o seu carácter popular e (tendencialmente) revolucionário.

A esquerda militar foi influenciada pela acção das comissões de moradores, de trabalhadores e soldados que se formaram de imediato. Viu-se confrontada com as ocupações de casas e de latifúndios, com as greves maciças da massa operária. Teve de escolher campo perante as manifestações políticas da Lisnave em setembro de 74, contra a Nato em fevereiro de 75, pelo poder popular em 20 de agosto de 75, ou da construção civil em novembro de 75 — tal como perante os golpes da direita em 28 de setembro de 74 e 11 de março de 75.

Os oficiais, como Otelo e outros, que acompanharam todo este movimento “civil” foram os que, na estrutura militar, deram conta de um outro movimento, também de natureza popular pela sua base social: o das organizações de soldados rasos (essencialmente oriundos da massa trabalhadora) que quebraram a disciplina militar, se recusaram a reprimir grevistas e manifestantes e, em muitos casos, se aliaram a eles — e desse modo subversivo enfraqueceram o poder repressivo do Estado, deixando a burguesia nacional de cabeça à roda durante ano e meio. É a memória desta náusea que aflige ainda hoje a burguesia portuguesa e a faz odiar esse 25 de abril popular e quem, de algum modo, o simbolize.

A burguesia portuguesa também não perdoa a Otelo o facto de, já depois de a ordem castrense ter voltado aos quartéis e o movimento popular ter sofrido derrotas importantes, ele ter aceitado ser cabeça, nas eleições presidenciais de junho de 1976, de uma tentativa de reanimação desse mesmo movimento popular protagonizada pelos resistentes da maré de 74-75. Os 16% de votos na candidatura — espelho de um ainda considerável dinamismo de base popular e operário — foram, apesar da derrota (aliás, de esperar), um retardador dos planos novembristas, a exigir cautelas por parte do novo poder.

Se há crítica a fazer a Otelo é pela esquerda, por ele não ter sido tão radical e tão consequente como seria preciso em momentos cruciais da vida do país — como no caso dos acontecimentos decorridos desde o verão de 75, que deram força à direita (militar e civil) e que desembocariam no golpe reaccionário de 25 de novembro.

Não é (nem nunca foi) esta a perspectiva do PCP, que sempre procurou denegrir Otelo, pessoal e politicamente. Ao fazê-lo, o PCP cumpre o papel que a direita dele espera: combater, por interposta pessoa, o movimento popular de 74-75 como um “excesso” a não repetir — mesmo se por outro lado exalta as “conquistas de abril”. Foi esta a missão que o armistício estabelecido entre a direita militar e o PCP, em 25 de novembro de 75, assignou ao PCP. Não surpreende, pois, que a nota, em quatro linhas, do gabinete de imprensa do PCP sobre a morte de Otelo seja uma peça lamentável que mais parece uma versão resumida da nota da presidência da República.

Marcelo Rebelo de Sousa deu o mote, domingo bem cedo, a toda a hierarquia do Estado, governo incluído, e a todos os porta-vozes do poder: Otelo é figura “controversa”, fautor de “profundas clivagens” na sociedade portuguesa; não pode ser celebrado como figura nacional. Entende-se: largamente beneficiário da posição social e política que o fascismo lhe deu, sem que tenha dado sinal de a contestar, Marcelo teve de afinar rapidamente pelo novo diapasão “democrático” — não, obviamente, o democrático-popular que estava nas ruas a fazer valer a sua vontade, mas sim o “democrático-representativo” que o 25 de novembro viria a instaurar.

A mensagem da presidência da República de 25 de julho, eivada de hipocrisia, mostra a plena identidade de Marcelo com o estado de alma da direita. A neutralidade arbitral que afecta é uma cortina de fumo que tenta esconder a efectiva condenação pública de Otelo Saraiva de Carvalho feita nas entrelinhas. Outra coisa não seria de esperar.

Os ataque manhosos, oblíquos, que a direita fez a Otelo — seguindo o padrão da nota da presidência —, só o enaltecem, ao criarem uma distância sanitária entre ele e o actual poder. A direita resolveu chama-lhe “controverso” porque não pode dizer abertamente que o odeia — porque não pode dizer que odeia o movimento popular de 74-75. De facto, foi o movimento popular que fez Otelo, não o contrário. Mas, para a burguesia portuguesa, Otelo é o símbolo dessa época terrível. Abater o símbolo será o caminho mais fácil para abater a coisa em si: a possibilidade, verificada na prática, de acção independente da massa popular.

Nos últimos dias, qualquer comentador de meia tigela atira à cara dos ouvintes ou dos leitores — contra Otelo e, veladamente, contra o 25 de Abril popular — o grande ganho que terá sido a instituição da “democracia representativa” novembrista. É esse o grande argumento. Deveriam, se fossem minimamente sérios, acrescentar os traços mais marcantes do regime, hoje bem patentes: trabalhadores mais pobres e mais explorados, aumento dos índices de pobreza, zero progresso social, fortunas galopantes, fraudes bancárias sucessivas pagas pelo povo, corrupção nas mais altas esferas do poder e da economia, alheamento da massa dos eleitores face à política, descrédito das instituições, monopólio do poder político pelos representantes do capital, campo aberto às correntes neo-fascistas.

Esta “democracia representativa”, representa de facto, em exclusivo, as classes dominantes, o poder dos negócios, os interesses dos especuladores. Foi à custa da democracia esboçada pela massa popular em escasso ano e meio de acção que esta outra democracia se implantou. O regime em que hoje vivem os portugueses foi erguido sobre as ruínas das organizações populares e contra as esperanças dos que as haviam promovido para defesa dos seus interesses de classe.

O apodrecimento do regime — que se revela por todos os poros sob os formalismos estabelecidos — fala acerca da sua qualidade melhor que qualquer discurso. Não foi para isto que o movimento popular de 74-75 se levantou, nem os que com ele alinharam. Mas, na medida em que a memória de um povo conta, quer os acontecimentos de 74-75 quer os seus protagonistas serão lembrados como lições para um futuro de melhores dias.


Comentários dos leitores

CarlosM 28/7/2021, 22:48

Sobre o período1974-75 não existe consenso entre os historiadores e os políticos - nem nunca haverá. A vida é feita disso... Que o P.R. tenha tido aquela atitude não nos pode espantar. A direita sempre viu o 25 de Novembro como um correctivo contra os "excessos" do 25 de Abril. E Otelo e o COPCON saíram derrotados do 25 de Novembro. Mas não esqueçamos que, nas eleições presidenciais de 27.06.1976, a candidatura de Otelo ficou na 2ª posição, com 16,5% dos votos, Pinheiro de Azevedo na 3ª e Octávio Pato, apoiado pelo PCP, na última, com 7,6% do sufrágio. Em todos os distritos, a votação em Otelo oscilou sempre entre a 2ª e a 3ª posições, excepto no de Setúbal em que ficou em 1º lugar - o que constituiu uma enorme humilhação para o PCP, às mãos da "extrema-esquerda". As quatro linhas do comunicado de imprensa também reflectem isso...

John Catalinotto 28/7/2021, 23:05

Obrigada Manuel por escrever uma apreciação subtil da contribuição de Otelo como simbolo da revolução portuguesa de 1974-75. Era a cara do movimento dos soldados e da revolução por muitos jovens revolucionários no mundo durante este tempo, que não eram consciente das suas hesitações nos momentos do crisis (eu também), mas a classe dirigente nunca perdoa o seu papel de inspiração para a revolução.

Leonel Lopes Clérigo 29/7/2021, 10:35

HOMENAGEM a OTELO

1 - Este meu comentário tem, como objectivo principal, prestar a minha modesta homenagem ao Português OTELO SARAIVA DE CARVALHO. E julgo que a sua "partida" nos deixa uma certeza: deu ele - com os seu CAMARADAS do MFA - uma ajuda preciosa à resolução de um PROBLEMA-CHAVE da NOSSA SOCIEDADE que há muito aguardava SOLUÇÃO: a DESCOLONIZAÇÃO ou melhor, a LIQUIDAÇÃO do nosso SECULAR IMPÉRIO já desajustado do TEMPO.
É certo que os LOUROS desta empreitada vão e fundamentalmente, para a LUTA dos POVOS COLONIZADOS pela sua LIBERTAÇÃO. Mas o MFA acabou por dar uma achega importante.

2 - Com a morte de OTELO afluíram à Praça Pública os campeões dos TRUÍSMOS: Otelo foi um "herói de Abril" mas...acabou por fazer coisas "más"...
Numa SOCIEDADE de CLASSES não se espera que a ACÇÃO de alguém seja recheada só coisas "boas"..."ou más": o "balanço" de toda a sua vida é o que interessa. E tudo depende da PERSPECTIVA de CLASSE que se adopte: o "discurso" da DIREITA não precisa de "adivinho". Mas Otelo precisa de HISTORIADORES SÉRIOS e não de publicistas de pacotilha ao estilo OBSERVADOR.

3 - Como se diz no texto acima de MR, O IMPÉRIO CAIU de PODRE com grande desgosto da NOSSA RANHOSA BURGUESIA que dele vivia há séculos na VERSÃO RENTISTA da velha e longa ALIANÇA BRAGANÇAS/IGREJA de ROMA.
Mas a queda do REGIME FASCISTA de SALAZAR punha logo de imediato uma questão: como vai o PAÍS SOBREVIVER depois de lhe tirarem a grande "teta"? O MFA teve lucidez para deixar no seu TESTAMENTO os FAMOSOS 3D, onde soube sintetizar as tarefas prioritárias a atender: DESCOLONIZAÇÃO, DEMOCRATIZAÇÃO e DESENVOLVIMENTO.
O primeiro D era já - pela clara derrota militar - quase algo de "Burocrático" (Spínola dera a entender que, do ponto de vista militar, a guerra estava perdida).
O segundo era a consequência inevitável do primeiro: a EUROPA CONNOSCO. Sem "Democracia" era "impossível" ser-se acolhido pela "Europa Democrática".
E quanto ao terceiro, aí é que a "PORCA TORCIA o RABO": quem viveu séculos de DESPERDÍCIOS e de EXPEDIENTES, não muda de um momento para o outro.

4 - Talvez por "ironia do destino", OTELO morre no ano do PLANO RESILIENTE, uma 2ª TENTATIVA - depois do Plano MANUELA SILVA boicotado pela DIREITA "LIBERAL" onde a "anarqueirada" das EMPRESAS é sua imagem de marca - de DESENVOLVER o PAÍS. Cerca de 50 anos depois de ABRIL, o DESENVOLVIMENTO volta a "subir ao Palco". Os portugueses são crédulos e, além do mais, de compreensão lenta.

5 - O PLANO RESILIENTE é hoje uma iniciativa - louvável... - do PS, apesar do desacreditado espernear da DIREITA já esquecida do que fez CAVACO e onde as RUÍNAS de MIRANDELA são paradigmáticas...
Vamos então ver no que dá o PLANO (?). Mas atenção: é forçoso ter HOJE presente a velha sentença dum economista "célebre" do PS e de larga influência nas suas "hostes": "PORTUGAL (queria ele dizer, "a Burguesia Portuguesa") não fez a sua REVOLUÇÃO INDUSTRIAL...e já PERDEU A OPORTUNIDADE de a FAZER."

António Ladrilhador 31/7/2021, 18:05

Dificilmente poderia discordar mais da tendência generalizada para procurar desequilibrar os pratos da balança dos Militares de Abril para o lado do Major Saraiva de Carvalho. O que se aponta de errado não é ter feito o 25 de Abril: isso, ninguém nega e só quem for parvo desvaloriza. O que é inaceitável num estado de direito democrático são as suas posteriores ações, pelo menos aos olhos de quem não veja com bons olhos o desempenho das FP-25 a que se associou. Se aquilo que alguns confundem com democracia só é possível de obter à força... talvez não seja tão democrático assim.
Se lhe interessar ler o que, procurando ser objetivo, refleti sobre o assunto terei muito gosto em que apareça em https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2021/07/otelo-o-espinho-que-nem-morte-arrancou.html

Leonel Lopes Clérigo 1/8/2021, 10:47

Era minha intenção - depois da HOMENAGEM a OTELO - não voltar a comentar. Mas o comentário de António LADRILHADOR fez alterar essa minha intenção.

1 - Contaram-me certa vez uma história de uma "dona de casa" endinheirada que tinha "um gosto na vida": ter toda a cozinha - dum andar que tinha adquirido - "forrada de AZULEJOS PINTADOS À MÃO". Determinada, avisou o empreiteiro que era ela própria que iria "conduzir essa parte da obra". E assim o fez. Naturalmente que o empreiteiro e como se costuma dizer, "esfregou as mãos de contente"...Tinha ali obra até vir a "mulher da fava".
"Meu dito, meu feito..." Para encurtar a coisa, a senhora - que de LADRILHADOR não tinha nada - fez e desfez a coisa 3 vezes. E por fim, encerrou a obra, vendeu o andar e partiu não sei para onde...

2 - Meu caro António LADRILHADOR (AL): tal como aconselhou um "BLOGSPOT.com" - que eu fui obedientemente ler - eu aconselho a uma vista de olhos pela "REVOLUÇÃO FRANCESA de 1789" de que já ouvi alguém - nas manifestações de rua de HOJE em PARIS - referir como o "original dos DIREITOS HUMANOS".
AL: as Revoluções "a SÉRIO" ou seja, as que mudam o DESTINO dos POVOS - independentemente das diferentes formas HISTÓRICAS que assumem - são COISAS DURAS e não "passeios à beira-mar numa noite de Verão": estão em causa INTERESSES "PROFUNDOS". Com certeza que não desconhece a "GUILHOTINA dos JACOBINOS" de ROBESPIERRE ou... a VIOLÊNCIA dos TUDORES (Será ISABEL I uma "terrorista"?...E BABEUF?...).
A REVOLUÇÃO FRANCESA foi EVOLUINDO ou seja, os seu PROTAGONISTAS FORAM, no TEMPO, TIRANDO CONCLUSÕES, MODIFICANDO-SE, Á MEDIDA que a LUTA de CLASSES se CLARIFICAVA...e AGUDIZAVA entalada entre o "NOVO" e o "VELHO"...Como o 25 de ABRIL (ao nosso "estilo" de "formato reduzido"...)

2 - Só os "AVESSOS" ao MOVIMENTO HISTÓRICO das SOCIEDADES - ou seja, os que gostam do ETERNO "RELIGIOSO" no EQUILÍBRIO das CLASSES SOCIAIS - adoram aprisionar o MUNDO em "coisas boas e más", uma "FORMA de ETERNIDADE". Tenha cuidado: não se transforme num PEDREGULHO.

antonio alvao 8/8/2021, 19:33

"...Onde anarqueirada das empresas"... etc. - Isto é dito por L.L. C. no seu 1º texto. Há gente que deve aprende a tratar os bois pelos nomes e não atribuir o mal do banditismo político e económico a uma ideologia que nuca contribuiu com nenhum mal-estar a nenhum povo.
Saramago zangou-se com alguns seus amigos comunistas por eles atribuir à Anarquia o mal e os erros de muitos políticos, está no youtube numa das suas conferências dadas a um jornalista espanhol; já o tinha feito numa entrevista a Margarida Marante nos anos 90.

fernando 9/8/2021, 14:46

Olá pessoal

As FP 25 foi uma tentativa de regresso ao PREC que acabou no 25 de Novembro. Se as FP 25 fizeram vitimas também houve vitimas da parte das vitimas da FP 25. É um dado adquirido que em relação ao Castel Branco as vitimas de repressão foram os presos da FP 25 encarcerados na Penitenciária de Lisboa, etc. Outros houve que os patrões eram uns exploradores dos trabalhadores e reprimiam nas suas empresas. Mas destas vitimas não interessa falar por que podem desenterrar o passado que a burguesia não pretende. Não sou a favor nem contra as FP 25 e as suas acções. Os integrantes acharam que um organização destas podia culminar num novo processo revolucionário o qual não seria obvio que acontecesse. Ainda hoje é mais que evidente que não é viável de momento, só num processo mais qualitativo da classe trabalhadora tome consciência de classe e resulte numa greve geral como houve em 18 de Janeiro de 1934, apesar das traições do PCP, na dita greve que resultou na vitoria do Salazar. Hoje a classe trabalhadora esta desmobilizada e anestesiada pelos partidos de esquerda que fazem o jogo de Fidel em Cuba, contra a libertação do povo cubano do jugo "comunista" dizendo que é obra dos states. Também gostava de saber qual é a posição do MV em relação a Cuba e as movimentações populares contra a ditadura de Canel.

Leonel Lopes Clérigo 10/8/2021, 10:47

Só uma questão a António Alvao.
Aceito a sua crítica, que me parece justa. A "concepção do mundo" Anarquista não merece uma "apreciação" descuidada e simplista nos moldes em que a fiz.
A forma mais correcta de ter dito seria: a BALBÚRDIA LIBERAL - que já há muito se viu não levar a lado nenhum - foi rapidamente substituída - no CAPITALISMO - pela fase IMPERIALISTA. E vamos ainda andar com esta "às costas" durante um par de anos bem bons.

antonio alvao 20/8/2021, 21:25

Se me permitem, o texto do Fernando "desafia-me" a fazer um comentário dentro deste contexto de violência no seio das sociedades... Não comento as FP/25, porque é um assunto que conheci de pero; embora o gostasse de fazer, mas não por esta via, mas com os eventuais interlocutores presentes.
"Violentos são os que provocam a desigualdade social, não os que lutam contra ela" (...).
O capitalismo é responsável em todo mundo, desde o seu aparecimento (SEC. XVIII, até hoje, por milhões de vitimas pobres; adultos e crianças. Em Portugal, Porto, Lisboa e não só, eram exploradas crianças de ambos os sexos, com 8 anos e trabalhar 12h. muitas delas órfãs, (reportagens Raul Brandão, nos primeiros anos do SEC. XX. Em 1914 é criada: "A Grande Ordem dos Cavaleiros do Patronato, organização secreta com milícias armadas, para executar trabalhadores e sindicalistas; daí surgir a «Legião Vermelha», também secreta, que tinha como objetivo a autodefesa contra os fascistas.
Sabendo-se de todo o historial do crime-capitalista, por todo Mundo, arranja-se com isto, um pesadelo de revolta que nunca mais nos larga. Paralelamente a isto, existe outra revolta - a traição de muitos políticos, que estão hoje no poder a proteger os privilégios dos capitalistas, quando no passado eram anticapitalistas - não só em Portugal, mas um pouco por todo Mundo. "O capitalista sabe corromper aqueles que deseja destruir" (Emma Goldman).
Fernando solicita ao MV opinião sobre Cuba... Se me permitem, diria o que penso: a revolução termina onde a ditadura começa! A esquerda vinda do marxismo não tinha nada que copiar os fascistas em ditaduras; crimes de guerra e contra a humanidade! Como recuperar o que Marx construiu e eles destruíram em seu nome ? Para os portugueses não seria difícil dar a volta por cima; mas eles há muito tempo andam a dá-la por baixo, é pena.
Saramago antes de morrer, uns anos antes, disse na televisão, que se tinha zangado com Fidel por ele ter mandado executar opositores. Alguns desses executados eram Anarquistas! O nunca se terem rendido aos seus carrascos, esta é a sua grande vitória dos Anarquistas!
Partido único, o deles; ditadura única, a deles; pensamento único, o deles; ideologia única a deles. O que é que isto tem de revolucionário? É muito diferente da estrutura do poder fascista? Um pensamento livre não deve ser propriedade de nenhum carrasco!
"A crueldade é um dos prazeres mais antigos da humanidade" (F. Nietzsche).
Desculpem o texto longo, obrigado.


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